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GOVERNO ANISTIA DESMATADORES E PIORA CÓDIGO FLORESTAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2012

28 Maio 2012 - Legislação publicada hoje no Diário Oficial da União revogou e piorou Código Florestal de 1965, reduziu a proteção sobre o patrimônio natural brasileiro, anistiou desmatadores ilegais, estimulou mais desmates com impunidade e derrubou incentivos à recomposição de APPs

O Governo Federal não só distribuiu anistias e promoveu a impunidade com o novo Código Florestal Brasileiro, publicado no Diário Oficial da União desta segunda (28), como piorou a proteção das florestas de todo o país. A análise foi divulgada hoje pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas durante coletiva de imprensa na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). O grupo representa mais de 200 entidades das mais variadas esferas da sociedade civil.

Conforme a avaliação, as anistias sobre pagamento de multas ou desobrigando a recuperação da vegetação estão distribuídas em vários artigos da Lei 12.651/2012 e incidem sobre propriedades com até quatro módulos fiscais, em áreas sensíveis e de grande valor ecológico e social. Confira nota técnica no atalho ao lado.

Foram perdoados desmatamentos ilegais no entorno de nascentes, em manguezais e outras áreas úmidas, foi permitida a recomposição de margens de rios e outras áreas de preservação permanente (APPs) com eucalipto, soja ou qualquer espécie exótica, e reduzida a proteção em topos de morros.

Além disso, a lei anterior previa APPs entre 30 metros e 500 metros nas margens dos cursos d´água. Já a legislação sancionada pela presidente Dilma Roussef prevê faixas menores de vegetação, entre 5 metros e 100 metros.

“Haverá prejuízos à qualidade e quantidade das águas, à conservação da biodiversidade. O conceito de APPs foi desvirtuado. A presidente Dilma Roussef descumpriu suas promessas de campanha e sancionou uma legislação que estimula novos desmatamentos e anistia quem descumpriu a lei”, ressaltou André Lima, coordenador de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Poucos avanços inseridos no Código Florestal que vale a partir de hoje, como a definição de período de pousio, se perdem em inúmeras medidas feitas para beneficiar apenas quem desmatou ilegalmente ou quer ampliar as margens para uso da terra, driblando diretrizes constitucionais como a função socioambiental das propriedades rurais.

Além disso, o Governo Federal removeu o artigo que destinava um porcentual das taxas de energia elétrica para recuperação de APPs, único ponto que estimulava economicamente a recomposição dessas áreas.

“A lei atual é pior que a de 1965. O Código segue como um emaranhado jurídico de dificílima implantação, e vai gerar muitas ações judiciais se chegar em campo. O que a bancada ruralista queria foi sancionado. O que não queria, voltou ao Congresso como medida provisória”, apontou Raul Valle, do Instituto Socioambiental.

Alexandre Conceição, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, ponderou que a sanção parcial do texto aprovado pelo Congresso como novo Código Florestal formou uma “colcha de retalhos” que não ajuda na construção de um país com agricultura sustentável. Segundo ele, a lei em vigor foi moldada para atender a um padrão produtivo voltado à exportação e altamente dependente de agrotóxicos e insumos químicos.

“O Governo abriu mais brechas para o avanço do agronegócio, colocando em risco a saúde e a soberania alimentar dos brasileiros. Somos campeões em casos de câncer no campo, usamos 19% dos agrotóxicos produzidos no planeta em benefício de um modelo que não produz alimentos, só commodities. Precisamos fortalecer a reforma agrária e a agricultura familiar, que gera mais empregos e produz mais alimentos”, disse Conceição.

Próximos passos - Kenzo Ferreira, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil, comparou a campanha apartidária Veta, Dilma! às maiores mobilizações que o país assistiu após a redemocratização, em 1985, como a das Diretas já!, do Fora, Collor! e a da Ficha Limpa.

Segundo ele, os mais de dois milhões de assinaturas de brasileiros e estrangeiros revelaram a dimensão global que a temática ambiental adquiriu, refletida em pesquisas como a que apontou 85% dos brasileiros contrários a anistia para quem desmatou ilegalmente.

“Infelizmente o Governo Federal não soube aproveitar essa oportunidade e manter sua liderança ambiental entre os países emergentes. A pressão contra o retrocesso na proteção de nossas florestas será mantida e ampliada, seja no Dia Mundial do Meio Ambiente, seja na Rio+20 e assim por diante. O mundo inteiro precisa saber das disparidades entre discurso e prática no Brasil”, comentou.

Alexandre Conceição, do MST, ainda avaliou que as medidas governistas deixarão novamente nas mãos da bancada ruralista decidir sobre o futuro das florestas e das terras brasileiras. “Na Rio+20, como o Brasil cobrará responsabilidade socioambiental de outros países se, aqui dentro, não defendemos nossas florestas e nossa agricultura familiar?”, questionou.

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Comitê afirma que veto parcial mantém florestas sob risco

25 Maio 2012 - Em nota divulgada na tarde desta sexta (25), o Comitê Brasil em Defesa das Florestas comentou a sanção parcial anunciada pelo governo ao projeto de lei aprovado no Congresso no fim de abril como reforma do Código Florestal Brasileiro.

No texto, as mais de 200 entidades civis representadas pelo Comitê afirmam que a sanção "frustrou a expectativa de ampla maioria da população pelo veto integral" e que as medidas anunciadas pelo governo reforçam "a necessidade de ampliar a mobilização, que será intensificada na Rio+20". Confira a íntegra da nota abaixo, ou ao lado:

Veto parcial mantém florestas brasileiras sob risco

O Comitê Brasil em Defesa das Florestas assistiu nesta sexta (25) com grave preocupação o anúncio da sanção parcial do projeto de Código Florestal aprovado no Congresso, o que frustrou a expectativa de ampla maioria da população pelo veto integral.

O conteúdo das medidas não foi divulgado oficialmente, denotando total falta de transparência. Preocupa-nos ainda, além do conteúdo anunciado, o desdobramento do processo por meio de Medida Provisória.

A anistia segue como eixo central do texto, visto que, a data de 2008 como linha de corte para manutenção de áreas desmatadas ilegalmente continua inalterada e, consequentemente, promove a isenção de recuperação de Áreas de Proteção Permanente (APP) e Reserva Legal.

As flexibilizações em relação a lei atual podem ser ainda ampliadas, pois a matéria e os pontos modificados serão devolvidos ao Congresso.

A sanção parcial pela presidente Dilma reforça a necessidade de ampliar a mobilização, que será intensificada na Rio+20.

A campanha “Veta Tudo, Dilma!”, que se tornou um fenômeno social no Brasil, seguramente continuará, pois a sanção parcial não encerra a vontade dos brasileiros de construir um Código Florestal que concilie conservação e produção.
Brasília, 25 de maio de 2012

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Legislação florestal brasileira segue indefinida e sob risco

25 Maio 2012 - Governo ignora apelos da maioria dos brasileiros e sanciona parcialmente projeto para reforma do Código Florestal. Apenas veto integral traria possibilidade de debate democrático para regulamentação da lei atual.

Brasília (DF) – O governo federal sancionou parcialmente nesta sexta (25) o projeto de novo Código Florestal aprovado pelo Congresso no fim de abril, contrariando os apelos da maioria da sociedade brasileira, de setores do próprio governo e da comunidade internacional.

Para o WWF-Brasil, apenas o veto integral ao texto possibilitaria a regulamentação da lei atual com participação real da sociedade e da comunidade científica. Sem isso, o Brasil ainda corre risco de retrocesso legislativo, pois as medidas associadas ao veto precisarão novamente do aval do Congresso, aonde ruralistas vêm tentando impor retrocessos à sociedade.

Os ministros disseram nesta tarde que foram vetados artigos e serão editadas medidas provisórias (MPs) para tentar recompor o projeto aprovado no Senado, mas não apresentaram nenhum texto oficial, o que denota um processo ainda pouco transparente e sem negociação.

“A sociedade brasileira e mundial assiste a um país que segue jogando com o futuro de suas florestas. O projeto aprovado no Congresso é fruto de um processo legislativo tortuoso, feito para atender apenas a uma parcela da sociedade que quer ampliar as possibilidades de desmatamento e anistiar quem desmatou ilegalmente”, ressaltou a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.

Segundo ela, no Brasil de hoje o meio ambiente tem sempre que se subordinar a todos os outros interesses. Por isso, o país pode chegar à Rio+20 com um discurso e uma prática incompatíveis, além de uma legislação florestal indefinida.

“Fora os impactos à credibilidade e à liderança do Brasil no cenário global, poderemos sofrer barreiras comerciais por seguir crescendo de forma insustentável. Também fica a dúvida sobre como o país cumprirá suas metas assumidas internacionalmente para conservação da biodiversidade e proteção do clima”, comentou Maria Cecília.

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Código aprovado ameaça produção de alimentos

24 Maio 2012 - Empresariado envia carta à presidente pedindo veto integral ao projeto que desmantela o Código Florestal
Ligado ao Governo Federal, o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) aprovou ontem (23) uma recomendação para que a presidente Dilma Rousseff vete integralmente o projeto de lei aprovado na Câmara no fim de abril, que joga por terra o Código Florestal. Dilma tem até esta sexta (25) para vetar ou sancionar o texto.

Para o Consea, a sacão do texto poderá provocar "graves impactos sobre a segurança alimentar e nutricional da população brasileira". Logo, a justificativa de setores atrasados do agronegócio, de que o país não poderia abrir mão de áreas produtivas para recuperação de florestas desmatadas "sob o risco de faltar comida no País" não tem fundamento.

Os 57 conselheiros apontaram que vários pontos do projeto aprovado no Congresso "ameaçam destruir recursos hídricos e florestais", ameaçando a própria agricultura. O conselheiro Renato Maluf declarou ao site de notícias R7 que "não é verdade que precisamos comprometer os recursos florestais para produzir mais alimentos". Para Maluf, eles (os ruralistas) estão "tergiversando para esconder interesses mesquinhos" que não têm nada a ver com produção de comida.

Engrossando o coro nacional pelo veto completo ao projeto de reforma do Código Florestal, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social enviou carta à presidente Dilma Roussef pedindo veto integral ao projeto aprovado por deputados e senadores. Para o grupo, a sanção do texto será “um retrocesso na legislação ambiental do nosso país”.

Em nota, o Instituto afirma que “o veto integral ao PL 1876/99 significa defender todos os brasileiros e brasileiras da ameaça ao nosso presente e futuro com a destruição do nosso patrimônio natural, cultural e social” e avalia que “a legislação para o uso e conservação das florestas pode e deve ser aprimorada no contexto de uma nova economia inclusiva, verde e responsável”.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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