24/05/2013 - 5h51
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em pouco mais de duas semanas,
deve ser divulgado o novo levantamento sobre
a situação da Mata Atlântica.
O monitoramento é feito anualmente
pela Fundação SOS Mata Atlântica
a partir de imagens captadas pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As imagens mais recentes
do bioma (2010-2011), que abrange 17 estados,
mostram a redução da devastação,
incluindo o desmatamento e as queimadas. Apesar
da tendência de queda, especialistas
temem que as pressões exercidas sobre
essas florestas alterem essa trajetória.
Como o bioma é cercado
por áreas muito populosas, convive
com a constante ocupação. “São
desmatamentos pequenos para a expansão
de casas [chamado efeito formiga] e quando
você vê já foram destruídas
áreas grandes. A gente não consegue
acompanhar desde o início porque as
imagens usadas no monitoramento só
captam áreas maiores de 3 hectares”,
explicou Marcia Hirota, diretora de Gestão
do Conhecimento da SOS Mata Atlântica.
Quase 120 milhões
de pessoas vivem nos arredores da Mata Atântica,
segundo dados do Ministério do Meio
Ambiente. Os estados que abarcam o bioma respondem
por 70% do Produto Interno Bruto (PIB).
Ao lado da importância
econômica dessas regiões, estão
os serviços prestados pela floresta
que as circundam. A biodiversidade da mata,
considerada uma das mais ricas do mundo, é
responsável, segundo especialistas
e o governo, por regular o fluxo dos mananciais
hídricos, assegurar a fertilidade do
solo, controlar o equilíbrio climático
e proteger encostas de serras, evitando desmoronamentos
como os que vêm sendo registrados em
Teresópolis e em Petrópolis,
no Rio de Janeiro.
“A preservação
da mata ciliar é uma garantia de sobrevivência
para essas populações. Não
é simplesmente porque é a casa
dos bichinhos, mas é pelos benefícios
às pessoas”, disse Marcia. “A água
é um assunto que todo mundo entende.
Se aquelas nascentes, protegidas pelas florestas,
desaparecerem, não teremos água
para consumir”, completou.
O estado do Rio de Janeiro
vem registrando redução da devastação
e o modelo adotado de criação
de áreas protegidas privadas e públicas,
para manter a diversidade biológica,
é apontado como eficiente.
Números do Instituto
Estadual do Ambiente do Rio (Inea) mostram
que desde 2007 a área das unidades
de conservação com proteção
integral passou de 117 mil hectares para 204
mil hectares. A proteção aumentou
com a criação de quatro parques
estaduais (Cunhambebe, Costa do Sol, Lagoa
do Açu, Pedra Selada ), a ampliação
de mais três parques (Ilha Grande, Três
Picos e Serra da Tiririca) e da Reserva Biológica
de Araras e a criação de duas
áreas de proteção ambiental
(APA) estaduais (Rio Guandu e Alto Iguaçu).
Marcia Hirota lembra que
o Rio já esteve no topo da lista de
devastadores entre 11000 e 1995, com cerca
de 140 mil hectares atingidos. De 2010 a 2011,
a área devastada somou 51 hectares.
“A maior parte do que resta da Mata Atlântica
está nas mãos de particulares.
A criação de reservas particulares
é importantíssima. Foi uma redução
violenta, com os menores índices verificados”,
disse.
Quanto ao remanescente de
vegetação nativa do bioma, a
maior parte permanece sem proteção
e está fragmentada. O governo federal
estuda formas de incentivar a conservação
e o uso sustentável, como a recuperação
de áreas degradadas.
Os ambientalistas esperam
confirmar a trajetória de preservação
do bioma - formado por florestas, restingas
e manguezais, que já ocuparam aproximadamente
1,3 milhão de quilômetros quadrados.
Pelos dados do governo, cerca de 22% da cobertura
original estão mantidos e em diferentes
estágios de regeneração.
Aproximadamente 7% da mata estão bem
conservados.
No último levantamento,
mesmo com a queda da devastação
na Bahia e em Minas Gerais, os números
ainda preocupam. Em Minas Gerais, por exemplo,
do bioma que já cobriu 46% do território,
27 milhões de hectares, restam apenas
3 milhões de hectares. A Bahia assumiu
a segunda posição no ranking
com o desflorestamento de 4,6 mil hectares
de 2010 a 2011.