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CÓDIGO FLORESTAL COMPLETA UM ANO COM POUCOS AVANÇOS

Panorama Ambiental
Maio de 2013

21 Maio 2013 | por Aldem Bourscheit - Brasília (DF) - Um ano após entrar em vigor, o novo Código Florestal ainda não recebeu a necessária atenção do Governo e do Congresso. Mecanismos de incentivo econômico à conservação e à restauração florestal não decolaram, ferramentas que determinarão as áreas a serem preservadas e recuperadas em cada estado e bioma não foram definidas e um de seus principais instrumentos, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), precisa ser implantado urgentemente para a regularização ambiental de propriedades.

O país tem 5,4 milhões de propriedades rurais de todos os tamanhos e, segundo cálculos do Ministério da Agricultura, mais de 4 milhões delas têm alguma pendência ambiental. Como a lei fixa uma prazo inicial para cadastramento de 2 anos, pelo menos 12 mil registros deverão ser feitos diariamente.

“Um sistema de CAR* operando de forma transparente, pública e em bases confiáveis permitirá aos brasileiros acompanhar a aplicação do Código Florestal em campo, conhecer seus reflexos em nascentes e rios intermitentes no Nordeste e Centro-Oeste, por exemplo, bem como na economia e na gestão territorial do país”, ressaltou Jean Timmers, superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil, durante seminário na Câmara dos Deputados promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista.

Segundo o presidente do Ibama, Volney Zanardi, o Governo Federal deve cumprir o prazo estipulado na lei do Código Florestal e publicar nos próximos dias decretos e instruções normativas com as bases mínimas do CAR e dos Programas de Regularização Ambiental** que devem ser instituídos pelos estados e Distrito Federal para proprietários e posseiros rurais.

Vinte e quatro dos 27 estados já têm acordos assinados para adesão ao futuro sistema federal de cadastramento de imóveis rurais. “Testes de cadastramento e integração entre sistemas estaduais e federal de cadastramento estão acontecendo com os governos de Goiás, Rio de Janeiro, Bahia e Rondônia. Vinte estados usarão o sistema federal de cadastramento”, assegurou Zanardi. “A análise e validação dos dados dependerá também de municípios e estados”, ressaltou.

De olho no Código – Para garantir que compromissos sejam cumpridos e evitar novos retrocessos legais, sete entidades civis deram hoje o ponta pé inicial para a construção de um observatório do Código Florestal. Aberto a todos os setores interessados no tema, a plataforma acompanhará a implantação da lei gerando dados, informações e análises.

“Assim teremos transparência e debates qualificados na sociedade, que novamente terá protagonismo para mitigar aspectos negativos e barrar mais retrocessos legislativos. O que está ruim não pode ficar ainda pior e é preciso potencializar pontos positivos do projeto, como o que prega a restauração florestal”, explicou Timmers, do WWF-Brasil.

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), SOS Mata Atlântica, Instituto Centro de Vida (ICV), The Nature Conservancy Brasil (TNC), Conservação Internacional (CI), Instituto Socioambiental e WWF-Brasil são as primeiras entidades mobilizadas em torno do observatório.

* É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. Art. 29 do novo Código Florestal (Lei 12.651 / 2012)

** Serão instituídos, no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal, Programas de Regularização Ambiental - PRAs, que compreenderão o conjunto de ações ou iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo de adequar e promover a regularização ambiental com vistas ao cumprimento do disposto no Capítulo XIII da Lei no 12.651, de 2012. Artigo 9º do Decreto 7.830 / 2012.

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Permitir cana na Amazônia é retrocesso político e ambiental

15 Maio 2013 | A aprovação do Projeto de Lei 626/2011 pelo Senado, alterando o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da cana-de-açúcar e autorizando seu plantio em áreas alteradas e nos biomas Cerrado e Campos Gerais na Amazônia Legal, é um retrocesso nas políticas de ordenamento territorial e produtiva brasileiras.

Por isso, o WWF-Brasil recomenda que esta lei não seja referendada pela Câmara dos Deputados, pois avalia que a mesma não trará benefícios reais para a região ou para o setor. Pelo contrário, poderá se configurar em uma política sem impacto econômico positivo para a transformação regional e com grande potencial para geração de mais impactos ambientais.

É necessária uma maior reflexão sobre as reais soluções para o desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia, bem como uma política consistente para os biocombustíveis no Brasil.

O zoneamento original da cana-de-açúcar representou um avanço significativo quando restringiu áreas da Amazônia Legal, do Pantanal e da Bacia do Alto Paraguai para a expansão da cultura canavieira. Também foi positivo orientar sua expansão sobre regiões com melhores condições produtivas, reduzindo a pressão sobre ecossistemas conservados, por exemplo.

O argumento de que o zoneamento reduz a possibilidade de desenvolvimento regional é completamente equivocado. Existem alternativas econômicas e produtivas muito mais adequadas e adaptadas à Amazônia e outros biomas e suas realidades socioeconômicas. A produtividade e a eficiência produtiva da cana-de-açúcar na Amazônia não são compatíveis com a realidade do Centro-Sul e com áreas já apontadas para a expansão no zoneamento original. Tais áreas são com certeza suficientes para atender à demanda atual e às estimativas de crescimento do setor.

O ZAE original da cana-de-açúcar identificou 64,7 milhões de hectares aptos à produção de cana, sendo que destes, 19,3 milhões de hectares são áreas de alto potencial produtivo. A produção atual ocupa aproximadamente 9 milhões de hectares.

No Plano Nacional de Energia para 2030 está prevista a produção anual de 1,14 bilhões de toneladas de cana, demandando uma área de 13,9 milhões de hectares. Neste contexto, a principal justificativa para um aumento de produção de biocombustíveis é inapropriada, considerando que o ZAE de 2009 informa que o país teria uma área de 50,8 milhões hectares aptos à produção e sem considerar a área da Amazônia Legal.

Mesmo que projeto de lei foque em áreas abertas, de Cerrado e de Campos Gerais da Amazônia Legal, a pressão sobre o os ecossistemas naturais aumentará indiretamente pelo deslocamento de outras atividades produtivas e diretamente pela dificuldade do cumprimento das legislações vigentes. Ainda mais em um cenário de Código Florestal enfraquecido associado à baixa governança na Região Amazônica.

Melhorar e incentivar a produção de biocombustíveis no país é possível e deveria ser atrelado a uma política real de incentivo econômico, contrária à política atual de incentivo ao consumo de gasolina através da desoneração dos impostos e redução da competitividade do etanol.

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Entidades cobram planos setoriais sobre mudanças do clima

09 Maio 2013 | Entidades civis cobraram hoje (9) do Governo Federal a apresentação dos planos para mitigação e adaptação às mudanças climáticas dos setores de Indústria, dos Transportes, da Saúde, e da Mineração, e pediram que a revisão do Plano Nacional da área, de 2008, traga metas e ações concretas contra o problema. Os planos setoriais deveriam ter sido publicados em abril do ano passado.

A mobilização contou com carta entregue à Casa Civil (confira no atalho ao lado) e participação em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, com representantes da Frente Parlamentar Ambientalista e da Comissão Mista de Mudanças Climáticas.

Segundo Carlos Rittl, coordenador do programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, o Observatório do Clima (OC) e o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS) estão muito preocupados com a revisão do Plano Nacional e aguardam mais informações para avaliar seu conteúdo.

"Um artista não pode fazer uma crítica a uma obra de arte sem antes ver toda a obra. Nós não nos consideramos capazes de fazer uma reflexão sobre o conteúdo do Plano, já que não temos os elementos mínimos para isso”, concluiu. Rittl representou as duas redes na audiência pública. Elas reúnem cerca de 700 organizações da sociedade civil brasileira.

No início de abril, o Observatório do Clima há havia encaminhado dois documentos, um para a Presidente Dilma Rousseff e outro para a Casa Civil, cobrando a divulgação da versão final dos planos setoriais.

“O Plano de 2008 foi um passo importante, mas foi elaborado quando ainda não tínhamos uma Política de Mudanças Climáticas. Ele não nos levará a um desenvolvimento de baixo carbono, não trouxe inovações. Também não tem metas, apenas objetivos específicos, como acabar com a perda líquida de florestas até 2015”, afirmou Rittl, do WWF-Brasil. “Queremos ajustes significativos para que a revisão seja objetiva e útil à sociedade civil”, completou.

Na audiência, a representante do Ministério do Meio Ambiente, Karen Cope, informou que os planos estão concluídos, aprovados e serão “lançados pela Presidência da República em reunião com o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas”. “O não lançamento não impediu avanços na implementação dos planos. O plano da Indústria, por exemplo, tem comissão técnica instalada e tem tido debates de altíssima qualidade”, disse.

Ela pediu que o OC e o FBOMs revissem a posição de não comentar o conteúdo do plano. “Entendo a posição de aguardar os planos setoriais (para comentar o conteúdo do Plano). Mas não termos o subsídio e a participação de vocês será prejudicial para o processo”, afirmou.

Também participam Neilton Fidelis da Silva, assessor no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; Gustavo Luedemann, coordenador-Geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, além de outros representantes do Ministério do Meio Ambiente e da Casa Civil.

 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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