Terça, 04 Dezembro
2012
Paulo de Araújo/MMASob risco: aumento
da demanda preocupa especialistas
SOPHIA GEBRIM
A conservação do bioma Mata
Atlântica e geração
de emprego e renda a partir do uso sustentável
da Palmeira Juçara são temas
da Oficina de Elaboração do
Plano de Melhoria da Cadeia de Valor da Polpa
dos Frutos da Palmeira Juçara, que
acontece até amanhã (05/12),
em Porto Alegre (RS). A atividade é
uma promoção da Rede Juçara
- conjunto de organizações e
produtores que trabalham com o uso sustentável
da espécie nos estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, São Paulo e
Rio de Janeiro -, e conta com o apoio do Programa
Projetos Demonstrativos (PDA) do Ministério
do Meio Ambiente (MMA) e da Agência
de Cooperação Internacional
Alemã (GIZ).
“Queremos aprofundar o diálogo do Ministério
do Meio Ambiente com os vários atores
da sociedade, iniciativa privada e instituições
de pesquisa de modo que seja aprimorada toda
a cadeia produtiva da Palmeira Juçara,
produto da sociobiodiversidade desse importante
bioma que é a Mata Atlântica”,
destaca a assessora da Gerência de Agroextrativismo
da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento
Rural Sustentável do MMA , Cláudia
Souza, que representa o ministério
no encontro. Conforme ela detalha, o objetivo
da oficina é elaborar um plano de melhoria
para a cadeia produtiva da palmeira, com a
análise das oportunidades, gargalos
e prioridades de ações. Os produtos
da sociobiodiversidade são resultado
de atividades locais com agregação
de valor e conservação do meio
ambiente.
ESTRATÉGIAS
Ainda segundo assessora da Gerência
de Agroextrativismo, a elaboração
do plano de melhoria da cadeia produtiva da
espécie tem como base um conjunto de
ações já efetivadas,
como o mapeamento individual da cadeia em
cada Estado, identificação e
definição de territórios
estratégicos, definição
de potencialidades e elaboração
de diretrizes técnicas para boas práticas
de manejo da espécie. “Estas ações
foram efetivadas a partir de um processo de
articulação e construção
participativa com a realização
de duas oficinas interestaduais”, aponta Cláudia
Souza. Dessa forma, ela espera que esse fruto
da sociobio seja melhor trabalhado pelos agricultores
familiares, com a conservação
do meio ambiente e agregação
de valor aos subprodutos da planta.
Participam da oficina organizações
de agricultores familiares, comunidades, empresas
e cooperativas envolvidas com a produção,
beneficiamento e comercialização
da polpa de juçara. Além de
organizações de apoio à
cadeia de valor (assessoria técnica,
extensão e pesquisa), gestores e técnicos
públicos estaduais e federais, representantes
do Plano Nacional da Sociobiodiversidade e
lideranças representativas de outras
cadeias da sociobiodiversidade.
USOS DIVERSOS
Espécie nativa da Mata Atlântica,
a palmeira é historicamente explorada
para produção de palmito em
conserva. Porém, com a crescente demanda
pelo consumo do palmito, a planta surge como
espécie ameaçada de extinção
em florestas nativas do bioma. “Há
uns 50 anos o principal uso da palmeira era
para a produção de palmito porém,
há algum tempo, vem sendo trabalhada
a polpa da palmeira para diversos usos já
que, ao ser retirada, preserva a espécie
nativa nas florestas e não destrói
a planta como acontece quando é retirada
a matéria-prima para o palmito”, explica
Cláudia. Hoje, a polpa vem sendo amplamente
utilizada para alimentação e
culinária.
Dessa forma surge nova alternativa aos pequenos
produtores e comunidades rurais para a exploração
da espécie, que muito se assemelha
ao açaí, com a extração
e da polpa e dos frutos para reaproveitamento.
“Tudo isso levou a região à
uma nova visão da espécie, ao
invés de matar a planta, usa-se a polpa,
alternativa mais viável”, finaliza
a representante do MMA. “Sem contar no potencial
da espécie como ferramenta estratégica
para a conservação do bioma
Mata Atlântica e para o desenvolvimento
social de diversas regiões”.