Terça, 31 Julho 2012
14:19 Última modificação
em Sexta, 03 Agosto
2012 14:55 - Letícia Verdi - Se as
projeções se concretizarem,
a população mundial chegará
a 9 bilhões de pessoas em 2050. Não
haverá água e alimento para
todos da forma que é hoje, se o comportamento
humano continuar no ritmo e com as configurações
atuais. O alerta foi feito pela ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Para evitar
que as previsões se concretizem, ela
defendeu uma mudança de atitude da
sociedade, na sua relação cotidiana
com o meio ambiente. Pode-se começar
com uma ação simples, como no
trato dos resíduos domésticos.
"Separar o lixo faz parte de um comportamento
solidário, numa sociedade cada vez
mais individualista", disse. "A
grande mudança vem do cidadão".
A ministra fez estas declarações
durante entrevista ao apresentador Jô
Soares, no programa que leva o seu nome e
que foi ao ar na madrugada desta terça-feira
(31/07) pela Rede Globo. Ela garantiu que,
pessoalmente, esse hábito faz parte
de sua rotina desde 1994, quando ainda morava
no Rio. Segundo ela, o Brasil atualmente recicla
apenas 2% do lixo, já que a coleta
seletiva ainda não está implantada
e os aterros sanitários ainda são
poucos - ao contrário dos lixões,
onde todos os resíduos se misturam.
A responsabilidade pelo
desmatamento e a poluição foram
também abordadas. A ministra lembrou
que, há 20 anos, durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento Humano (Rio-92)
decidiu-se que quem havia desmatado no passado
teria que pagar. Mas, esse pagamento ainda
está em discussão hoje - quem
e como paga. "São discussões
complexas", explicou. "Alguém
vai ter que financiar a erradicação
da pobreza no mundo".
PILHA E ÓLEO
A certa altura do programa,
Jô Soares perguntou sobre o lixo eletrônico:
"A pilha usada vai para aonde?".
"Existem pontos de coleta específicos
para isso", respondeu a ministra. "Segundo
a logística reversa da Política
Nacional de Resíduos Sólidos,
quem produz esse material deverá depois
recolhê-lo e dar a ele o destino adequado,
para que não se misture ao restante
do lixo". E o óleo usado?, emendou
o apresentador. "Cooperativas de catadores
podem vir em casa recolhê-lo e ele vira
sabão, por exemplo", explicou
a ministra.
Empresas sustentáveis
foi o tema seguinte. "Temos que separar
o joio do trigo. Tem muita empresa no mundo
que vende o que não é",
alertou a ministra. Para que uma empresa mereça
o selo de empresa verde, é preciso
que todo o ciclo de produção
seja de baixa emissão de carbono (pouco
poluente, com uso menor de energia) e com
responsabilidade socioambiental, desde o fornecedor
da matéria prima até o acabamento
final. "À medida que as pessoas
vão entendendo e conhecendo como as
coisas são produzidas, fazem suas escolhas",
ponderou.
Com relação
à Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20), realizada em junho último
no Rio de Janeiro, Izabella não tem
dúvida: "Foi a conferência
mais bem sucedida das Nações
Unidas. Foram 150 mil pessoas e 3 mil eventos
paralelos. Essa foi a primeira conferência
da ONU promovida e sugerida por um país
em desenvolvimento, o que mostra a força
desses países e pinta um novo quadro
político. Na ONU, são 193 países
entre os quais é preciso buscar o consenso.
É uma ambição do coletivo
sem igual. Há países querendo
fazer mais, entre eles o Brasil".
LEI FLORESTAL
No segundo bloco do programa,
o assunto foi a nova Lei Florestal (antigo
Código Florestal). A ministra citou
que o Brasil atingiu a menor taxa de desmatamento
da história em 2011 e que assim pretende
continuar. A lei prevê que quem desmatou
uma grande quantidade no passado e não
tem como reflorestar tudo o que deveria na
sua propriedade, tem a opção
de comprar cotas florestais em outros locais
onde a vegetação nativa será
preservada. Essa prática compõe
a "bolsa de carbono". Com um sinalizador
laser na mão, Izabella Teixeira apontou
para cada área (nascente, mata ciliar,
corredores, encosta, etc) de um mapa projetado
no estúdio do programa e detalhou o
que prevê a nova Lei Florestal. "Cinquenta
por cento dos rios no Brasil têm até
dez metros de largura. Rios mais largos, de
30 metros, devem ter uma margem de 500 metros
preservada", disse.
Ela explicou que 90% das
propriedades rurais no Brasil são de
agricultores familiares e que a intenção
do governo é manter o pequeno proprietário
na terra. Portanto, a nova lei adotou um critério
social para estabelecer o reflorestamento
proporcionalmente à riqueza do produtor
rural. "O debate ainda não acabou",
argumentou. "A lei voltou para o Congresso
Nacional, como deve ser em um processo democrático".
E frisou que o governo não vai aceitar
anistia para os desmatadores. "Quem desmatou
vai ter que recuperar", garantiu.
Segunda, 02 Julho 2012 18:20 Florestas sustentáveis
Imprimir E-mail Setor privado promove seminário
para discutir o aproveitamento dos subprodutos
da madeira para a produção de
energia.
Luciene de Assis
Sair da monocultura do eucalipto
ou do pinus, investir em múltiplos
cultivos e buscar a sustentabilidade do setor
de floresta plantada do Brasil, a partir,
também, do aproveitamento energético
dos subprodutos da madeira, que, hoje, vão
parar no lixo. Estas são algumas das
metas extraídas do VI Congresso Internacional
de Desenvolvimento Econômico Sustentável
da Indústria de Base Florestal e de
Geração de Energia, o Madeira
2012, realizado em Vitória, com a participação
de observadores do Ministério do Meio
Ambiente (MMA).
De acordo com a analista
ambiental da Secretaria de Biodiversidade
e Florestas (SBF) do MMA, Luísa Rocha,
o importante para o Ministério é
contribuir para deixar o setor florestal mais
sustentável, considerando-se o que
os empresários dessa atividade estão
fazendo e propondo para modernizar a exploração
da madeira plantada. A partir da nova Lei
Florestal 12.651/2012, o MMA pode ajudar a
aperfeiçoar o plantio e a exploração
de florestas de plantio diversificado, dando
fomento aos pequenos produtores para saírem
da monocultura, explica Luísa Rocha.
O analista ambiental da
Felipe Diniz complementa: "Fomos aos
Madeira 2012 para colher subsídios
que auxiliem a formação de políticas
voltadas para o setor de floresta plantada,
dentro do contexto da nova Lei Florestal".
Para o governador do Espírito Santo
e presidente do Conselho Empresarial e Científico
do evento, Renato Casagrande, o lema é
sair da monocultura e diversificar para sobreviver.
ENERGIA SUSTENTÁVEL
Dentro dessa proposta de
diversificação está incluído
o total e correto aproveitamento de casacas
de árvore e de arroz, além de
serragem e outros subprodutos provenientes
do processamento da madeira na produção
de bioenergia resultante da biomassa extraída
da produção de celulose.
Para o presidente do Instituto
Nacional de Eficiência Energética,
o pesquisador Jayme Buarque de Holanda, o
Brasil vive uma cultura de desperdício
e ineficiência em termos energéticos:
"Os combustíveis da cadeia energética
da madeira são as únicas formas
de energia produzidas, transportadas e comercializadas
no Brasil à margem de qualquer regulamentação
energética".
O pesquisador cita como
exemplo do desperdício brasileiro o
fato de países da Europa terem movimentado,
em 2010, cerca de 2 bilhões de euros
na comercialização de pallets
(tabletes prensados, produzidos com resíduos
de serragem de madeira para a queima em fornos
industriais) e demais subprodutos, as chamadas
commodities energéticas. Mas, alerta
o analista Felipe Diniz, para o país
chegar nesse ponto é necessário
investir em inovação tecnológica
com aplicação no mercado, beneficiando
as empresas do setor.
O VI Congresso Internacional
de Desenvolvimento Econômico Sustentável
da Indústria de Base Florestal e de
Geração de Energia foi realizado
pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia
nos dias 28 e 29 de junho. Para discutir formas
de inovar as atividades do setor (que represen
ta 4,5% do PIB brasileiro e emprega 9% da
população economicamente ativa
do país) e debater temas estratégicos
para o aprimoramento da governança
corporativa, enfrentamento de crises econômicas
e eficiência empresarial, o Madeira
2012 reuniu cerca de 300 participantes dos
segmentos industriais, além de técnicos,
pesquisadores, consultores e dirigentes públicos
e de pequenas e médias empresas.