01/04/2013 - 19h51
Meio Ambiente
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A segurança das usinas
nucleares do país vai receber investimento
de R$ 300 milhões até 2016.
De acordo com a Eletronuclear, empresa que
administra a Central Nuclear Almirante Álvaro
Alberto, em Angras dos Reis, o recurso será
aplicado em um plano de ação
para melhorar a segurança das usinas
contra catástrofes naturais.
O assessor da diretoria
técnica da Eletronuclear, Paulo Carneiro,
coordenador do comitê que elaborou o
Plano de Resposta a Fukushima, disse à
Agência Brasil, que os investimentos
se dividem em duas parcelas: os primeiros
R$ 150 milhões já estão
definidos para efetivação. “São
estudos e projetos já decididos pela
empresa”. Institutos de pesquisa nacionais
colaboram com os estudos, para que esses tenham
uma “apreciação totalmente independente”.
A outra metade é
orçamento contingenciado, porque, segundo
ele, algumas ações de melhorias
ainda dependem da conclusão de estudos.
Além de ser uma resposta ao acidente
nuclear ocorrido na central de Fukushima Daiichi,
no Japão, em 2011, em decorrência
de uma catástrofe natural (terremoto
seguido de tsunami), o plano resulta da preocupação
da Eletronuclear de estar investindo continuamente
na melhoria do desempenho e da segurança
das usinas, esclareceu Carneiro.
“O plano visa a aplicar
na central de Angra tudo aquilo que foi possível
aprender, tudo que o acidente de Fukushima
destacou para a indústria nuclear internacional”.
Dos R$ 150 milhões iniciais, já
foram aplicados R$ 30 milhões. A meta
da Eletronuclear é que até o
final deste ano os recursos investidos para
melhorar a proteção e a segurança
das usinas nucleares sejam ampliados para
R$ 50 milhões.
A primeira área do
plano consiste em avaliar a região
onde estão situadas as usinas com relação
à ameaças naturais, como terremotos,
tsunamis, chuvas torrenciais, deslizamentos
de encostas. “Tudo que em termos de desastres
naturais poderia levar a situação
de comprometimento da segurança. Paulo
Carneiro lembrou que o local foi objeto de
reavaliação para o licenciamento
da Usina Angra 3, em construção
na central nuclear, que confirmou as bases
do projeto.
“As nossas usinas já
estavam bem protegidas com relação
a esses eventos. Mas, o que Fukushima trouxe
de novo para a indústria nuclear foi:
aumentem as margens de segurança”.
Isso se deve à imprevisibilidade dos
fenômenos climatológicos, disse.
Os estudos preveem obras
de reforço de contenção
de encostas e fortalecimento estrutural da
barreira de proteção das usinas
contra os movimentos do mar. O assessor da
Diretoria Técnica da Eletronuclear
destacou, porém, que a central nuclear
de Angra está localizada em uma região
de baixa sismicidade e em águas protegidas.
A parte de desastres naturais que mais preocupa
são as chuvas torrenciais e o deslizamento
de encostas.
A segunda área tratada
pelo plano prevê a possibilidade de
trabalhar com novos equipamentos que possam
ser rapidamente conectados às usinas
diante de uma eventual falha da linha de defesa
contra catástrofes naturais. O objetivo
é suprir as condições
de segurança com equipamentos móveis,
adquiridos na indústria nacional. São
geradores a diesel móveis, motobombas,
compressores. “São equipamentos que
você possa lançar mão,
que não estão fixos. Que você
possa colocar em funcionamento, conectar rapidamente”,
destacou. Os equipamentos estão todos
em processo de compra e deverão estar
na central nuclear até o final do ano.
A terceira linha de defesa,
de acrodo com Paulo Carneiro, pretende propiciar
condições melhores para o plano
de emergência, caso todas as ações
anteriores venham a falhar e ocorra um acidente
na região. “Se um acidente de proporções
não puder ser evitado, de que maneira
você pode minimizar as consequências
para o público e o meio ambiente”,
disse.
Ele observou que embora
o plano de emergência seja responsabilidade
do estado, a Eletronuclear está trabalhando
em alguns projetos para dar alternativas ao
seu gerenciamento. Diante do questionamento
quanto à rota de evacuação
por rodovia, por exemplo, a empresa decidiu
construir quatro atracadouros no entorno da
central, dos quais dois estão com projetos
prontos para início de construção
este ano e os restantes em 2014, visando a
permitir a possibilidade de movimentação
de pessoas e materiais via marítima.
O plano estabelece ainda,
nessa terceira linha de investimentos, ações
que limitem as consequências radiológicas
de um acidente, de modo a conter e manter
material radioativo confinado. No total, o
Plano de Resposta a Fukushima engloba 58 iniciativas.