Notícia - 5 - jun
– 2013 - Hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente,
a gente deveria celebrar a riqueza que o país
tem em florestas, rios e fauna. Mas o vento
que sopra do Planalto não é
o mais promissor.
A presidente Dilma e a ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, tentaram montar um circo
para transformar notícias velhas em
propaganda do governo. É como se o
Dia Mundial do Meio Ambiente não existisse
para elas. E, se levarmos em considerações
as últimas ações e falas
desse governo, ele não existe mesmo.
Elas mostraram - de novo
- uma queda histórica no desmatamento
da Amazônia, que deve ser comemorada,
mas que reflete uma situação
atrasada (4.571 km2 entre agosto de 2011 e
julho de 2012). Desde então, sinais
de aumento do desmatamento surgem a toda hora,
inclusive vindos do próprio governo
por meio de seu sistema Deter. Sobre isso,
ninguém falou nada.
Dilma discursou sobre planos
estruturantes para a Amazônia que unam
combate à derrubada a ações
de estímulo ao desenvolvimento preservando
a floresta. A fala cheira a ilusão
para quem acompanha as últimas notícias
da região: indígenas com direitos
contestados; o Ibama com poder de fiscalização
desidratado; um Código Florestal que
beneficia e premia quem passa o trator sobre
a floresta; projetos de infraestrutura, notadamente
grandes hidrelétricas, planejadas e
construídas sem que premissas socioambientais
sejam seguidas.
"Até alguns
anos atrás, o Planalto usava o Dia
Mundial do Meio Ambiente para dar boas notícias
concretas, como demarcação de
novas unidades de conservação
e políticas de apoio a terras indígenas
e ao desenvolvimento sustentável. Mas
o que vimos hoje foi o governo agindo fora
do contexto real do campo, como se estivesse
num mundo de Alice, do outro lado do espelho,
em que a realidade é distorcida",
afirma Renata Camargo, assessora política
do Greenpeace.
"Os brasileiros esperam
e merecem mais. É possível acabar
com o desmatamento, controlar a emissão
de gases-estufa, acabar com a violência
e o trabalho escravo no campo e crescer com
respeito ao ambiente."
Por fora, bela viola
O Planalto também
tentou usar a Política Nacional de
Mudanças do Clima, feito para controlar
as emissões brasileiras de gases-estufa,
para inflar o evento. O governo anunciou a
divulgação de cinco planos setoriais
que, na prática, deveriam ter sido
anunciados há quase um ano.
"O governo tentou dourar
a pílula do aumento de emissões
de gases-estufa em alguns setores comemorando
uma queda geral, e usou cálculos áridos
da política para esconder o tamanho
do desafio", afirmou Camargo. A verdade
é que as emissões gerais caíram
porque o desmatamento na Amazônia caiu,
e metas estabelecidas para o desmatamento
do Cerrado, por exemplo, foram construídas
de forma a serem facilmente atingidas.
Divulgando a estimativa
de emissões referente ao período
de 2005 a 2010, há um dado de alerta:
apesar da queda do desmatamento, as emissões
dos demais setores estão em crescimento.
O setor de energia, por exemplo, aumentou
em 21,5% as emissões no período
referido. O aumento do uso do petróleo,
especialmente no setor de transporte, e a
volta de fontes sujas de energia como o carvão
nos leilões elétricos indicam
que esse aumento só está começando.
Dilma ainda tentou criar
um falso dilema, mostrando térmicas
e hidrelétricas com grandes barragens
como as únicas fontes possíveis
de geração de energia no futuro.
Esqueceu de propósito o potencial inexplorado
no país de fontes solar, eólica
e da biomassa.
O Brasil tem a chance
de realmente dar o exemplo para o mundo não
só voltado para o passado. Há,
no entanto, uma preferência em fechar
os olhos e criar um conto de fadas, em vez
de enfrentar abertamente o desafio de crescer
preservando o ambiente. É preciso respeitar
os direitos humanos, os povos indígenas,
as comunidades tradicionais, ao mesmo tempo
em que se busca a conservação
das florestas e o controle do aquecimento
global.