26/11/2012 - 6h51
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As
enchentes e secas extremas que têm afetado
várias regiões no mundo e os
fenômenos naturais, como maremotos,
cada vez mais frequentes, voltam a ocupar,
a partir de hoje (26), o centro das preocupações
de técnicos, especialistas e autoridades
de quase 200 países. Reunidos em Doha,
capital do Catar, negociadores de todo o mundo
querem chegar a um consenso sobre o que precisa
ser efetivamente adotado para minimizar os
efeitos provocados pelas fortes mudanças
de temperatura do planeta.
Durante a 18ª Conferência
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP18), as delegações
de várias partes do mundo tentarão
definir novos compromissos, a fim de dar sequência
a uma série de esforços que
vêm sendo feitos desde 1992. As expectativas
em relação ao evento recaem
quase exclusivamente sobre esse ponto: o que
cada economia está disposta a fazer,
a partir de janeiro do ano que vem, para continuar
os esforços pela redução
das emissões de gases de efeito estufa.
Os primeiros compromissos
foram assumidos quando as nações
signatárias do Protocolo de Quioto,
que começou a valer há cinco
anos, definiram metas obrigatórias,
no caso de países desenvolvidos, ou
voluntárias, entre as nações
em desenvolvimento. Apesar de o tratado que
define metas e limites de emissão de
gases de efeito estufa para os países
desenvolvidos expirar no fim deste ano, as
medidas ainda estão longe dos resultados
esperados.
Levantamentos de organismos
internacionais e do órgão das
Nações Unidas responsável
pelo debate sobre meio ambiente (Pnuma) têm
apontado que as ações ainda
não foram suficientes para reduzir
essas emissões nocivas ao Planeta.
O Pnuma mostrou que a concentração
de gases de efeito estufa, como o dióxido
de carbono, aumentou 20% desde 2000.
Pesquisadores do Banco Mundial
e da Organização Meteorológica
Mundial também têm alertando
que, caso não adote ações
mais ambiciosas e austeras, a comunidade internacional
não irá alcançar a meta
estipulada como ideal pelos cientistas. Diante
da emergência apontada pelos estudos
recentes, os países se comprometeram
a adotar medidas para manter a elevação
da temperatura do planeta abaixo dos dois
graus centígrados.
O desafio será chegar
a um acordo imediato para manter metas que
reposicionem os países nessa direção,
adotando medidas rigorosas em suas economias.
Em meio ao debate, será preciso definir,
por exemplo, se os países do Leste
Europeu podem usar, para maiores emissões,
a margem que conquistaram por ter emitido
menos, nos últimos anos, quando a recessão
enfrentada por essas economias reduziu o ritmo
das fábricas, mantendo os níveis
de poluição atmosférica
abaixo do estipulado.
Além disso, os negociadores
devem retomar os debates sobre o Fundo Verde
e a regulamentação internacional
de uma compensação para países
em desenvolvimento que reduzem as emissões
de gases de efeito estufa, conhecido como
Redd – sigla que define a Redução
das Emissões Geradas com Desmatamento
e Degradação Florestal nos Países
em Desenvolvimento. O mecanismo tem dividido
as atenções nos debates sobre
clima.
+ Mais
Pnuma destaca experiências
exitosas do Brasil para diminuir o desmatamento
21/11/2012 - 11h19
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As conquistas brasileiras
de redução do desmatamento ilegal,
principalmente na região da Amazônia,
foram apontadas hoje (21), em Londres, como
um exemplo a ser seguido por todos os países
do mundo. Ao alertar para a impossibilidade
de manter a elevação de temperatura
abaixo dos níveis ideais para minimizar
os impactos do aquecimento global, o relatório
divulgado pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica,
pela primeira vez, experiências exitosas
que deveriam ser adotadas pela comunidade
internacional.
No caso brasileiro, o estudo
destaca que as medidas de controle e fiscalização
do crime ambiental nas florestas do país
resultaram na redução da derrubada
de árvores. Na Amazônia Legal,
por exemplo, o tamanho do desmatamento caiu
de 29 mil quilômetros quadrados (km²)
em 2004, para 6,4 mil km² esse ano.
O levantamento do Pnuma
será um dos instrumentos usados pelos
negociadores na Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas,
conhecida como COP18, que ocorrerá
no Catar, a partir da próxima semana.
Os investimentos em florestas
e na criação de áreas
protegidas na Costa Rica também foram
destacados no estudo. De acordo com os dados
divulgados pelo Pnuma, o país conseguiu
ampliar a conservação da biodiversidade,
reduzindo as emissões de gases de efeito
estufa e associando essa medida à atração
de novos recursos para o país, com
a vinda de turistas curiosos em visitar esses
locais.
Segundo os pesquisadores,
com essas ações, Brasil e Costa
Rica conseguiram antecipar os resultados da
Redução de Emissões por
Desmatamento e Degradação Florestal,
a chamada Redd, na sigla em inglês.
A medida é um dos pontos polêmicos
a serem tratados na Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas.
Nas últimas semanas,
o governo brasileiro tem ressaltado a importância
da regulamentação internacional
do mecanismo que está no centro das
polêmicas nas discussões sobre
clima. O Redd funcionaria como uma compensação
financeira para os países em desenvolvimento
ou para comunidades específicas desses
países, pela preservação
de suas florestas. Mas, segundo o governo
brasileiro, apesar de todos os avanços
conquistados, a única compensação
real até o momento são os recursos
do Fundo Amazônia.
O fundo foi criado em 2008 para captar doações
para investimentos em prevenção,
monitoramento e combate ao desmatamento e
para a conservação e o uso sustentável
das Floresta Amazônica.
No relatório, o Pnuma
ainda cita outras “ações inspiradoras”
que foram implementadas internamente e voluntariamente
por vários países – com destaque
para Alemanha e Brasil, principalmente, em
setores como o de eficiência energética
de edifícios, redução
de emissões de veículos e investimentos
em fontes de energia renovável.