Na avaliação
de Izabella Teixeira, o que estará
em questão no
encontro, apesar do contorno ambiental, é
a geopolítica do desenvolvimento. Esse
debate não ficará restrito aos
ambientalistas de plantão, afirma.
Paulenir Constâncio - A ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse nesta
sexta-feira (18/05), na Fundação
Getulio Vargas, no Rio, que o maior desafio
na Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20) é encontrar caminhos que possibilitem
a opção dos agentes econômicos
pelo crescimento com sustentabilidade. Por
isso, segundo ela, é necessário
criar alternativas de crescimento de curto
prazo, capazes de se estabelecer no médio
e longo prazos.
"A Rio +20 é um momento único
para se discutir perspectivas e caminhos para
o desenvolvimento sustentável",
afirmou a ministra, lembrando que o Brasil
já tem fazenda com 100 mil cabeças
de gado certificada internacionalmente como
sustentável, mas ainda convive com
uma produção agropecuária
de baixa produtividade e que ainda devasta
a Região Amazônica.
EFEITO ESTUFA
Para Izabella, o modelo
produtivo que derruba a floresta, além
de não se sustentar ambientalmente,
também não faz sentido do ponto
de vista econômico. Izabella disse que
o Brasil tem papel estratégico na reunião
patrocinada pela ONU, porque é o país
que mais faz pela preservação
ambiental e que mais reduz as emissões
de gases que causam o efeito estufa. Na sua
avaliação, o que estará
em questão no encontro, apesar do contorno
ambiental, é a geopolítica do
desenvolvimento. "Esse debate não
ficará restrito aos ambientalistas
de plantão", salientou.
A ideia de desenvolvimento sustentável
foi consolidada pela Rio-92, encontro patrocinado
há 20 anos pela ONU para debater a
questão ambiental, e prevalece até
hoje, mas a Rio+20 precisa avançar
em sua implementação, avaliou
a ministra. "Todos concordam, mas há
um descompasso entre concordar e colocar em
prática", acrescentou. Por sua
biodiversidade e seu papel econômico,
os oceanos também vão estar
entre os temas estratégicos para a
conferência. Izabella avalia que o debate
envolvendo economia, meio ambiente e inclusão
social deve ser feito de forma integrada.
+ Mais
Brasil persegue consenso
na Rio+20
Camilla Valadares - Diferente
do modo como as matérias são
aprovadas no Congresso Nacional, a partir
do posicionamento da maioria, a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20) depende do consenso
dos 193 países participantes. A declaração
foi feita na última segunda-feira (21/05)
pelo assessor extraordinário para a
Rio+20 do Ministério do Meio Ambiente,
Fernando Lyrio, em audiência pública
no Senado.
A Comissão de Relações
Exteriores e Defesa Nacional do Senado realizou
seu 4º painel sobre a Rio+20. O evento
faz parte de um ciclo de audiências
públicas que começaram em 2011.
Estiveram presentes ainda o professor da Unicamp
e assessor do Ministério da Ciência
e Tecnologia e Inovação, Carlos
Alfredo Joly, e o ex-secretário de
Meio Ambiente de São Paulo, ex-deputado
federal Fábio Feldman.
A audiência teve como tema "Avaliação
da Agenda: Evolução da Organização
e das Expectativas" foi presidida pelo
senador Fernando Collor (PTB-AL) que exerceu
o cargo de presidente da República
quando foi realizada a Rio-92. Os participantes
destacaram a importância do posicionamento
do Brasil enquanto anfitrião da Conferência
deste ano para que o evento seja um sucesso.