28/02/2012
Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A ex-senadora Marina Silva
disse hoje (28) que se trata de uma farsa
a movimentação da bancada ruralista
para alterar o texto do novo Código
Florestal, aprovado
pelo Senado e que terá que ser votado
pela Câmara dos Deputados. Ela comparou
a decisão da bancada ruralista de apresentar
emendas à proposta na Câmara
com uma luta de telecatch.
"No meu entendimento,
estão ensaiando uma espécie
de telecatch, aquela luta que não é
de verdade", disse Marina ao participar
do seminário Código Florestal:
O Que Diz a Ciência?, promovido pelo
Comitê Brasil em Defesa das Florestas
e do Desenvolvimento Sustentável e
a Frente Parlamentar Ambientalista. O evento
reúne pesquisadores e cientistas para
discutir os impactos negativos das mudanças
propostas para o Código Florestal.
"Se faz uma suposta
briga entre as emendas que estão sendo
apresentadas para tornar o projeto ainda pior
e criar um cenário para que se tenha
um discurso de sanção do que
foi aprovado no Senado", disse Marina.
No seminário, foi
lançada campanha pedindo à presidenta
Dilma Rousseff para vetar os pontos aprovados
pelo Senado que, no entender dos ambientalistas,
permitem o desmatamento e concedem anistia
a quem desmatou. O deputado Chico Alencar
(PSOL-RJ) disse, durante o evento, que haverá
uma mobilização nacional denominada
“Veta, Dilma”.
O deputado Ivan Valente
(PSOL-SP) também sustentou que a intenção
dos ruralistas em apresentar uma série
de emendas na Câmara tem mais o objetivo
de confundir. "É um jogo de cena,
não se mudou na essência o que
para nós é um retrocesso".
O projeto que altera o Código
Florestal (PL 1.876/99) foi aprovado na Câmara
no ano passado. Como o Senado modificou o
texto aprovado pelos deputados, a proposta
será votada novamente pela Câmara
neste ano.
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Ministra do Meio Ambiente
avisa que Rio+20 não será uma
revisão da Eco 92
29/02/2012 - 14h34
Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para a ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, não deve
ser vista como uma revisão da conferência
que o Rio sediou há 20 anos, a Eco
92. “Não se trata de voltar ao passado,
de rever documentos acordados. A Rio+20 não
está modelada na Eco 92, mas no desenvolvimento
sustentável a partir de duas mensagens-chave:
economia verde e governança de modo
sustentável”, disse a ministra ao participar
hoje (29) de audiência pública
no Senado.
Izabella Teixeira ressaltou
que é preciso definir os termos de
aplicação da economia verde.
“Falta discutir se a economia verde leva à
inclusão social, se realmente permite
a geração de empregos. Não
se coloca com clareza, também, se os
países desenvolvidos estão,
de fato, dispostos a transferir tecnologia”.
Para a ministra, as ações
do Brasil em favor da preservação
do meio ambiente, nas definição
de metas de emissão de gás carbônico
(um dos gases de efeito estufa) e na erradicação
da pobreza, fazem com que o país seja
visto como estratégico na construção
de soluções a partir da conferência.
“A leitura dos países
é que o Brasil evoluiu muito nos últimos
20 anos, desde a Eco 92, mas que ainda tem
os seus problemas e desafios imensos pela
frente”, disse. “Esse reconhecimento dá
ao Brasil as condições de ser
o país anfitrião, facilitador,
negociador e de aproximação
dos vários povos do planeta. É
isso que se espera do país. Não
é só uma agenda ambiental, é
uma agenda de sustentabilidade e desenvolvimento”,
completou.
Um dos pontos sobre o qual
ainda não há consenso, segundo
a ministra, é quanto ao formato de
reestruturação do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma), criado há 40 anos. “O que
se discute é o fortalecimento do Pnuma,
com uma leitura de que esse fortalecimento
pode ser feito passo a passo, tendo uma visão
de gestão. O programa ganharia contornos
de uma agência internacional, mas ainda
não há consenso quanto a isso”.