Notícia - 1 - fev
– 2013 - Estudo do Imazon mostra que é
possível atender à demanda de
carne na próxima década só
usando áreas já abertas. Só
é preciso investimento. E vontade.
Nos próximos dez
anos, o Brasil tem condição
de atender à sua demanda de carne bovina
sem precisar derrubar mais floresta para isso.
A conclusão é do Imazon, que
cruzou as áreas já desmatadas
com as terras que tem potencial agrícola,
mapeadas pelo IBGE. Segundo o estudo, aumentando
a produtividade em apenas 24% dessas terras
já abertas – que totalizam cerca de
6,7 milhões de hectares –, seria o
suficiente para suprir à demanda do
mercado.
Para isso virar realidade,
vai ser necessário um investimento
de R$ 1 bilhão por ano. Pode parecer
muito, mas de acordo com os pesquisadores,
liderados por Paulo Barreto, a conta fecha
fácil com o volume de crédito
rural que chega para a Amazônia. “Este
nível de investimento é viável,
considerando que seria equivalente a cerca
70% do crédito rural anual médio
concedido no bioma Amazônia para a pecuária
entre 2005 e 2009”, aponta o estudo.
Barreto lembra que o investimento
deve vir de dois lados: em infraestrutura
e em treinamento, o que geraria, de quebra,
cerca de 39 mil novos empregos. E que é
um papel não só do produtor,
mas também do Estado, de direcionar
melhor os recursos e políticas para
a região. “Para a coisa acontecer numa
escala regional tem que reforçar as
políticas de combate ao desmatamento,
e de outro lado, tirar as amarras das políticas
de investimento na melhoria da produtividade”.
Se esses investimentos não
forem feitos, a retomada do desmatamento –
que nos últimos anos esteve em queda
– será inevitável. O estudo
aponta que, nesse caso, mais de 12,7 milhões
de hectares precisariam ser desmatados para
atender à demanda de carne nos próximos
dez anos, jogando para o alto os compromissos
públicos do governo na redução
da devastação. “A taxa de desmatamento
média anual até 2022 seria de
aproximadamente 3,4 vezes maior do que a meta
estabelecida pelo governo federal até
2020”, aponta a pesquisa.
Barreto também sublinha
que com os recursos das multas ambientais
aplicadas nos últimos anos, daria para
fazer um investimento maciço no setor.
Mas... “O Ibama arrecada menos de 1% das multas
que emite”, diz o pesquisador. “São
mais de 10 mil multas por ano. Com esse dinheiro,
nós já deveríamos estar
com o desmatamento zero”.
Enquanto esse dia não
chega, a sociedade civil continue pressionando.
O Greenpeace se uniu a outras organizações
sociais e ambientais numa aliança pela
lei popular do desmatamento zero. Mais de
700 mil pessoas já assinaram a petição.
O maior número possível de nomes
é necessário para que o projeto
possa sair do papel.