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BR-163: A ROTA DO DESCASO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2012

A BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), já está quase toda pavimentada. Mas o plano montado para evitar as consequências negativas da obra, especialmente o aumento do desmatamento em seu entorno, mal saiu do papel. Essa é a pauta de uma discussão feita hoje a bordo do navio Rainbow Warrior, do Greenpeace, em Santarém, junto com o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).

O objetivo é unir organizações e lideranças comunitárias para debater os pontos que ainda não foram postos em prática do Plano BR-163 Sustentável e discutir ações para pressionar o governo pelo seu efetivo cumprimento.

Obras de infraestrutura são grandes indutores de desmatamento e violência na Amazônia. Para fugir desse cenário, há oito anos, quando anunciou a retomada do asfaltamento da estrada, o governo reuniu 17 ministérios e fez inúmeras consultas às organizações locais para montar esse plano, que tinha como objetivo evitar que o asfaltamento e a esperada migração de populações para a região resultassem na derrubada de grandes parcelas de floresta e conflitos fundiários.

No entanto, em janeiro, o GTA divulgou um estudo no qual mostra que apenas 43% das ações previstas no plano foram executadas, 18% estão em execução e 39% não foram sequer iniciadas. Enquanto isso, 79% dos trabalhos de asfaltamento da estrada já foram finalizados pelo governo, que previu a sua conclusão em dezembro de 2013.

Esse é um exemplo de como a agenda ambiental é continuamente deixada em segundo plano, mesmo quando o próprio governo é seu mentor. “O governo desrespeita e atropela suas próprias regras. Além de não cumprir com seu compromisso, ainda reverte medidas que já tinham sido conquistadas no passado. É um passo para frente e dois para trás”, afirma Tatiana de Carvalho, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

As unidades de conservação criadas no entorno da rodovia, parte do projeto da BR-163, ainda não foram implementadas – apenas quatro das 12 criadas têm plano de manejo. Apesar disso, o governo faz o contrário do que prometeu: em vez de tirá-las do papel, reduz os limites de algumas e ainda pode reduzir a proteção no seu entorno por meio do novo Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional.

“As unidades de conservação são fundamentais para a manutenção da biodiversidade e para a subsistência de extrativistas e agricultores familiares que vivem no entorno da estrada”, diz Carvalho. “A Lei do Desmatamento Zero é necessária para evitar que a floresta - e quem depende dela - seja permanentemente preterida, não importa quem esteja à frente do país.”

Com 1,7 mil quilômetros de extensão, a rodovia BR-163 foi projetada para ser uma das principais vias de escoamento da produção de grãos na região. A estrada atravessa uma das áreas mais ricas do país em recursos naturais e potencial econômico. Importantes bacias hidrográficas, como a dos rios Amazonas, Xingu e Teles Pires-Tapajós também estão ali. Hoje, ela é rota para a degradação da Amazônia.

A rodovia foi aberta nos anos de 1970 pela ditadura militar para integrar a Amazônia à economia nacional, mas atualmente ela é um os principais vetores de desmatamento da Amazônia. “O que ocorre na prática é um forte processo de fragmentação florestal, que concentra altas taxas de desmatamento, tendo o gado, a soja e a retirada de madeira ilegal como os principais causadores”, explica Carvalho.

Segundo o Plano BR-163 Sustentável, a área de influência da rodovia é de 1,2 milhão de quilômetros quadrados – 14,4% do território nacional e 20% da Amazônia brasileira. Nessa área estão localizados 71 municípios cuja economia se baseia em atividades do setor primário – agricultura, pecuária e extrativismo, principalmente de madeira.

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Plano BR-163: por que parou?

Nós, representantes das entidades dos movimentos sociais do Baixo Amazonas, BR-163 e Transamazônica, além de organizações não governamentais, reunidos a bordo do navio Rainbow Warrior, do Greenpeace, em Santarém, Pará, após uma análise detalhada do relatório do Grupo de Trabalho da Amazônia sobre a execução das ações estratégicas previstas no Plano BR-163 Sustentável, fazemos uso desta para manifestar nossa insatisfação frente à baixa execução das ações pactuadas neste plano.

Reconhecendo a importância do plano para o desenvolvimento sustentável da região e tendo inclusive contribuído para a sua construção, consideramos inaceitável que após seis anos do seu lançamento apenas 43% das ações tenham sido executadas. Temos o agravante de algumas das ações consideradas “executadas” pelo governo federal, não serem reconhecidas como tal pelos movimentos sociais aqui reunidos.

Por exemplo, a consolidação das Resex Verde Para Sempre, Renascer e Tapajós Arapiuns é considerada uma ação executada, mas seus moradores continuam enfrentando a invasão de madeireiros, fazendeiros e outras ameaças. Além disso, não foram implementadas as políticas necessárias para o uso sustentável dos recursos naturais, como planos de uso e créditos de apoio.

Os recursos para a implementação de ações estruturais, como educação e saúde, não foram pactuados com todos os municípios envolvidos, o que inviabiliza a sua realização.

É fato que o conjunto de obras de infraestrutura propostas pelo governo para a Amazônia, como a BR-163 e a hidrelétrica de Belo Monte, serve mais aos interesses do grande capital do que aos interesses dos moradores locais.

A MP 558/2012 reduz a área de unidades de conservação na região para facilitar o licenciamento ambiental das usinas hidrelétricas previstas para o Rio Tapajós, consagrando o modelo desrespeitoso com que o governo vem realizando a implementação das grandes obras de infraestrutura na Amazônia. O leilão das usinas já tem data marcada, sem que tenha sido iniciado o processo de licenciamento.

Nestes termos, exigimos que representantes dos 17 Ministérios que compõem o grupo interministerial responsável pela implementação do plano realizem urgentemente uma audiência pública em Santarém para uma reavaliação da execução das ações estratégicas previstas, considerando e valorizando o modelo de gestão, conforme previsto no item 7 (pág. 130) do Plano BR 163 Sustentável.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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