31/01/2012 - A Sanepar é
a principal fonte de recursos do Projeto Oásis,
que remunera proprietários rurais pela
preservação de nascentes de
água na região de Apucarana.
Na última sexta-feira (27), 56 produtores
que se cadastraram em 2011 receberam, pela
primeira vez, o pagamento pelos serviços
ambientais prestados na conversação
de matas ciliares e reservas legais. Atualmente,
184 propriedades estão cadastradas
e 613 nascentes nas bacias do Pirapó,
Tibagi e Ivaí já foram recuperadas.
Coordenado há três
anos pela Prefeitura de Apucarana, o Projeto
Oásis tem como parceiros a Sanepar,
Fundação Grupo Boticário
de Proteção à Natureza,
Sindicato Rural Patronal de Apucarana, Conselho
Municipal de Meio Ambiente de Apucarana, Emater,
Secretaria da Agricultura e Abastecimento,
Instituto Ambiental do Paraná (IAP)
e Agência Nacional de Águas (ANA),
entre outros.
Mensalmente, a Sanepar repassa
1% do que arrecada no município ao
Fundo de Meio Ambiente de Apucarana – que,
por sua vez, encaminha os recursos ao projeto.
Devido aos bons resultados
obtidos pelo Projeto Oásis, a Agência
Nacional das Águas (ANA) vai repassar
R$ 500 mil para incrementar as atividades.
Já a Fundação Banco do
Brasil classificou o Oásis como um
dos 50 melhores projetos ambientais do Brasil,
por meio do Prêmio Tecnologia Social.
Os recursos da ANA devem ser utilizados na
conservação de solos e revitalização
de áreas na bacia do rio Pirapó,
manancial de abastecimento da cidade.
RECONUECIMENTO – “Os produtores
rurais fazem parte do único setor capaz
de salvar o planeta”, diz o gerente de Usos
Sustentáveis da Água e do Solo
da agência, Devanir Garcia dos Santos.
“A sociedade urbana precisa reconhecer este
serviço e lembrar, ao abrir as torneiras
das suas casas, que depende de produtores
rurais que abriram mão da renda para
preservar matas e nascentes”, completa.
O secretário municipal
de Meio Ambiente e Turismo, João Batista
Beltrame, considera que o repasse mensal aos
produtores cadastrados é um prêmio
pelos serviços prestados ao meio ambiente.
Apucarana é uma das poucas cidades
brasileiras que pertence a três bacias:
Pirapó, que abastece Apucarana e Maringá,
Tibagi, que serve Londrina, e Ivaí,
maior rio do Paraná. O custo mensal
para o projeto, a partir deste mês,
será de cerca de R$ 32 mil, sendo a
menor remuneração paga de R$
93,80 e a maior, de R$ 578,20.
O gerente regional da Sanepar
em Apucarana, Nelson Mardegan, destaca a parceria
da empresa desde o início do Oásis
e os ganhos sobre a qualidade e quantidade
da água além das fronteiras
do município. “É, sem dúvida,
um projeto que traz resultados para o saneamento,
para a saúde da população”.
Segundo o presidente do
Conselho Municipal de Meio Ambiente, Edson
Denobi, entre 2010 e 2011, já foram
repassados pelo fundo municipal R$ 413.070,16
para serem investidos no Projeto Oásis.
“Este é o maior projeto de produção
de água do Brasil em número
de participantes. Sabemos que tudo depende
da água e temos feito um bom trabalho
na preservação dos mananciais
de Apucarana”, afirma.
EXEMPLOS – Mauro Luciano
e a filha Isabelle receberam o primeiro pagamento
do Oásis. Ele é proprietário
da Chácara Três Irmãos,
na bacia do Pirapó, e tem uma granja
de frangos. Luciano conta que a área
de 3,5 hectares tem uma mina muito bem cuidada.
“Faz três anos que cerquei o entorno
para não deixar as vacas comerem a
vegetação. Planteis centenas
de árvores e já vejo a diferença.
Vou plantar mais 100 mudas nativas”, diz.
Moacyr Pedersoli, de 72
anos, foi um dos primeiros a se cadastrar
no Projeto Oásis, em 2009. Ele conta
que herdou do pai a vontade de cuidar e viver
da terra. A propriedade dele, somada com a
parte dos outros oito irmãos, tem 15
hectares, onde são produzidos soja,
milho e café. “Eu vejo a irresponsabilidade
de alguns, vejo erosão acabando com
a terra e minas abandonadas pelos proprietários
serem aterradas. Nós sempre cuidamos
da mata e a nossa mina já serviu os
vizinhos”, comentou.
Valdevino Bertoli é
proprietário do Sítio São
Bento, na comunidade Rio do Cerne, e aderiu
ao Oásis em 2010. A propriedade, que
pertence à bacia do Rio Tibagi, tem
64 hectares, sendo sete deles de reserva legal.
“Legalizei tudo, averbei a reserva permanente
ao redor da minha mina, fiz cerca para proteger
a mata ciliar e plantei 500 mudas nativas.
A gente vê claramente os benefícios
ao criar a floresta. Antes quando fazia estiagem
de uns 60 dias, era complicado. Agora pode
fazer sol, que sobra água na caixa”,
conta.
Fonte: AEN