22 Dezembro 2011 - Empresas holandesas
de varejo, comércio e indústria, além
de organizações não-governamentais
atreladas à Iniciativa de Comércio
Sustentável da Holanda
(IDH), como o WWF, investirão inicialmente
€ 7 milhões (cerca de R$ 17 milhões)
para garantir 100% de soja responsável até
2015 na produção de carne, laticínios,
ovos e outros alimentos na Holanda. O país
é o segundo maior comprador de produtos de
soja brasileiros, logo atrás da China.
Nos próximos quatro anos, os participantes
da iniciativa pretendem importar volumes cada vez
maiores de soja produzida de forma responsável,
atingindo 500 mil toneladas até 2012, 1 milhão
de toneladas em 2013 e 1,5 milhões de toneladas
em 2014. O anúncio aconteceu no Congresso
Internacional de Gestão de Suprimentos em
Amsterdã, em dezembro.
O plano é apoiado pelo
WWF-Holanda, Natuur & Milieu e Solidaridad e,
entre as organizações participantes,
estão a Associação Holandesa
da Indústria de Ração Animal,
a FrieslandCampina e outras empresas holandesas
de laticínios, a Associação
Holandesa de Carne, varejistas holandeses como Albert
Heijn, C1000, Jumbo, Lidl e a SuperUnie (central
de compras de 13 cadeias de supermercados), o sindicato
de produtores da Holanda, a Organização
Holandesa de Agricultura e Horticultura e agências
reguladoras holandesas para produtos de aves e ovos
e de margarina, gorduras e óleos.
“O investimento permitirá
que plantadores de soja na América do Sul,
assim como as demais partes que integram a cadeia
de fornecedores, façam os aperfeiçoamentos
necessários para obter a certificação
da RTRS. A opção por esse selo foi
feita para garantir que recursos naturais valiosos
não sejam destruídos em decorrência
do cultivo da soja”, comentou o diretor-geral da
IDH, Joost Oorthuizen.
A RTRS (sigla em Inglês para Mesa Redonda
da Soja Responsável) foi criada em 2006 na
Suíça e é uma iniciativa com
mais de 150 membros (produtores, processadores,
comerciantes e fabricantes de alimentos e ração
à base de soja, bem como organizações
da sociedade civil) para facilitar a criação
de um mercado mundial de soja certificada, baseado
numa, produção com critérios
como respeito aos direitos dos proprietários
da terra, comunidades locais, trabalhadores, pequenos
produtores e suas famílias. Tais diretrizes
exigem, ainda, que produtores adotem melhores práticas
de manejo para minimizar os impactos dos cultivos.
A adequação de sojicultores
na América do Sul aos princípios e
critérios exigidos para a certificação
RTRS no período de transição
será apoiada pelo Fundo de Via Rápida
para a Soja, criado pela IDH e cuja gestão
ficará a cargo da Solidaridad. Ele direcionará
investimentos privados aos produtores, por exemplo,
para o treinamento em boas práticas agrícolas.
Produtores, fabricantes e compradores podem se candidatar
ao financiamento, com contrapartida de no máximo
50%. Brasil, Argentina e Paraguai têm hoje
quase 140 mil hectares já certificados sob
os critérios da RTRS.
Para o coordenador do Programa Agricultura do WWF-Brasil,
Cassio Franco Moreira, a iniciativa Holandesa é
um exemplo a ser seguido por outros países
consumidores de soja, uma vez que a RTRS é
a única certificação de soja
verdadeiramente democrática e participativa
onde os critérios socioambientais de produção
foram definidos em debates envolvendo produtores,
indústria e sociedade civil.
“Iniciativas de apoio aos produtores
como as do governo Holandês e do IDH são
vitais nessa fase inicial, pois ajudarão
em sua adequação técnica às
diretrizes da RTRS, o que resultará em ganhos
de eficiência e possível redução
nos custos de produção. Agora, o desafio
é aumentar o comprometimento de outros países
e mostrar aos produtores que a certificação
é uma oportunidade, não só
de mercado, mas também de gestão técnica
e socioambiental das propriedades”, ressaltou.