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ESCLARECIMENTOS DA FUNAI SOBRE O PROCESSO DE DESINTRUSÃO DA TERRA INDÍGENA MARÃIWATSÉDÉ, NO MATO GROSSO

Panorama Ambiental
Novembro de 2012

28 de novembro de 2012
A Fundação Nacional do Índio (Funai) vem a público esclarecer informações sobre o processo de desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo Xavante, no estado do Mato Grosso:

1) A Terra Indígena Marãiwatsédé foi reconhecida pelo Estado brasileiro como terra tradicional o que, pelos termos do Art. 231 da Constituição, tornam nulos todos os títulos nela incidentes, não gerando direito a indenizações, salvo pelas benfeitorias de boa-fé. O que ocorreu, na década de 11000, foi a manifestação ao governo brasileiro da empresa petrolífera italiana Agip, que detinha a posse da área, no sentido de colaborar com a demarcação da terra indígena. Durante a ECO 92, houve o reconhecimento público do direito indígena à terra, que deu início à devolução do território aos Xavante de Marãiwatsédé. Enquanto a decisão se concretizava, ocorreram invasões ao local, até então preservado, gerando um clima de instabilidade e tensão entre indígenas e não indígenas, que se estende até hoje.

2) A ação de desocupação dos não índios da TI Marãiwatsédé teve início em agosto de 2012, atendendo decisão do Juízo da Primeira Vara de Cuiabá/MT, que, em julho deste ano, determinou o prosseguimento da execução da sentença para efetuar a retirada dos não índios e garantir o usufruto exclusivo e a posse plena do povo Xavante sobre a Terra Indígena Marãiwatsédé, conforme determina o Artigo 231 da Constituição Federal.

3) A ação de retirada dos ocupantes não indígenas foi planejada por uma equipe de trabalho interministerial do Governo Federal – formada por Ministério da Justiça, Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria Geral da Presidência da República, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/Ministério do Meio Ambiente (Ibama/MMA), Ministério da Defesa, Secretaria Especial de Saúde Indígena/Ministério da Saúde (Sesai/MS), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/ Ministério do Desenvolvimento Agrário (Incra/MDA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública e Polícia Rodoviária Federal – com apoio logístico do Exército brasileiro, a fim de garantir uma desintrusão pacífica, com segurança e dignidade para todos, indígenas e não indígenas.

4) A saída dos não indígenas é uma determinação da Justiça, comunicada via mandado judicial aos ocupantes ilegais da Terra Indígena Marãiwatsédé. As notificações começaram a ser entregues por Oficiais de Justiça, no dia 7/11/2012, e tiveram prosseguimento até o dia 17/11/2012.

5) A decisão judicial determinava que fossem realizadas notificações pessoais, ou seja, todas as pessoas que estivessem na área deveriam ser notificadas, independentemente de serem residentes ou não. Desta forma, no período de 7 a 17/11/2012, foram notificadas um total de: 455 pessoas, em 242 empreendimentos (casas, comércios e fazendas). Mais da metade destas notificações (253) foi feita no distrito de Posto da Mata, onde houve resistência de pequena parte dos ocupantes. Foram ainda localizados 43 empreendimentos abandonados ou sem moradores.

6) O levantamento preliminar desta primeira ação indica que cerca de 80% dos empreendimentos já foram notificados, levando a considerar que o número real de ocupantes não indígenas é bem inferior ao número amplamente divulgado na região.

7) Constatou-se que a população não indígena, em sua quase totalidade, recebeu as notificações de maneira pacífica e ordeira e que muitas pessoas já sabiam da situação irregular quando chegaram à área. E ainda, vários moradores notificados informaram que lideranças locais orientaram, inicialmente, a população a não receber a notificação. Em um segundo momento, as mesmas lideranças passaram a incentivar a população a procurar os Oficiais de Justiça e receber a notificação, com o propósito de corroborar o número de moradores propagado.

8) Apesar de as ocupações não-indígenas serem consideradas de má-fé pelo Poder Judiciário (o que isenta o pagamento de indenizações), o Governo Federal se comprometeu a realizar o reassentamento das famílias que atendam aos critérios e normativas do programa de reforma agrária. Dessa forma, o Incra está realizando o cadastro dos agricultores. Até o momento, foram cadastradas 45 famílias.

Por fim, a Funai reafirma a legalidade do processo de regularização da Terra Indígena Marãiwatsédé – homologada por decreto presidencial em 1998 e reconhecida por sucessivas decisões judiciais –, que legitima o direito constitucional do povo Xavante de voltar a viver em seu local originário, com a garantia do usufruto e da posse permanente de sua terra.

Fundação Nacional do Índio – Funai
Brasília, 28 de novembro de 2012.

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Situação do povo Guarani-Kaiowá é debatida durante Audiência Pública no Senado

1º de novembro de 2012 - A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado realizou, hoje (1º), Audiência Pública para discutir a situação do povo Guarani-Kaoiwá, do Mato Grosso do Sul. A iniciativa foi do senador Paulo Paim (PT-RS) motivado pela carta, divulgada na semana passada, da comunidade de Pyelito Kue, que vive no município de Iguatemi (MS).

Por meio da audiência, setores da sociedade, Legislativo e Executivo foram convocados a debater possíveis soluções para o conflito vivenciado, há décadas, pelos povos indígenas da região. A presidenta da Funai, Marta Maria Azevedo, explicou as providências adotadas pelo órgão para prevenir o acirramento de conflitos e promover a segurança dos indígenas no Cone Sul do MS.

A primeira delas foi entrar com recurso na Justiça, solicitando a suspensão da liminar de manutenção de posse concedida ao proprietário da Fazenda Cambará, que disputa com os indígenas de Pyelito Kue a posse da terra. A ação surtiu efeito e, na última quarta-feira (30), o Tribunal Federal da 3ª Região (TRF-3), em São Paulo, decidiu favoravelmente pela permanência dos Guarani-Kaiowá no local. Outra providência foi a convocação de diversos setores do governo com o objetivo de elaborar um Plano de Proteção e Prevenção de Conflitos Fundiários para a região e, por fim, a decisão da presidenta Dilma Rousseff e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, apoiando a Funai para concluir, em 30 dias, os estudos do Grupo de Trabalho referente a essa terra indígena.

Marta Maria Azevedo falou ainda das dificuldades enfrentadas no processo administrativo de demarcação das terras indígenas, uma vez que são muitos os casos que sofrem questionamentos na Justiça, em qualquer de suas etapas. Ela ressaltou a importância do diálogo entre setores da sociedade, governo federal, governos estaduais e povos indígenas para solucionar a situação e evitar a tensão vivenciada cotidianamente no MS. “É preciso que seja firmado um pacto social porque a Funai, sozinha, não resolve esses conflitos, que são históricos”.

Para o procurador da República em Dourados (MS), Marco Antônio Delfino, a solução dos conflitos passa pelo reconhecimento de responsabilidade da União no processo de colonização do estado que culminou no atual cenário de violência. Segundo ele, o governo deve buscar uma saída orçamentária para indenizar os fazendeiros que hoje estão em terras indígenas e possuem títulos de propriedade expedidos pela própria União.

O Guarani-Kaiowá e antropólogo, Tonico Benites, relembrou as várias lideranças indígenas assassinadas, nos últimos anos, em decorrência de disputas pela terra e solicitou o apoio do Congresso para a solução dos conflitos. Disse ainda que a demarcação de terras indígenas não irá inviabilizar a produção agrícola no estado e que as reivindicações das comunidades são por pequenas parcelas de seus territórios tradicionais.

Os senadores presentes à audiência endossaram a sugestão apresentada ao plenário de continuidade dos debates sobre o tema no Legislativo com o objetivo de buscar uma saída definitiva para a situação vivenciada pelos Guarani-Kaiowá e propuseram fazer uma viagem para a região, visitando algumas áreas em conflito e prestando apoio às comunidades.

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Representantes de 10 etnias do Maranhão e Amazonas participam de reunião na Funai

08 de novembro de 2012 - A presidenta da Funai, Marta Maria Azevedo, recebeu nesta terça-feira (6), em Brasília, 200 representantes de 10 etnias dos estados do Maranhão e Amazonas. A audiência foi solicitada pelos indígenas para discutir a situação vivenciada pelos povos e comunidades nos dois estados. Também participaram da reunião, o diretor de Proteção Territorial (DPT), Aluisio Ladeira Azanha, e assessores da presidência da Funai.

Representantes de cada etnia apresentaram as dificuldades vivenciadas nas suas regiões, tais como a invasão das terras indígenas por madeireiros, grileiros, caçadores e pescadores para exploração dos recursos naturais e a forte presença de não indígenas, morando em áreas já demarcadas. As lideranças reforçaram a solicitação de suas comunidades por medidas de demarcação, fiscalização e extrusão das terras indígenas.

Aluisio Azanha reafirmou o compromisso que a Funai tem assumido com os povos indígenas do Maranhão, no sentido de fortalecer a gestão territorial e ambiental das terras indígenas e promover a continuidade das demarcações no estado, mesmo diante do cenário político adverso. Segundo ele, a Funai tem investido, nos últimos anos, em políticas de fiscalização a fim de garantir a posse plena das terras aos indígenas. No entanto, analisou que somente ações repressivas por parte do Estado brasileiro tem se mostrando insuficientes para reverter e enfrentar a problemática de invasões e atividades ilícitas nas terras indígenas, considerando a especificidade do contexto do estado do Maranhão.

O diretor exemplificou que, na TI Alto Turiaçu (MA), está em execução uma experiência de gestão do território, a partir de ações de vigilância e monitoramento, que articulam aspectos ligados ao etnodesenvolvimento, gestão ambiental e promoção social. A experiência conta com a participação efetiva dos povos indígenas e da Coordenação Regional da Funai em Imperatriz e, constatados os resultados positivos, deverá ser multiplicada às demais terras indígenas do estado.

Já a presidenta da Funai afirmou que o Maranhão é um estado prioritário para a gestão devido às dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas. “O Maranhão foi o primeiro lugar que visitei ao assumir a Funai. Pude presenciar no local a exploração ilegal de madeira, e por isso mesmo, a proposta tem sido fazer projetos de desenvolvimento sustentável nas terras indígenas aliados ao monitoramento territorial com participação efetiva das comunidades”, afirmou.

Os indígenas ainda reivindicaram a revogação da Portaria 303/AGU e a instalação, pela Funai, do Comitê Gestor da Coordenação Regional em Imperatriz (MA). “Apenas com a instalação do Comitê vamos poder garantir a participação de todos os povos indígenas na gestão da Funai na nossa região”, disse a representante do Conselho de Articulação dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima).

Outra reivindicação dos indígenas foi a estruturação das Coordenações Técnicas Locais (CTLs) da Funai. Sobre o assunto, a presidenta afirmou estar em diálogo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) para aprovação de um plano de investimento destinado a acelerar a instalação e estruturação das CTLs em todo o país.


 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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