Estado de conservação
de 103 espécies de lêmures avaliadas
por cientistas revela perda alarmante
Antanarivo, Madagascar,
16 de julho de 2012 — Um grupo formado pelos
mais importantes conservacionistas se reuniu
em uma oficina de trabalho da Comissão
de Sobrevivência de Espécies,
da União Internacional para Conservação
da Natureza (da sigla em inglês, IUCN),
na semana passada, para rever o estado de
conservação das 103 espécies
de lêmures existentes no mundo - o grupo
de primatas mais ameaçado do planeta.
Os resultados da conferência destacam
que muitas espécies de lêmures
estão à beira da extinção
devido, principalmente, à perda de
habitat, o que reforça a necessidade
de medidas de proteção urgentes.
Mais de 91% das espécies
de lêmures já são consideradas
como 'criticamente em perigo', 'em perigo'
ou 'vulnerável' na lista vermelha de
espécies ameaçadas da IUCN.
Das 103 espécies , 23 são agora
consideradas "criticamente em perigo',
52 'em perigo’, 19 são "vulneráveis"
e três são 'quase ameaçadas'.
Apenas três espécies estão
listadas como "pouco preocupante".
A avaliação
anterior realizada em 2005, como parte da
Avaliação Global de Mamíferos,
identificou 10 espécies como "criticamente
em perigo ', 21 como "em perigo"
e 17 como "vulneráveis",
que já eram considerados números
muito altos.
No entanto, devido ao recente
aumento no número de novas espécies
na lista e o fato de que o nível de
ameaça aumentou nos últimos
três anos, os especialistas decidiram
realizar uma reavaliação da
fauna de lêmures.
Os Lêmures estão
em perigo de extinção pela destruição
de seu habitat na floresta tropical na ilha
de Madagascar, na costa da África,
no Oceano Índico, onde a situação
política aumentou a pobreza e a extração
ilegal de madeira. A caça desses animais
também surgiu, na avaliação,
como uma ameaça mais séria do
que se imaginava.
"Os resultados da oficina
de revisão foram chocantes, pois mostram
que Madagascar tem, de longe, a maior proporção
de espécies ameaçadas de primatas
em uma única região do mundo
ou em um só país. Como resultado,
nós agora acreditamos que os lêmures
são, provavelmente, os vertebrados
mais ameaçados do mundo”, afirma Christoph
Schwitzer, chefe de pesquisa do Bristol Zoo
Gardens, da Inglaterra.
Entre as espécies
avaliadas como "criticamente em perigo'
está o Indri, o maior dos lêmures
e que tem o valor simbólico comparável
ao de panda gigante da China, o lêmure-rato-de-Berthe
que, com apenas 30 gramas, é o menor
primata do mundo e o lêmure-preto-de-olho-azul,
a única espécie de primata não-humano
que tem olhos azuis. Provavelmente a espécie
mais rara de lêmure é o lemur-desportista-do-norte
(Lepilemur septentrionalis), da qual existem
apenas 18 indivíduos conhecidos.
"Esta nova avaliação
destaca o risco de extinção
muito elevado enfrentado pelos lêmures
em Madagascar e é indicativo das ameaças
graves para toda a biodiversidade do país,
que é vital para a sobrevivência
de seu povo. As espécies únicas
e maravilhosas dessa ilha são o maior
patrimônio desse povo e a marca mais
distintiva do local, além de ser a
base para uma grande indústria de turismo
que continua a crescer, apesar dos problemas
políticos atuais”, explica Russell
Mittermeier, presidente da Conservação
Internacional e do Grupo de Especialistas
em Primatas da IUCN.
A oficina, realizada em
Antananarivo, capital de Madagascar, contou
também com a presença do empresário
britânico, Richard Branson, um grande
fã de lêmures que elogiou o trabalho
que está sendo feito pelos conservacionistas
para proteger esses animais raros. O seminário
teve o apoio do Projeto Ambatovy de mineração
de níquel, do Fundo de Conservação
de Espécies Mohamed bin Zayed e da
Fundação Margot Marsh.
Os representantes do Reino
Unido, Madagascar, Estados Unidos, Canadá,
Índia, Alemanha, Itália e França
estão trabalhando juntos para estabelecer
um plano de ação de conservação
para proteger os lêmures mais ameaçados
na próxima década.
Outro resultado importante
da conferência foi a divulgação
da descoberta de uma espécie previamente
desconhecida de Lêmure - um tipo de
lêmur-rato - por Peter Kappeler e equipe
no Centro Alemão de Primatas. A nova
espécie é encontrada no leste
de Madagascar e sua descrição
formal ainda não foi publicada, o que
significa que ela ainda não foi recebeu
um nome científico. Com esta nova descoberta,
hoje são conhecidas 103 espécies
de lêmures.