08/05/2012 - Flávia
Albuquerque - Repórter
da Agência Brasil - São Paulo
– A quantidade de resíduos sólidos
gerados no Brasil em 2011 totalizou 61,9 milhões
de toneladas, 1,8% a mais do que no ano anterior,
de acordo dados do Panorama dos Resíduos
Sólidos no Brasil 2011, lançado
hoje (8), pela Associação Brasileira
das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (Abrelpe), durante a 11ª Conferência
de Produção Mais Limpa e Mudanças
Climáticas da Cidade de São
Paulo. Do total coletado, 42% do lixo acabam
em local inadequado.
Segundo o diretor executivo
da Abrelpe, Carlos Silva Filho, o crescimento
de resíduos sólidos no período
de 2010 para 2011 foi duas vezes maior do
que o crescimento da população,
que cresceu 0,9% no período. “Se continuarmos
nessa curva ascendente de crescimento ano
após ano e não conseguirmos,
de alguma forma, adotar ações
adequadas para conter essa geração,
certamente, em médio prazo, nossos
sistemas de gestão de resíduos
entrarão em colapso”.
O estudo mostra ainda que,
em 2011, foram coletados 55,5 milhões
de toneladas de resíduos sólidos,
o que resulta em uma cobertura de 90%. “Cerca
de 10% de tudo o que é gerado acabam
em terrenos baldios, córregos, lagos
e praças. Nós vemos que esse
problema é recorrente em praticamente
todas as cidades do país”, disse Silva
Filho. Da quantidade coletada, o Sudeste responde
por 53% e o Nordeste por 22%. “Nessas duas
regiões estão concentrados 75%
de todo o lixo do território nacional”.
Segundo o Panorama, 42%
dos resíduos sólidos foram destinados
em locais inadequados como lixões e
aterros controlados. Filho ressaltou que a
Abrelpe considera a segunda opção
inadequada porque, do ponto de vista ambiental,
têm o mesmo impacto negativo que os
lixões. “O aterro controlado não
protege o meio ambiente como um aterro sanitário”.
De acordo com a publicação,
a quantidade de lixo levado para aterros sanitários
pode ter sido maior em porcentagem, mas ao
analisar a quantidade nota-se que em 2011
a situação piorou. “Em 2010
o volume de destinação inadequada
foi 22,9 milhões de toneladas contra
23,2 milhões de toneladas em 2011”,
disse.
O Panorama indica ainda
que dos 5.565 municípios brasileiros,
58,6% do total, afirmaram ter iniciativas
de coleta seletiva, o que significa um aumento
de 1% em comparação ao ano anterior.
Com relação à coleta
de lixo hospitalar, os municípios coletaram
e destinaram 237,6 mil toneladas de resíduos
de saúde, das quais 40% têm destino
inadequado. “Dessa porcentagem temos 12% indo
para lixão, sendo depositados sobre
o solo sem tratamento prévio, não
só contaminando o meio ambiente mas
trazendo um risco muito grave para as pessoas
que tiram seu sustento desses lixões”.
Para Silva Filho, o cenário
revelado pelo Panorama precisa ser modificado
até agosto de 2014, quando acaba o
prazo para o cumprimento das metas da Lei
Nacional de Resíduos Sólidos.
Na avaliação do diretor executivo,
as empresas do setor estão preparadas
para enfrentar o desafio, pois têm tecnologia,
conhecimento técnico e mão de
obra. “Precisamos de vontade política
e do recurso necessário para tanto.
Sem isso não teremos a possibilidade
de atender o que determina a lei nacional”,
disse.
+ Mais
Brasil está entre
os quatro líderes mundiais em construções
sustentáveis
22/05/2012 - Alana Gandra
- Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - O Brasil já ocupa
a quarta posição no ranking
mundial de construções sustentáveis,
de acordo com o órgão internacional
Green Building Council (US GBC). “Começa
a despontar como um dos países líderes
desse mercado, que vem crescendo muito nos
últimos anos”, disse à Agência
Brasil o gerente técnico do GBC Brasil,
Marcos Casado.
O primeiro prédio
sustentável brasileiro foi registrado
em 2004. O conceito começou a ganhar
força, porém, a partir de 2007,
informou Casado. De 2007 até abril
de 2012, o Brasil registra um total de 526
empreendimentos sustentáveis, sendo
52 certificados e 474 em processo de certificação
no US GBC. Até 2007, eram apenas oito
projetos brasileiros certificados.
O ranking mundial é
liderado pelos Estados Unidos, com um total
de 40.262 construções sustentáveis,
seguido pela China, com 869, e os Emirados
Árabes Unidos, com 1000. Marcos Casado
lembrou que, nos Estados Unidos, esse processo
começou 15 anos antes do que no Brasil.
“Eles já têm uma cultura toda
transformada para isso e nós ainda
estamos nessa etapa inicial de mudar a cultura
e provar que é viável trabalhar
em cima desse conceito na construção
civil, que é um dos setores que mais
causam impacto ao meio ambiente”.
Já existe, segundo
o gerente técnico do GBC Brasil, o
engajamento do setor da construção
nesse tipo de mercado, que se mostra bastante
aquecido no país e no mundo. Além
disso, Casado destacou que há um conhecimento
maior por parte das pessoas, devido aos benefícios
que esse conceito acaba introduzindo na construção.
“Eles vão desde a economia dos recursos
naturais e a redução dos resíduos,
até a redução dos custos
operacionais da edificação,
depois do seu uso. Isso vem levando as construtoras
e grandes empresas a adotar esse conceito”.
Para Casado, as construções
sustentáveis são uma tendência
mundial. “A gente tem hoje, só em certificação
Leed (Leadership in Energy and Environmental
Design) no mundo, mais de 60 mil projetos.
Então, é uma tendência
muito grande e a gente percebe que esse número
cresce a cada dia”. Desde agosto do ano passado,
vem sendo registrado pelo menos um projeto
por dia útil no Brasil, buscando certificação.
Marcos Casado estima que até o fim
deste ano, o número de empreendimentos
sustentáveis brasileiros em certificação
alcance entre 650 e 700.
Os chamados prédios
verdes não têm, entretanto, nível
de emissão zero de gás carbônico.
“Mas a gente reduz muito esses impactos”,
explicou o gerente. Em vários países
do mundo, já existem prédios
autossustentáveis, que geram a própria
energia que consomem e neutralizam o carbono
emitido. Essa tecnologia, entretanto, ainda
não foi implantada no Brasil. “A gente
está caminhando para isso. Acredito
que, em breve, em cinco ou dez anos no máximo,
a gente vai estar com esses edifícios
também no Brasil”.
Para os moradores de prédios
sustentáveis, também há
benefícios, declarou. “Para o usuário
comercial ou residencial, a grande vantagem
está no custo operacional, porque eu
reduzo, em média, em 30% o consumo
de energia, entre 30% e 50% o consumo de água,
além de diminuir a geração
de resíduos”. O custo operacional fica,
em média, entre 8% e 9% mais barato
do que em um prédio convencional. Por
isso, relatou Casado, os prédios sustentáveis
são mais valorizados pelos construtores
e apresentam preço mais alto. “A contrapartida
vem no custo operacional. Acaba sendo mais
barata a operação e ele equilibra
esse custo financeiro”.
O GBC Brasil está
iniciando um trabalho com a Companhia de Desenvolvimento
Urbano de São Paulo para incorporar
o conceito de sustentabilidade também
em construções populares. Cobertura
verde, aproveitamento da água pluvial,
aquecimento solar e aumento do pé direito
para melhoria do conforto são alguns
dos itens em estudo. “Isso acaba barateando
o custo operacional”.
O GBC Brasil desenvolve
também o projeto da Copa Verde. Estão
sendo certificados com o selo de sustentabilidade
12 estádios que se acham em reforma
ou em construção nas cidades
que sediarão os jogos da Copa do Mundo
de 2014. O projeto Greening the Games: How
Brazil’s World Cup Is Driving Economic Changes’
(Tornando os Jogos Verdes: Como a Copa do
Brasil Está Levando a Mudanças
Econômicas) será apresentado
no próximo dia 16 de junho, no auditório
T9 do Riocentro, onde ocorrerá a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20.
No dia 18, a organização
divulgará um documento oficial sobre
construção sustentável
em evento paralelo à conferência
da ONU, no Forte de Copacabana, “visando a
expandir essa economia verde no país”.
O evento é organizado pelas federações
das Indústrias dos estados do Rio de
Janeiro (Firjan) e São Paulo (Fiesp),
entre outras entidades.