08 Fevereiro 2012 - No ano
de 2011, o WWF-Brasil
retomou suas atividades para apoiar a conservação
de uma das regiões mais ricas em biodiversidade
do Brasil: o Tumucumaque, no estado do Amapá.
Para você conhecer
melhor a região, divulgaremos mensalmente
informações sobre espécies
de animais e plantas que são encontradas
por lá. Saiba mais sobre a biodiversidade
do Brasil e ajude a conservar a região
do Tumucumaque usando o site Ecosia.org como
sua fonte de pesquisa na internet.
Funciona assim: o internauta procura o que
deseja encontrar no site e se clicar em algum
link patrocinado, ou seja, de empresas que
patrocinam o site, a empresa pagará
ao Bing ou Yahoo pelo clique. Então,
o Bing ou Yahoo passarão a maior parte
desse dinheiro para o Ecosia, que por sua
vez doará 80% do valor arrecadado para
o trabalho do WWF na Amazônia, mais
especificamente na região do entorno
do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque
e de outras unidades de conservação
da área.
Conheça o Jupará:
O jupará (Potos flavus)
é um mamífero encontrado em
grande parte da região Neotropical,
do México à Bolívia,
e está presente na Amazônia brasileira.
Da mesma família que o quati e guaxinim,
os Procionídeos, o jupará vive
no alto das árvores e precisa de uma
área de floresta contínua para
sobreviver. Sua cauda preênsil o permite
se pendurar nas árvores e facilita
sua locomoção entre elas. Ele
tem hábitos noturnos e vive grande
parte do tempo sozinho. Alimenta-se basicamente
de frutas, mas também come algumas
espécies de flores e folhas, além
de cupins e pequenos vertebrados.
Apesar de não estar ameaçado
de extinção, sofre as pressões
do desmatamento e caça ilegal. O jupará
ocorre no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque,
onde desfruta de um ambiente íntegro
e selvagem que possibilita uma existência
segura das ameaças humanas.
+ Mais
Descaso com nascentes e
rios ameaça o Pantanal
01 Fevereiro 2012 - Estudo
inédito englobando Brasil, Bolívia,
Paraguai e Argentina aponta áreas que
precisam de mais atenção para
garantir a sobrevivência da maior planície
alagável do planeta, de populações
e de economias
A conservação da Bacia do rio
Paraguai1 e a sobrevivência do Pantanal
estão ameaçadas, principalmente
pela degradação de nascentes
e barramento de rios que fluem de áreas
de planalto (Cerrado) para a planície
pantaneira.
Por isso, a inédita
Análise de Risco Ecológico da
Bacia do Rio Paraguai2 é lançada
junto ao Dia Mundial das Áreas Úmidas
(2 de fevereiro), evidenciando que metade
dda bacia pantaneira está sob alto
e médio risco ambiental, e que 14%
dela necessitam ser protegidos com urgência,
por sua grande capacidade de fornecer água
e manter os ciclos de cheias e vazantes que
dão vida ao Pantanal.
O estudo contou com mais
de 30 especialistas dos quatro países
e exigiu três anos de esforços,
evidenciando também que essas áreas
(em vermelho e amarelo no mapa) estão
majoritariamente em porções
elevadas nas bordas da bacia e são
as maiores fornecedoras de água à
planície, área que ainda apresenta
boas condições ecológicas.
“Conhecendo a “saúde”
do Pantanal podemos nos antecipar a problemas
futuros, como o das mudanças climáticas,
mas a saúde pantaneira está
ameaçada por ações em
curso, no presente”, ressaltou Glauco Kimura,
coordenador interino do Programa Água
para a Vida do WWF-Brasil.
As principais ameaças à Bacia
do rio Paraguai são o desmatamento
e o manejo inadequado de terras para agropecuária,
causadores de erosões e sedimentação
de rios, por exemplo. Barramentos hidrelétricos
estão alterando o regime hídrico
natural do Pantanal. O crescimento urbano
e populacional é seguido por mais obras
de infraestrutura, como rodovias, barragens,
portos e hidrovias, colocando em risco o frágil
equilíbrio ambiental pantaneiro.
Essas ameaças interagem em conjunto
ou isoladamente em cada região mais
crítica analisada: cabeceiras e tributários
no Cerrado e Bosque Chiquitano brasileiros;
Mata Atlântica da Bacia do rio Paraguai;
Eixo de Desenvolvimento Salta/Jujuy; e Puerto
Suarez e vale do Tucavaca (Bolívia).
Apenas 11% (ou 123.600 Km²) da bacia
estão protegidos de alguma forma, e
meros 5% (56.800 Km²) sob proteção
integral, em parques nacionais ou estaduais
e estações ecológicas.
Além disso, as mais de 170 áreas
protegidas não estão distribuídas
de forma adequada para proteger as regiões
que mais fornecem água, ou as mais
ricas em biodiversidade.
O estudo, realizado em parceria
pelo WWF, The Nature Conservancy e Centro
de Pesquisas do Pantanal, com apoio do HSBC
e Caterpillar, é um forte alerta para
que países, estados e municípios
adotem uma agenda de redução
de riscos e revertam modelos insustentáveis
de desenvolvimento. Não há mais
espaço para uma cultura de abundância
e de desperdício, como se houvesse
um estoque infinito de florestas nativas para
derrubar, de água onde lançar
poluentes e de terras para minerar.
A Bacia do rio Paraguai
e o Pantanal não devem ser protegidos
apenas pelas incontáveis espécies
de animais e plantas lá abrigados,
pelas belezas e serviços ambientais3
que oferecem, mas também porque da
saúde regional dependem mais de oito
milhões de pessoas e economias hoje
focadas em 30 milhões de cabeças
de gado e quase 7 milhões de hectares
plantados, área equivalente a um terço
do estado de São Paulo.
Recomendações - O Pantanal,
além de ser um abrigo natural de espécies
e mantenedor de populações e
economias, também é uma preciosa
reserva estratégica de água
doce, ainda mais importante frente ao futuro
incerto das mudanças climáticas.
Logo, alterar modelos de
desenvolvimento e criar mais áreas
protegidas (públicas e privadas), especialmente
em regiões de cabeceiras, são
ações inteligentes e estratégicas
para os quatro países responsáveis
por sua manutenção, bem como
desenvolver uma agenda de adaptação
da bacia às alterações
do clima.
A pecuária extensiva
precisa de maior apoio técnico e econômico
para que melhores práticas cheguem
aos produtores, como conservação
de água e solo, manejo e recuperação
de pastagens e integração lavoura-pecuária.
“O plantio direto na palha é uma boa
alternativa, porque protege o solo da chuva
e dos ventos, mantendo-o mais rico e produtivo.
Mesmo assim, persiste o uso extensivo de agrotóxicos
em culturas como a da soja, venenos que chegam
aos rios que abastecem o Pantanal”, comentou
Kimura.
Além da agropecuária, a bacia
tem importantes áreas de mineração,
destacando-se regiões andinas como
a de Potosi (Bolívia), de extração
de gás natural, na transição
do Chaco para os Andes, de ouro e diamantes,
no Mato Grosso, e ainda de ferro, manganês
e calcário, no Mato Grosso do Sul.
No caso de hidrelétricas em operação,
o caminho é implantar esquemas de operação
que mantenham os ciclos de cheias e vazantes
de modo semelhante ao natural. Para barragens
em planejamento, é necessário
avaliar seus impactos cumulativos nos rios
e na bacia, apontando quais áreas poderão
ou não arcar com esses custos ambientais
sem prejudicar o Pantanal.
“Barramentos ameaçam
a duração e a intensidade dos
ciclos de cheias e vazantes, colocando em
cheque a vida, economias e populações
que dependem do equilíbrio ecológico
do Pantanal. Reservatórios alteram
a circulação de nutrientes as
emissões de gases de efeito estufa,
parâmetros que precisam ser mais bem
dimensionados”, destacou Albano Araújo,
coordenador da Estratégia de Água
Doce do Programa de Conservação
da Mata Atlântica e das Savanas Centrais
da The Nature Conservancy.
1) O rio Paraguai nasce na região de
Diamantino (MT) e percorre 2,6 mil quilômetros
até encontrar o Rio Paraná,
já em Corrientes (Argentina). Sua bacia
cobre 1,2 milhão de quilômetros
quadrados em quatro países, área
com quase o tamanho do estado do Pará
e altamente diversificada em termos de ecossistemas
e de realidades socioeconômicas.
2) A avaliação dos riscos ecológicos
de uma bacia hidrográfica é
essencial para se estimar sua capacidade de
recuperação frente aos impactos
esperados do aquecimento global, pois algumas
ameaças poderão ganhar força
em detrimento de outras. Além disso,
ecossistemas naturais, atividades econômicas,
cidades e pessoas, todos estão vulneráveis
às mudanças climáticas
eu maior ou menor grau. Esse estudo justamente
visa compreender quais são os riscos
atuais aos ecossistemas aquáticos da
Bacia do Paraguai e como podemos nos preparar
a um futuro de incertezas.
3) A Embrapa estimou (2008) em US$ 112 bilhões
por ano os serviços ambientais prestados
gratuitamente pelo Pantanal. Logo, vale muito
mais manter a região preservada do
que zoneá-la com agropecuária,
cujo lucro estimado seria de apenas US$ 414
milhões anuais.