18/10/12 - Indicador
de qualidade, a Pegada Ecológica funciona
como ferramenta de mobilização
e guia para desenvolvimento de políticas
públicas sustentáveis.
O resultado do cálculo da Pegada Ecológica
do município e do estado de São
Paulo foi apresentado nessa quarta-feira,
17 de outubro, na 300ª Reunião
Ordinária do CONSEMA (Conselho Estadual
de Meio Ambiente), presidida pelo secretário-adjunto
Rubens Rizek. A apresentação
foi feita pelo representante da organização
não-governamental WWF-Brasil, Michael
Becker.
Fruto de uma parceria entre
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA),
Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
(SVMA) e WWF-Brasil, a Pegada Ecológica
de São Paulo começou a ser calculada
no começo deste ano, com um trabalho
conjunto entre os técnicos da SMA e
da SVMA e o apoio de Fabrício de Campos,
da Ecossistemas, filiada da internacional
Global Footprint Network (GFN), criadora da
metodologia da Pegada Ecológica. A
iniciativa também contou com o apoio
da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (FIPE) com o fornecimento
dos dados. Os resultados foram apresentados
pela primeira vez no dia 13 de junho, na Conferência
das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20.
Becker explicou aos conselheiros
o método e a importância do cálculo
da Pegada Ecológica como indicador
de sustentabilidade. “Entendemos nossa pegada
ecológica como uma forma de mobilização
e indicador para desenvolvimento de futuras
estratégias de mitigação”,
disse.
A Pegada Ecológica
de um país, estado, cidade ou pessoa
traduz em hectares globais (gha) – medida
de quantificação – o tamanho
das áreas produtivas necessárias
para sustentar os hábitos de vida e
consumo. “Se não olharmos para o nosso
padrão de consumo continuaremos consumindo
mais do que a natureza pode oferecer”, completa
Michael. O cálculo traça o equilíbrio,
ou a falta dele, entre biocapacidade, que
é a quantidade de recursos naturais
oferecida por determinado local e a sua demanda.
O Consema também
apreciou a proposta para recomposição
das Comissões Temáticas (de
Políticas Públicas, de Biodiversidade,
Florestas, Parques e Áreas Protegidas,
de Infraestrutura, Energia, Recursos Hídricos,
Saneamento e Sistemas de Transporte, de Atividades
Imobiliárias e Projetos Urbanísticos,
e de Atividades Industriais, Minerárias
e Agropecuárias) que resultou na aprovação
do ingresso da FAESP à Comissão
de Infraestrutura, por 27 votos a favor e
1 abstenção. Ainda na audiência
foram eleitos os conselheiros Daniel Glaessel
e Andrea do Nascimento como os representantes
do Consema no Conselho de Gestão da
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde
da Cidade de São Paulo.
Análise da Pegada
Ecológica Paulista
Apesar de esperados, os
resultados paulistas são alarmantes.
A pesquisa revelou que a Pegada Ecológica
média do estado de São Paulo
é de 3,52 hectares globais por pessoa,
contra 4,38 na capital. Ou seja, se todas
as pessoas do planeta consumissem de forma
semelhante aos paulistas, seriam necessários
quase dois planetas para sustentar esse estilo
de vida. Se vivessem como os paulistanos,
seriam necessários quase 2,5 planetas.
“Isso significa que São Paulo importa
biocapacidade de outros locais. A análise
dos dados mostra a interdependência
que temos e como consumimos os recursos naturais
de outros estados”, acrescenta Michael Becker.
Além do equilíbrio
entre consumo e biocapacidade, a metodologia
ainda traçou a Pegada Ecológica
por faixa de rendimento. O resultado foi que,
quanto menor é o provento, menor é
a Pegada Ecológica, ao passo que pessoas
com renda maior afetam mais o planeta. É
possível ver no gráfico que
a faixa de rendimento de até dois salários
mínimos tem a Pegada Ecológica
de 1,5 gha, que é a média mundial,
enquanto as maiores faixas salariais têm
seu cálculo comparados a de países
desenvolvidos, como os Estados Unidos.
Mas qual é a tradução
disso? É claro para todos que pessoas
de baixa renda têm menos acesso a recursos
naturais do que as mais abastadas, mas em
contrapartida, também têm menos
qualidade de vida. O desafio é melhorar
a vida dessas pessoas sem exigir tanto do
planeta. E é aí que se fazem
necessárias as políticas públicas.
E é então que a Pegada Ecológica
é importante como indicador de sustentabilidade.
“São Paulo e o Brasil
precisam saber em que direção
querem se locomover e como querem crescer”,
declara o representante da WWF Brasil.
Para o conselheiro e ambientalista
Marcelo Pereira Manara , “padecemos de políticas
públicas que não se baseiem
somente no crescimento econômico e sim
no crescimento sustentável”.
A discussão da Pegada
Ecológica ainda é longa e o
cálculo é somente o primeiro
passo. Agora a próxima etapa é
divulgar os resultados a fim de mobilizar
a população sobre seus próprios
hábitos de consumo e aceitar a metodologia
como um possível próximo indicador
de desenvolvimento, que possa apontar onde
e como crescer de maneira ecologicamente,
socialmente e economicamente viável,
em equilíbrio, sem prejudicar qualidade
de vida e a biodiversidade.
Texto: Ivi Piotto