Quarta, 22 Agosto 2012 -
Luciene de Assis - Fazer com que as
cidades usem, de forma sustentável,
a diversidade biológica local é
a primeira das 20 Metas de Aichi, e um dos
temas que integram a listas dos compromissos
assumidos pelos 193 países componentes
da Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB). Nesse sentido, o Brasil
já está desenvolvendo um projeto-piloto
em Curitiba, experiência apresentada
pela professora Tatiana Gadda, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná,
em reunião ocorrida na Secretaria de
Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministério
do Meio Ambiente na tarde desta segunda-feira
(20/08), para debater o tema Cidades e biodiversidade.
"Trata-se de iniciativa
do Instituto de Estudos Avançados da
Universidade das Nações Unidas
(UNU), em desenvolvimento em outros países
com o objetivo de alcançarmos as Metas
de Aichi", explica Tatiana Gadda. As
metas foram extraídas da 10ª Convenção
sobre Diversidade Biológica (COP-10),
realizada em Nagóia, Japão,
em 2010.
ORIENTAÇÃO
Para a professora, a experiência
de Curitiba, iniciada em março deste
ano, permitirá a formulação
de um guia para nortear estados e municípios
brasileiros a desenvolverem ações
que privilegiem a conservação
da biodiversidade local. "O principal
aprendizado é que a biodiversidade
ultrapassa as fronteiras dos municípios
e as políticas locais precisam ser
coerentes com esse fato", sugere.
Como representante da UNU
na reunião sobre Cidades e biodiversidade,
o pesquisador sênior adjunto da instituição,
Tony Gross, disse que, apesar de quase todos
os 193 países da CDB se preocuparem
com sustentabilidade e biodiversidade, os
investimentos realizados nos últimos
dez anos não conseguiram reverter as
taxas de perdas da diversidade biológica,
embora haja consenso de que essas perdas resultam
em sérias consequências para
todos os países. "Biodiversidade
é a base da provisão de vários
recursos ecossistêmicos, como água,
clima, polinização, segurança
alimentar, entre outros pontos", enfatizou.
Em se tratando de desenvolvimento
sustentável, as cidades representam
papel essencial. "As cidades consomem,
de forma predatória e negativa, a biodiversidade
em geral, como o consumo descuidado da água,
as emissões de gases poluentes e qualidade
de vida ligada à mobilidade, já
que o mundo não é mais rural,
inclusive o Brasil", esclareceu a analista
ambiental da SBF Lúcia Lopes. O ponto
positivo, segundo ela, é que as cidades
podem melhorar esse panorama, não só
do ponto de vida da biodiversidade em geral,
como no que se refere ao consumo de água
e na criação de parques, facilitando
a manutenção da diversidade
biológica da região.
EXPERIÊNCIA
O assunto debatido na reunião
envolveu, também, representantes da
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano (SRHU); da Assessoria Internacional
do MMA; do Programa de Áreas Protegidas
da Amazônia (Arpa); do banco alemão
para desenvolvimento sustentável (GIZ);
do Departamento de Geografia e Ecologia da
Universidade de Brasília (UnB); e Da
ONG Iclei, sigla em inglês para Governos
Locais pela Sustentabilidade.
O evento já
rendeu os primeiros frutos, segundo Lúcia
Lopes, que recebeu correspondência enviada,
na manhã desta terça-feira,
pelo coordenador do Programa de Biodiversidade
e Cidades da Convenção sobre
Biodiversidade (CDB) da Organização
das Nações Unidas (ONU), Oliver
Hillel, considerando a iniciativa da extremamente
positiva. Hillel acredita que a experiência
brasileira poderá estimular outros
países a se organizarem para, igualmente,
tornar suas cidades sustentáveis.