Brasília (19/04/2012)
- O Projeto Tamar, desenvolvido pelo Centro
Nacional de Pesquisa e Conservação
de Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto
Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), fecha a 31ª
temporada reprodutiva das tartarugas marinhas
(2011/2012) no continente com aproximadamente
17 mil ninhos registrados e protegidos, gerando
cerca de 1 milhão e 200 mil filhotes.
Na temporada que ocorreu
entre setembro e março, estendendo-se
em algumas praias até o mês de
abril, o número de desovas das tartarugas
de couro (Dermochelys coriacea) e das olivas
(Lepidochelys olivacea) tiveram crescimento.
Para as gigantes, o aumento foi de cinco vezes
em relação à temporada
anterior, passando de 16 para 95 ninhos registrados.
A população das tartarugas de
couro que desovam no Brasil é a menor
de todas, tornando a espécie uma das
mais ameaçadas de extinção.
As desovas de olivas tiveram um aumento de
12%, passando de 6.621 para 7.373 ninhos.
Durante a temporada, foram flagradas cerca
de 1.500 fêmeas em processo reprodutivo,
incluindo indivíduos marcados em temporadas
anteriores (242 fêmeas) e encontrados
pela primeira vez (839 fêmeas). A taxa
de manutenção de ninhos in situ
(no lugar) permaneceu em torno de 70%. Na
praia do Forte, na Bahia, local de maior concentração
de desovas de cabeçudas (Caretta caretta)
no país, houve um aumento do conhecimento
de suas taxas demográficas, o que deverá
compor uma melhor avaliação
sobre a espécie. Em Sergipe, houve
a marcação com transmissores
via satélite em indivíduos possivelmente
híbridos, para estudo de comportamento.
Na praia de Pipa, no Rio Grande do Norte,
continuam as pesquisas com as tartarugas de
pente (Eretmochelys imbricata). Recapturas
de animais marcados e estudos genéticos
demonstraram que a espécie também
é capaz de realizar viagens tão
longas como as demais. A espécie vem
sendo estudada pela médica veterinária
Daphne Wrobel, em tese de doutorado na Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O estudo
correlaciona o peso corporal de fêmeas
em reprodução, seus níveis
séricos de grelina e leptina e os parâmetros
bioquímicos e hematológicos
indicadores do seu estado nutricional.
Continuam os estudos sobre os dados de incubação
dos ninhos, principalmente em relação
ao tempo de incubação que juntamente
com uma série de dados históricos,
pode indicar ou não variações
decorrentes de mudanças climáticas
e, consequentemente, atualizar e aprimorar
as medidas de mitigação. Duas
pesquisas com as tartarugas de couro foram
realizadas para dissertação
de mestrado de Jordana Borini Freire, sob
orientação do professor Paulo
Dias Ferreira Júnior da Sociedade Educacional
do Espirito Santo da Universidade de Vila
Velha. Uma sobre a concentração
de metais pesados em ovos e filhotes de Dermochelys
coriacea no Espírito Santo e a outra
sobre a temperatura de incubação
de ovos desta espécie.
O resultado do trabalho de conservação
é realizado pelo ICMBio/Tamar através
de 16 bases de pesquisa instaladas em áreas
prioritárias de desova monitoradas
no litoral de cinco estados brasileiros: Rio
de Janeiro, Espírito Santo, Bahia,
Sergipe e Rio Grande do Norte. O trabalho
envolve ações de educação
e sensibilização ambiental,
envolvimento comunitário e o monitoramento
das praias. Os resultados referem-se à
temporada no continente, nas áreas
de reprodução. As ilhas estão
fora, assim como áreas de alimentação,
onde não há desovas, como Ubatuba
e Ceará, por exemplo. Em breve, os
dados das ilhas oceânicas serão
divulgados.
+ Mais
Tamar estuda comportamento
reprodutivo das tartarugas cabeçudas
Brasília (19/04/2012)
– Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação de Tartarugas
Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), estão coletando dados para
delimitar os parâmetros populacionais
de uma das espécies de tartaruga marinha,
a cabeçuda (Caretta caretta).
O estudo, que integra o Projeto Tamar, de
conservação de cinco espécies
de tartarugas marinhas, está sendo
realizado na Praia do Forte, no litoral norte
da Bahia. O objetivo da pesquisa é
saber o número de vezes que uma fêmea
cabeçuda desova na temporada reprodutiva
e qual a frequência que as tartarugas
dessa espécie voltam à praia
de nascimento para fazer seus ninhos.
A Praia do Forte foi escolhida por ser uma
das áreas de maior concentração
de ninhos dessa espécie no Brasil.
As fêmeas foram observadas em duas temporadas
reprodutivas, 2009-2010 e 2010-2011, nos 5
km de praia que concentram 60% das desovas,
monitorados durante cinco meses (outubro a
fevereiro). A pesquisa de campo mostrou que
as fêmeas fazem uma média de
quatro ninhos por temporada, em um período
de aproximadamente 15 dias.
Analisando dados do retorno de fêmeas
marcadas, que indicam remigrações
(entre temporadas de desova) dos animais,
observou-se que as tartarugas voltam a desovar
na mesma praia em intervalos de dois ou três
anos.
Os resultados preliminares da pesquisa foram
apresentados no 32º Simpósio Anual
de Biologia e Conservação de
Tartarugas Marinhas, em Huatulco, estado de
Oaxaca, no México, no início
deste ano. O estudo vai prosseguir por mais
três anos. A expectativa é obter
resultados com base em uma amostra mais significativa.
As tartarugas marinhas existem há mais
de 150 milhões de anos e conseguiram
sobreviver a todas as mudanças do planeta.
Elas se reproduziram na terra e, ao longo
de sua evolução, diferenciaram-se
dos outros répteis, ocupando o ambiente
marinho. Uma série de mudanças
ocorreram para que essa espécie pudesse
se adaptar à vida no mar.