Na última quarta
foi a vez de Brasília, onde vários
setores da sociedade, como
pescadores, ribeirinhos, estudantes e membros
de organizações ambientais se
reuniram na Esplanada dos Ministérios
pedindo: Veta Tudo Dilma!
Brasília, 09 de março
de 2012 — Duas mil pessoas, aproximadamente,
foram à Esplanada dos Ministérios,
em Brasília, na quarta-feira, para
protestar contra as mudanças no Código
Florestal. O texto aprovado no Senado em dezembro
retornou agora à Câmara e deve
ser votado na semana que vem. Os manifestantes,
vindos de 24 estados, permaneceram durante
parte da manhã em frente ao espelho
d’água do Congresso Nacional, na manifestação
organizada pelo Comitê Brasil em Defesa
das Florestas, da qual a CI-Brasil e mais
180 instituições fazem parte.
A manifestação
começou com uma caminhada da Catedral
Metropolitana de Brasília, local da
concentração, até o gramado
do Congresso. Ali, houve vários acontecimentos
simbólicos: pesca no espelho d’água
– ‘pescaram’ até o deputado federal
Ivan Valente (PSOL/SP), um dos árduos
defensores do veto à mudanças,
durante seu discurso no megafone–, além
de apresentação de capoeira
com o grupo Berimbazu de Brasília,
animação com bonecos gigantes
e atos em defesa dos manguezais. A todo momento
ouviam-se gritos de guerra e frases de protesto
como “Veta Dilma!” ou “Veta Tudo!”.
Contradições no texto
Para Guilherme Dutra, diretor
do Programa Marinho da Conservação
Internacional (CI-Brasil) e um dos presentes
na manifestação, a versão
do novo Código aprovada no Senado permite
atividades danosas aos manguezais. “Eles são
extremamente importantes para a vida marinha.
Eles são berçários. A
pesca artesanal depende dos recursos que vêm
deles”, afirma Dutra.
“Esse novo Código
representa um retrocesso na política.
Pode propiciar danos irreparáveis para
o Brasil”, diz a integrante do Comitê
Fluminense em Defesa das Florestas, Euzimar
Gomes. Ela é bióloga e mestre
em ecologia e afirma que não se pode
continuar fazendo alterações
irrelevantes e deixando outras inaceitáveis
como a anistia aos desmatadores, o desmate
nas áreas de morros acima de 45º
e a ocupação e carcinicultura
[ criação de camarão
] nos manguezais.
O deputado federal Ivan
Valente (PSOL/SP) pensa que a bancada ruralista
é defensora apenas dos interesses dos
produtores de soja, arroz e dos madeireiros.
“O que estamos pedindo aqui é o cumprimento
das promessas de campanha da presidente Dilma,
como o desmate zero e a recuperação
de áreas degradadas. Ter ainda anistia
aos madeireiros é absurdo”, afirma
o deputado.
Mario Mantovani, diretor
da SOS Mata Atlântica, afirma que a
participação de vários
setores da sociedade como pescadores e membros
do Movimento dos Sem-Terra faz com que mais
pessoas sejam ouvidas, pois todos precisam
se manifestar.
Estudantes
A presença de estudantes
foi grande, principalmente de cursos com relação
direta com o meio ambiente. Esse é
o caso de Antônio Dutra e de Lidiane
do Nascimento. Antônio cursa agronomia
na Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro (UENF), em Campos dos Goytacazes
(RJ). Segundo ele, o apoio à manifestação
é para pressionar a presidente Dilma
para que ela veja o descontentamento popular
e vete o texto do Código Florestal.
O estudante de agronomia veio com um grupo
de aproximadamente 36 pessoas. Já Lidiane
é de João Pessoa, onde cursa
ecologia na Universidade Federal da Paraíba
(UFPB) e afirma que é essencial para
um estudante de biologia participar, pois
disso depende o futuro profissional dele.
“Estou aqui, também, como cidadã,
pois sou afetada por isso”, diz.
João Carlos Pereira,
membro da Associação Brasileira
dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF)
e estudante da Universidade de Brasília
(UnB), afirmou que foi ao protesto por ser
da área ambiental e para levar esse
contraponto para a universidade, que não
trabalha muito com essas discussões.
Junto dele, havia um grupo de mais sete pessoas
da ABEEF, entre elas três de outros
estados. “Esses protestos causam a sensibilização
das pessoas. Elas começam a compreender
melhor o assunto”, conclui.
Por todo o país
Protestos como esse aconteceram
de norte a sul do Brasil. Na terça-feira,
aconteceram no Rio Grande do Sul, Paraná,
Pernambuco e Pará. Anteriormente, houve
em São Paulo, Bahia, Goiás,
Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará.
Para quem não
pôde ou não estava sabendo das
manifestações em sua cidade,
é só ajudar a campanha nas redes
sociais pela rashtag #VetaDilma e assinando
a petição pública no
site do Greenpeace.