12/03/2013 - 16h09
Meio Ambiente
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A meta de reduzir 30% das
emissões de gás de efeito estufa
na capital paulista entre 2003 e 2012, conforme
determina a Lei 14.933 de 1999, não
foi cumprida pelo município. O Inventário
Municipal de Emissões e Remoções
Antrópicas de Gases de Efeito Estufa
(GEE), apresentado hoje (12) pela prefeitura,
mostra que, além de não alcançar
o objetivo, a cidade aumentou a emissão
de gás em 2010 e 2011. Foram 16 mil
gigagramas de gás carbônico equivalente
a mais, o que equivale a um ano de emissões.
No último inventário,
divulgado em 2005, mas que analisa dados referentes
a 2003, as emissões somavam 15.738
gigagramas de gás carbônico equivalente.
De 2009 para 2010, o total de emissão
de gases saltou de 15.115 para 16.087 gigagramas
de gás carbônico equivalente.
Em 2011, o número chegou a 16.430 gigagramas
de gás carbônico equivalente.
"Não é
aquilo que a gente esperava, apesar de todo
o esforço que se está fazendo.
É importante deixar claro que a cidade
de São Paulo não tem o controle
sobre a maioria dessas emissões. A
gente tem uma lei muito boa, mas todo esse
controle, quase nenhum é nosso. É
um início e, apesar de termos um aumento,
mostra que a cidade está no caminho
certo, que está preocupada com a questão",
avaliou o secretário municipal do Verde
e do Meio Ambiente, Ricardo Teixeira.
O relatório mostra
que a grande maioria dos gases (81,9%) são
gerados pela queima de combustível
e pelo gases que escapam da rede de gás
natural. Esses itens compõem a categoria
'energia' do inventário. Cerca de 60%
do item queima de combustível, por
sua vez, está relacionada ao sistema
de transporte.
Para o secretário,
esses dados reforçam a importância
de aperfeiçoamentos da lei de inspeção
veicular que está em discussão
no município. "Você percebe
que o foco principal é energético.
Você tem que ter uma conscientização
da população para mudar esse
modelo. A inspeção veicular,
que está engatinhando no Brasil, tem
que ser aperfeiçoada e ser mais rigorosa.
É um erro, por exemplo, só a
capital fazer e a região metropolitana
não", apontou.
O segundo setor que mais
contribui para a emissão de gases de
efeito estufa, com 15,6%, é o de 'resíduos',
que inclui efluentes líquidos (esgoto
doméstico e efluentes industriais)
e sólidos (disposição
em aterros, compostagem e incineração).
Os aterros são destaque nessa categoria,
pois representam 14% das emissões.
Os gases de efeito estufa
relacionados aos setores de energia e resíduos,
portanto, somam quase 100% das emissões
de São Paulo. "Não era
muito claro até agora o perfil dessas
emissões. Achava-se que era o sistema
de transporte, mas não havia uma métrica
que fazia essa avaliação. Agora
tem. Agora é mais fácil de atacar
setores específicos. Se eu trabalhar
com transporte e resíduos, vamos ter
altos ganhos no resultado. Temos uma ferramenta
para orientação de política".
As demais categorias, que são processos
industriais (2,4%) e uso da terra (0,1%),
têm pequena parcela de contribuição.
Na comparação
com Nova Iorque (EUA), São Paulo, apesar
de emitir menos gases, tem uma proporção
em relação ao Produto Interno
Bruto (PIB) maior: são gerados mais
poluentes para produzir a mesma riqueza. Na
cidade americana, a relação
é de 20 toneladas de gás carbônico
equivalente por real. Na cidade brasileira,
a proporção é de 39 toneladas
de gás carbônico equivalente
por real.
Vilela acredita que para
possibilitar avaliações mais
criteriosas sobre os efeitos dos gases, o
período de produção do
inventário, que hoje é de cinco
anos, deveria ser encurtado. "Fazendo
a aferição ano a ano, você
avalia quais são os impactos das políticas
públicas para as emissões de
gás de efeito estufa e dá para
estender isso também para a poluição,
porque ela impacta diretamente na qualidade
de vida das pessoas", declarou.
Edição: Denise Griesinger