16 Outubro 2012 | Por Andréa
de Lima, em Hyderabad - Em uma clara demonstração
de lição aprendida em casa,
o governo da Índia anunciou hoje (16/10)
em Hyderabad durante
a COP 11 a concessão de 50 milhões
de dólares para a conservação
da diversidade biológica. O anúncio
foi feito pelo primeiro-ministro Manmohan
Singh durante sessão solene na Conferência
das Partes da Convenção de Diversidade
Biológica (CDB). E o premiê foi
além junto ao segmento de alto nível
da conferência: fora reforçar
o mecanismo institucional para a conservação
da biodiversidade no país, ele se comprometeu
a ajudar outras nações emergentes
e a trabalhar com todas as partes para chegar
a um consenso sobre a diversidade biológica
e ao crescimento sustentável.
A decisão do governo
indiano de mobilizar recursos financeiros,
técnicos e humanos para a conservação
da biodiversidade e redução
da pobreza, segundo o secretário executivo
da CDB, o brasileiro Bráulio Dias Ferreira,
faz da Índia um exemplo de inspiração
a ser seguido. “Aproveito esta oportunidade
para voltar a emitir este apelo de contribuição
e esperamos poder anunciar uma lista crescente
dos campeões da biodiversidade”, exaltou
Ferreira, para quem a biodiversidade precisa
ser vista como uma oportunidade de investimento
e não um gasto, já que é
a riqueza natural ou o capital de nossas nações.
De acordo com a secretária
geral do WWF-Brasil, Maria Cecília
Wey de Brito, é preciso que os países
concordem em aumentar o financiamento para
a biodiversidade, e em desenvolver mecanismos
financeiros novos e adicionais que possam
apoiar a realização das 20 Metas
de Aichi até 2020. “Os custos de implementação
do plano estratégico para atingir as
metas de Aichi não foram totalmente
definidos, mas estudos comissionados pelo
Reino Unido estimam que sejam necessários
entre US$ 150 e US$ 430 bilhões ao
ano, valores altos mas que nem se comparam
aos US$ 1000 bilhões ao ano que os
governos têm gasto em subsídios
para a indústria dos combustíveis
fósseis. É preciso que seja
alterada esta lógica da sociedade atual",
afirmou Maria Cecília.
Conservando a biodiversidade
oceânica
As negociações sobre a proteção
de áreas oceânicas importantes
também estão enfrentando dificuldades,
com um bloco de nações que se
opõem ao 'aval' de relatórios
de identificação de áreas
importantes para a conservação
em áreas oceânicas além
das jurisdições nacionais.
"Mais de 50% dos oceanos
do mundo estão fora das fronteiras
nacionais. O WWF incentiva delegados da CDB
a se comprometerem a identificar claramente
áreas oceânicas além das
jurisdições nacionais",
disse Nanie Ratsifandrihamanana, diretora
de conservação do WWF Madagascar.
"O estabelecimento
de áreas marinhas protegidas são
parte de um amplo pacote de soluções
que podem ajudar governos e empresas a salvaguardar
enormes benefícios ecológicos,
sociais e econômicos aos oceanos",
acrescentou a diretora.