Quinta, 16 Agosto 2012 -
Letícia Verdi - Vinte anos depois
do primeiro estudo, o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) apresentou, nesta quinta-feira
(16/08), os dados comparativos de todo o período
(1992 a 2012), que indicam clara evolução
na consciência ambiental do brasileiro.
Os resultados da pesquisa deste ano, "O
que o brasileiro pensa do meio ambiente e
do consumo sustentável", mostram
um retrato sobre o tema e apontam tendências
que vão colaborar com as próximas
políticas públicas de meio ambiente.
"O ministério
participou de todo o processo, desde a elaboração
das perguntas até o treinamento dos
profissionais que aplicaram a pesquisa",
afirmou a secretária de Articulação
Institucional e Cidadania Ambiental, Samyra
Crespo. "Inclusive, verificamos a aplicação
dos questionários. Queremos seriedade
e confiabilidade nos dados".
A pesquisa aponta que 85%
da população estão dispostos
a aderir à campanha de redução
do uso de sacolas plásticas. E, onde
há campanha, 76% aderiram a ela. "Para
o MMA, as sacolas plásticas são
um flagelo ambiental", frisou Samyra
Crespo durante a coletiva de imprensa desta
quinta-feira. Ela destacou o aspecto poluidor
das sacolinhas, além do perigo de morte
que elas representam para os animais.
PRINCIPAIS NÚMEROS
Abaixo, os principais resultados
da pesquisa.
•Em 20 anos, diminuiu consideravelmente
o número de brasileiros que não
sabe identificar os problemas ambientais:
de 47% foi para 10%. Ou seja, a percepção
do brasileiro sobre meio ambiente quadruplicou
neste período.
•28% dos brasileiros se orgulham do Brasil
por causa do meio ambiente (natureza)
•Sobrevivência é o que motiva
o cuidado com o meio ambiente.
•Entre os problemas ambientais do Brasil apontados
pelos entrevistados, o lixo subiu de 4%, em
1992, para 28%, em 2012.
•Separação do lixo: 48% dos
brasileiros dizem que separam. 30% levam sacola
própria ou carrinho para fazer compras
e evitam sacolas plásticas. 76% aderem
à redução de sacolinhas
plásticas.
•A Região Sul é campeã
em consciência ambiental. 55% sabem
o que é consumo sustentável
por lá. 80% separam o lixo.
•Houve uma descentralização
sobre a percepção do brasileiro
em relação a quem tem a responsabilidade
de solucionar os problemas: governo estadual
dobrou (de 33 a 61%), prefeituras subiu (30
a 54%) e comunidade aumentou (15 a 21%). Mas
a noção de que cabe ao governo
cuidar do meio ambiente ainda se sobressai
à responsabilidade individual e coletiva.
•Na média nacional, 34% sabem o que
é consumo sustentável.
•O consumo de orgânicos cresce. Vinte
anos atrás, só se encontravam
produtos sem agrotóxicos em feiras
e mercados especializados. Hoje, muitos supermercados
já oferecem essa opção.
CONCLUSÕES
•Quanto mais urbano e escolarizado, mais consciente
o brasileiro é das questões
ambientais.
•A pesquisa mostra que conceitos sofisticados
como "desenvolvimento sustentável",
"consumo sustentável" ou
"biodiversidade" já fazem
parte do repertório de muitos brasileiros.
•A Política Nacional de Resíduos
Sólidos e a campanha Saco é
um Saco ecoam junto à população.
•Nesses 20 anos, os jovens entraram no ranking
da consciência ambiental. Este dado
já é resultado do trabalho que
vem sendo desenvolvido. Atualmente, todas
as faixas etárias estão no ranking.
•Há uma diferença muito grande
em relação ao Sul e Sudeste
e outros estados.
•A maioria dos brasileiros ainda tem uma visão
naturalista sobre desenvolvimento sustentável.
A ideia dos três pilares (ambiental,
social e econômico), base do desenvolvimento
sustentável e mote da Rio+20, precisa
ser trabalhada mais.
•No geral, os brasileiros ainda possuem hábitos
prejudiciais ao meio ambiente, sobretudo na
hora de descartar o lixo (fase chamada de
pós-consumo).
•Os brasileiros não consideram a preocupação
com o meio ambiente no Brasil exagerada e
não estão dispostos a ter mais
progresso às custas da depredação
dos recursos naturais.
HISTÓRICO
Em 1992, a primeira pesquisa
da série foi intitulada "O que
os brasileiros pensam da ecologia". Até
então, não havia pesquisa completa
na área, apenas dados encomendados
por empresas sobre a poluição
nas cidades. De lá para cá,
foram cinco edições. Em cada
uma, foram explorados os "temas quentes"
(hotspots) do momento. Em 2006, por exemplo,
ano da COP8, a pesquisa incluiu questões
ligadas à biodiversidade. Este ano,
a pesquisa focou em consumo sustentável,
um dos principais temas da Rio+20.
A pesquisa teve sempre o
mesmo formato: uma etapa qualitativa e uma
quantitativa. A etapa qualitativa desta edição
foi realizada com o apoio de empresas do ramo
de alimentos e varejo - Pepsico, Unilever
e Walmart – e a etapa quantitativa foi apoiada
pelo Programa das Nações Unidas
pelo Meio Ambiente (PNUMA) e executada pela
empresa de pesquisa CP2, por meio de processo
licitatório.
Enquanto a etapa quantitativa
ouve a opinião dos brasileiros em todas
as regiões do país, e é
representativo da população
adulta com mais de 16 anos residentes em domicílios
rurais e urbanos, a pesquisa qualitativa ouve
os "formadores de opinião".
Para acompanhar e validar
as atividades relacionadas à pesquisa,
foram convidados especialistas na área
de consumo e meio ambiente, ligados a centros
de pesquisas da principais universidades do
país e do MMA para compor um comitê
técnico-cientÍfico.
+ Mais
O valor da sociobiodiversidade
Terça, 28 Agosto
2012 - Produtos de origem vegetal movimentam
a economia local em diferentes regiões
do país. Intenção do
governo é modernizar a atividade.
Sophia Gebrim - A importância
da cadeia produtiva do açaí
para o Arquipélago do Marajó
(PA), da piaçava para a microrregião
do Rio Negro (AM) e dos frutos do cerrado
para o norte de Minas Gerais (MG) e as técnicas
de fomento dessas cadeias estão sendo
discutidos de hoje (28/08) até a próxima
sexta-feira (31/08), na capacitação
Promoção de Cadeias de Valor,
no Ministério do Meio Ambiente, em
Brasília. Esses produtos, resultado
da sociobiodiversidade local, movimentam a
economia e garantem a geração
de emprego e renda, sendo conhecidos como
Arranjos Produtivos Locais (APLs) da sociobiodiversidade.
O objetivo da capacitação
é apresentar as metodologias de fomento
às cadeias de valor, com enfoque na
sociobiodiversidade e integrar equipes interdisciplinares
para desenhar e implantar os processos de
incentivo à produção
local. Participam do encontro representantes
dos governos estaduais, organizações
não governamentais e sociedade civil.
A meta é formar cerca de 30 profissionais,
que atuarão na organização
e apoio às cadeias nos respectivos
estados.
EM DEBATE
Ao todo serão discutidos
dez APLs da sociobiodiversidade: piaçava
na microrregião do Rio Negro (AM),
frutos da caatinga no semiárido baiano,
piaçava no baixo sul baiano babaçu
e pequi na mesorregião do sul cearense,
açaí e andiroba no Arquipélago
do Marajó (PA), castanha e óleos
vegetais de andiroba e copaíba na microrregião
de Óbidos (PA), castanha e óleo
de copaíba na região da BR 163
(PA), buriti no Piauí, babaçu
na microrregião do médio Mearim
(MA) e frutos do cerrado no norte de Minas
Gerais.
Durante o encontro
serão apresentadas as estratégias
de promoção de Arranjos Produtivos
Locais (APLs), cadeias de valor da sociobiodiversidade,
perspectivas de desenvolvimento sustentável
e selecionadas algumas novas possibilidades
de cadeias de valor. Além disso, serão
determinadas estratégias de fomento
das cadeias produtivas, desenhados projetos
de melhoria das cadeias, com uma apresentação
de indicadores de impacto e monitoramento.
O treinamento faz parte das ações
do Plano Nacional de Promoção
das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade,
coordenado pelos ministérios do Desenvolvimento
Agrário (MDA), Meio Ambiente (MMA),
Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) e Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), juntamente com a Cooperação
Técnica Alemã no Brasil (GIZ).
No encontro será usada a Metodologia
Value Links, técnica comum para o mapeamento
das cadeias de valor de produtos de origem
animal e vegetal.