27/05/2013 - 15h21
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Pela primeira vez, os 18
cientistas que integram o comitê do
Programa Mundial de Pesquisa Climática,
WCRP na sigla em inglês, estão
reunidos no Brasil para avaliar as iniciativas
globais para mitigação e adaptação
às mudanças do clima. No encontro
anual, os dirigentes da organização
vão concluir, até a próxima
sexta-feira (31), um balanço de desafios
considerados prioritários, como melhorias
nas observações do nível
dos oceanos e medidas para avaliar e garantir
a disponibilidade de água em algumas
regiões.
“O Brasil está entre
os líderes em várias iniciativas,
como as voltadas para mitigação
das alterações climáticas
e, ao lado da França e dos Estados
Unidos, do sistema de observação
do nível do mar. Poucos se importam
com o que está acontecendo com os oceanos
no mundo, como no Brasil, que tem uma costa
muito grande”, disse Antonio Busalacchi, que
preside o grupo, explicando que a liderança
brasileira nessas políticas motivou
a escolha do país para sediar a 34ª
reunião do grupo, que existe desde
1985.
“Quis que os integrantes
do comitê fossem apresentados a esse
cenário. A discussão vai girar
em torno de tópicos sobre climatologias
em escala regional”, explicou, citando situações
que estarão no centro dos debates,
como a do Nordeste brasileiro, que enfrenta
seca extrema há dois anos.
Há quatro anos, o
Brasil se comprometeu a reduzir as emissões
de gases de efeito estufa, apontadas como
uma das principais responsáveis pelas
alterações de temperatura da
Terra, entre 36,1% a 38,9% até 2020,
tendo como base o que emitia em 11000. O compromisso
foi firmado durante a Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas realizada em Copenhague,
COP15, e a Política Nacional de Mudanças
Climáticas transformou as metas voluntárias
em objetivos claros para o governo e para
vários setores.
A redução
do desmatamento na Amazônia e no Cerrado
está no topo da lista, que ainda inclui
investimentos na produção de
biocombustíveis, substituição
do uso de carvão nativo e inclusão
de técnicas de plantio que podem reduzir
a emissão de gases nocivos pela agricultura.
Na próxima semana, o governo brasileiro
vai divulgar o levantamento mais recente de
emissões de gases de efeito estufa.
A expectativa é que as áreas
de meio ambiente e de ciência e tecnologia
também anunciem os planos setoriais
de mitigação, com metas para
áreas estratégicas da economia.
Sem antecipar números,
Carlos Nobre, secretário de Políticas
e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento
do Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação disse que todos os
indicativos é que o país está
caminhando em direção à
meta. O termômetro que confirma essa
expectativa, segundo ele, inclui, por exemplo,
os índices de desmatamento que vêm
mostrando redução da devastação
de áreas em regiões estratégicas.
“Qualitativamente a gente
sabe que a avaliação é
boa porque o desmatamento na Amazônia
e no Cerrado está caindo. No ano passado,
tivemos o menor índice da série
histórica de desmatamento na Amazônia”,
disse. Para Nobre, as ações
de fiscalização e monitoramento
que estão sendo adotadas pelo governo
devem manter essas taxas em queda.
Para o grupo de cientistas estrangeiros, Nobre
também elencou programas brasileiros
que coincidem com as estratégias globais
do comitê. “O Brasil avançou
muito em medidas de mitigação,
mas temos que avançar ainda muito mais
na adaptação da sociedade brasileira,
do sistema econômico, da agricultura,
do uso da água, por exemplo. São
pesquisas que vão apontar políticas
tecnológicas de adaptação
e indicar políticas públicas,
como as voltadas para mobilidade urbana e
ocupação do litoral”, explicou
o secretário.
Recentemente, o governo
também criou o Instituto Nacional de
Pesquisas sobre os Oceanos (Inpo), reservando
outros recursos para pesquisas de longo prazo
nos 8,5 mil quilômetros do litoral brasileiro,
e iniciou a compra de equipamentos que vão
aumentar a capacidade de monitoramento sobre
a seca na Região Nordeste. “Estamos
comprando 1 mil medidores de chuva, 500 medidores
de umidade do solo, 100 estações
agrometeorológicas que vão aumentar
muito nossa capacidade de prever os impactos
da seca do Nordeste sobre a agricultura e
abastecimento de água”, explicou.