28/11/2012
- 10h04
Meio Ambiente
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A maioria (85%) dos brasileiros
que ainda não conta com coleta seletiva
estaria disposta a separar o lixo em suas
casas, caso o serviço fosse oferecido
nos municípios, aponta pesquisa divulgada
hoje (28) pelo Programa Água Brasil.
Apenas 13% dos entrevistados declararam que
não fariam a separação
dos resíduos e 2% não sabem
ou não responderam. O estudo, encomendado
ao Ibope, entrevistou 2.002 pessoas em todas
capitais e mais 73 municípios, em novembro
do ano passado.
Apesar da disposição
em contribuir para a destinação
adequada dos resíduos sólidos,
o percentual dos que não têm
meios para o descarte sustentável chega
a 64% dos entrevistados. A quantidade de pessoas
que contam com coleta seletiva ou que têm
algum local para deixar o material separado
representa 35% da amostra.
Em relação
aos produtos que costumam ser separados nessas
casas, as latas de alumínios ficam
em primeiro lugar, com 75%, seguidas pelos
plásticos (68%), papéis e papelões
(62%) e vidros (55%). Os eletrônicos,
por outro lado, são separados por apenas
10% dos entrevistados. Cerca de 9% dos entrevistados
não separam nenhum material mesmo que
o serviço de coleta seletiva esteja
implantado na sua região.
Dos que contam com o serviço
de coleta seletiva, metade (50%) dos casos
tem a prefeitura como responsável pelo
trabalho. Catadores de rua (26%), cooperativas
(12%) e local de entrega (9%) aparecem em
seguida dentre os meios de coleta disponíveis.
O estudo aponta também
que a proposta de uma tarifa relaciona ao
lixo divide opiniões. A ideia de que
quem produz mais resíduos deve pagar
uma quantia maior é aprovada completamente
por 13% dos entrevistados, 23% concordam parcialmente.
Os que discordam completamente a respeito
do pagamento da taxa somam 36%. Há
ainda os que não concordam, nem discordam
(16%) e os que discordam em parte, com 10%.
Na hora de consumir, práticas
sustentáveis ainda são deixadas
de lado. Preço, condições
de pagamento, durabilidade do produto e marca
lideram as preocupações do consumidor
brasileiro. O valor do produto, por exemplo,
é considerado um aspecto fundamental
por 70% dos entrevistados. Características
do produto ligadas à sustentabilidade,
no entanto, como os meios utilizados na produção,
o tempo que o produto leva para desaparecer
na natureza e o fato de a embalagem ser reciclável,
ficam em segundo plano.
Os entrevistados responderam
ainda quais produtos devem ser menos usados
em suas casas nos próximos três
anos. O campeão foi a sacola plástica.
O produto é comprado com frequência
em 80% das residências, mas 34% dos
entrevistados esperam reduzir o consumo. Em
seguida aparecem os copos descartáveis
(31%), bandejas de isopor (22%) e garrafas
PET (21%). No fim da lista, entre os que devem
permanecer com alto percentual de consumo,
estão os produtos de limpeza perfumados.
Apenas 9% estimam que irão reduzir
o uso desses materiais.
O Programa Água Brasil
é uma iniciativa do Banco do Brasil,
da Fundação Banco do Brasil,
da Agência Nacional de Águas
(ANA) e da organização não
governamental WWF-Brasil, com intuito de fomentar
práticas sustentáveis no campo
e na cidade.
+ Mais
Brasileiros preocupam-se
mais com questões sociais, do que com
meio ambiente
28/11/2012 - 13h50
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – As questões sociais
preocupam bem mais o brasileiro do que as
questões ambientais, aponta pesquisa
do Programa Água Brasil, apresentada
hoje (28) durante a Reviravolta Expocatadores
2012, na capital paulista. Temas como aquecimento
global, acúmulo e descarte inapropriado
de resíduos e contaminação
de rio e mananciais são apontados como
principais problemas por apenas 7% dos entrevistados.
O estudo sobre o nível de consciência
da população sobre práticas
sustentáveis foi encomendado ao Ibope.
Quando questionados sobre
os três principais problemas que afetam
o país atualmente, os temas mais recorrentes
aos entrevistados foram saúde (70%),
desemprego (53%), fome (50%), corrupção
(42%) e educação pública
(39%). Temas relacionados ao meio ambiente
ficaram em penúltimo lugar, perdendo
apenas para o item economia global, que foi
citado por 2% dos entrevistados. Participaram
do estudo 2.002 pessoas em todas as capitais
e mais 73 municípios, em novembro do
ano passado.
Para o coordenador de Programa
Educação para Cidades Sustentáveis
da organização WWF Brasil, Fábio
Cidrin Gama, os resultados indicam que será
necessária uma grande sensibilização
para mudar a atitude do brasileiro em relação
ao tema, especialmente no momento em que o
país se organiza para implementar a
Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS). “A pesquisa mostra
que há esperança, mas para essa
mudança. A gente vai ter que sensibilizar
muito toda a sociedade para que as pessoas
assumam [a destinação correta
do lixo] como um hábito e um dever
de cidadão”, destacou.
Gama aponta que um dos aspectos
mais positivos da pesquisa é a disposição
do brasileiro em participar da coleta seletiva.
Por outro lado, ele lamenta que ainda haja
muito desconhecimento sobre a destinação
correta do lixo e sobre o papel que cada um
deveria cumprir nesse processo. “Em relação
ao símbolo da reciclagem, os brasileiros
acham simplesmente que tendo aquele símbolo
o material vai ser reciclado”, declarou. O
coordenador destaca que para haver o reaproveitamento
do resíduo ainda são necessárias
muitas etapas, como a própria separação
a ser feita pelo consumidor.
A pesquisa mostra também
que o brasileiro está disposto a assumir
outras atitudes sustentáveis, além
da coleta seletiva. Cerca de 34% dos entrevistados
declararam que abririam mão de determinados
produtos mesmo que interferisse na sua comodidade.
Percentual semelhante (33%) passaria a exigir
aos fabricantes soluções com
intuito de que o produto tivesse menor impacto
no meio ambiente. Ainda é baixo, no
entanto, a quantidade de pessoas (23%) que
não comprariam materiais que não
fossem recicláveis ou reutilizáveis.
Para Severino Lima Júnior,
membro do Movimento Nacional de Catadores
de Rua (MNCR), a pesquisa destaca o papel
do catador de rua na cadeia de reciclagem
no Brasil, já que 26% dos entrevistados
apontam que eles são os responsáveis
pela coleta seletiva. Para metade (50%), ela
é feita pelas prefeituras e 12% apontam
as cooperativas. “Isso mostra que o modelo
adotado no país tem potencial para
ser mais exitoso do que outros formatos faraônicos,
defendidos por alguns, como a participação
de grandes empresas de reciclagem”, defende.