01/07/2012 - 10h58
Meio Ambiente
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Se o metrô da capital
paulista deixasse de funcionar por um ano,
a concentração de poluentes
no ar aumentaria 75%, aponta pesquisa da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). Para
fazer o cálculo, os pesquisadores compararam
o nível de poluição atmosférica
em dias normais com dias de greve dos metroviários.
O estudo mostra, ainda,
que as mortes em decorrência de problemas
cardiorrespiratórios aumentariam entre
9% e 14%, o que representaria um custo de
US$ 18 bilhões à saúde
pública do município. “A hipótese
que a gente tinha é que, com o metrô
parado, [haveria] mais carros nas ruas, mais
ônibus, mas a gente não tinha
realmente dimensão dessa magnitude”,
disse à Agência Brasil Simone
Miraglia, coordenadora do estudo e membro
do Instituto Nacional de Análise Integrada
do Risco Ambiental (Inaira).
Segundo dados do instituto,
90% da poluição do ar em São
Paulo são gerados por carros, motos
e caminhões. O transporte público
corresponde a 55% dos deslocamentos na cidade,
enquanto o transporte individual é
responsável por 45%.
Foram analisadas duas greves
com mais de 24 horas de duração,
uma ocorrida em 2003 e outra em 2006. O estudo
reuniu dados dos três dias antecedentes
à greve e dos três dias posteriores.
“Também consideramos um dia controle:
um dia no mesmo mês da paralisação,
mesmo dia de semana e com variáveis
meteorológicas semelhantes”, explicou
Simone Miraglia.
Em 2003, a concentração
de poluentes no dia controle foi 41 microgramas
por metro cúbico (µg/m3). No
dia da greve, o índice aumentou para
101,49 µg/m3. As mortes adicionais associadas
à poluição foram oito,
o que representa um crescimento de 14%, de
acordo com o estudo.
Já em 2006, o impacto
foi menor. A concentração de
poluição saltou de 43,99 µg/m3
no dia controle para 78,02 µg/m3 no
dia da greve. As mortes adicionais foram seis,
o que corresponde a um aumento de quase 9%.
Simone Miraglia aponta algumas
hipóteses para a redução
da concentração de poluentes
no segundo ano de análise. “Um dos
fatores é o programa de controle das
emissões veiculares, tendo em vista
que você tem carros que poluem menos.
O aumento da malha metroviária também
deve ser considerado. Há também
a possibilidade de que os parâmetros
meteorológicos estivessem mais favoráveis
no ano de 2006.”
Para a pesquisadora,
o estudo comprova a sustentabilidade do sistema
metroviário de São Paulo. “Essas
medidas de melhoria do meio ambiente em termos
de poluição atmosférica
representam um avanço na qualidade
de vida da população. Cada real
investido em transporte público de
qualidade, você economiza em reais com
a saúde pública. São
investimentos de grande monta, mas se deve
lembrar dos benefícios que eles trazem.”