19 - set - 2012
O Greenpeace realizou um evento em Nova York, às
vésperas da reunião da Assembleia
Geral da ONU, para reforçar a necessidade
de uma resposta internacional para a crise no pólo
norte.
Mais do que níveis alarmantes, o volume de
gelo no Ártico nunca foi tão baixo
na história humana. O maior nível
de degelo, alcançado em 2012, foi apontado
por dados preliminares do Centro Nacional de Dados
sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC). A
extensão de gelo que reveste o Oceano Ártico
durante o verão este ano equivale a 3,41
milhões de quilômetros quadrados, a
menor de que se tem conhecimento. Desde 1979, ano
em que se iniciaram as medições, ela
foi reduzida em 45%.
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional,
definiu o anúncio como um momento decisivo
na história da humanidade: “Em pouco mais
de 30 anos, alteramos a aparência do nosso
planeta e em breve o Pólo Norte deve estar
completamente sem gelo durante o verão”,
afirma. A esperança é de que o dia
de hoje seja lembrado como um dia de mudanças,
em que a comunidade global decidiu se unir para
lutar contra os efeitos das mudanças climáticas
e contra a ganância das grandes corporações
no Ártico.
A tripulação do
navio Arctic Sunrise esteve na região para
testemunhar a época do ano em que se encontram
as menores quantidades de gelo no pólo. Como
forma de apelar aos líderes mundiais para
que tomem a decisão de proteger o Ártico,
os tripulantes construíram um coração
suspenso com as bandeiras dos 193 países-membros
das Nações Unidas.
O Ártico é um ecossistema
vital para a Terra e as ameaças que vem sofrendo
são determinantes para o equilíbrio
climático do nosso planeta. Sara Ayech, da
Campanha de Clima e Energia, faz parte da tripulação
que está na expedição no Ártico
afirma que "assim como o coração
bombeia sangue por nossas artérias, o Ártico
é uma das bombas que fazem as correntes do
oceano circularem ao redor do planeta".
O navio Arctic Sunrise foi a região
para documentar o maior degelo da história,
pesquisar o volume atual de gelo e montar uma imagem
em 3D da região que será usada em
estudos sobre as mudanças climáticas.
“Estávamos assistindo o Sol nascer sobre
os bancos de gelo, alguns finos e fracos, outros
tão fundos que o oceano abaixo se coloria
de um azul frio claríssimo, quando vimos
pegadas na neve. Um solitário urso polar
apareceu ao longe, parecia uma mancha creme contra
o mar azul. Pareceu inimaginável que essa
beleza de tirar o fôlego que víamos
a nossa frente pudesse estar sendo ameaçada
por um punhado de empresas que se importam mais
com seus resultados trimestrais que com o futuro
desta região maravilhosa”.
Você também pode
ajudar a proteger o Ártico. Assine e divulgue
a petição que promove a criação
de um santuário internacional e que manterá
a exploração de petróleo e
a pesca predatória longe deste frágil
ecossistema. Já são mais de 1,8 milhão
de assinaturas de pessoas no mundo todo.
+ Mais
Congresso sentencia fim das florestas
Notícia - 25 - set – 2012
- Medida Provisória do Código Florestal
é aprovada na última votação
no Congresso Nacional
Com apenas três votos contrários, a
Medida Provisória do Código Florestal,
peça faltante no quebra-cabeças da
nova legislação, foi aprovada hoje
no plenário do Senado Federal. O resultado
é a liberação de ainda mais
áreas de floresta para novos desmatamentos
e anistia a criminosos ambientais.
Em nome do que chamaram de “um
acordo possível” para evitar uma dita “insegurança
jurídica” no campo, o governo curvou-se aos
anseios da bancada ruralista, deixando de ouvir
os alertas dos cientistas e da sociedade civil.
O texto, profundamente modificado pelos parlamentares,
permite que novos desmatamentos surjam e que os
velhos desmatadores sejam perdoados.
“O governo lavou as mãos
e deixou o circo pegar fogo. E pegou. O resultado
é um Código Florestal fraco, que não
protege nossas matas e, em nome de pequenos agricultores,
beneficia grandes desmatadores. Aqueles que saqueiam
nosso patrimônio ambiental e destroem florestas
apostando na impunidade hoje estão felizes”,
afirmou Márcio Astrini, coordenador da Campanha
Amazônia do Greenpeace.
“Há algumas semanas, a
presidente Dilma escreveu um bilhete à nação,
dizendo que não concordava com o texto que
foi aprovado. Agora ela precisa fazer valer sua
palavra e vetar essa MP que saiu do Congresso”,
completou Astrini.
Em uma curta sessão plenária,
por pouco a MP não obeteve aprovação
unânime. Dos 61 senadores presentes, apenas
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Roberto Requião
(PMDB-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ) declararam
sua posição contrária ao tratoraço
ruralista.
Randolfe Rodrigues foi enfático
ao mostrar que muitas das mudanças feitas
no texto que veio da presidente Dilma irão
piorar a situação florestal do país.
O Senador lembrou que "as APP's (Áreas
de Preservação Permanente) são
responsáveis pela manutenção
da saúde de nossos rios e nascentes. Essa
matéria é um desastre para o meio
ambiente.”
A MP segue agora para a sanção
presidencial. A presidente Dilma Rousseff se disse
contrária ao acordo feito entre os parlamentares
para que fosse realizada a votação
da matéria antes que perdesse sua validade,
em 8 de outubro. No entanto, não houve qualquer
esforço da parte do Planalto para reverter
o quadro de destruição de uma das
legislações mais importantes do Brasil.
“Nem mesmo os últimos
dados de desmatamento, que apontam um crescimento
de mais de 200% em relação ao mesmo
período do ano anterior, foram suficientes
para frear a sanha ruralista sobre nossas florestas.
O caminho agora é aprovar a lei do Desmatamento
Zero no Brasil. A proposta de lei de iniciativa
popular é uma alternativa aos cidadãos
que não concordam com a posição
daqueles que deveriam os representar no Congresso
Nacional”, concluiu Márcio Astrini.