23 Outubro 2013 | Foram
descobertas pelo menos 441 novas
espécies de animais e plantas na vasta
e ainda não totalmente conhecida Floresta
Amazônica, entre eles um macaco que
ronrona como um gato.
Essas descobertas, ocorridas
entre 2010 e 2013, incluem um lagarto que
tem um desenho de chamas no couro, uma piranha
vegetariana, e uma rã do tamanho da
unha de um polegar.
A compilação
dessas novas espécies, descobertas
por muitos dedicados cientistas, foi realizada
pela Rede WWF. Os números impressionam:
são 258 novas espécies de plantas,
84 de peixes, 58 de anfíbios, 22 de
répteis, 18 de aves e uma de mamífero.
A lista não inclui um número
incontável de novas espécies
de insetos e outros invertebrados que também
foram descobertos nesse período.
“A compilação
e a atualização sobre as novas
espécies descobertas em toda a Amazônia
nos mostra o quanto a região é
importante para a humanidade, e o quanto é
fundamental pesquisá-la, compreendê-la
e conservá-la. A biodiversidade está
ameaçada pela destruição
dos ecossistemas. Não podemos nos permitir
perder essa riqueza e nem deixar de conhecê-la”,
afirma Claudio Maretti, líder da Iniciativa
Amazônia Viva da Rede WWF.
“Com uma média de
duas novas espécies identificadas a
cada semana nesse período fica claro
que a extraordinária Amazônia
continua sendo um dos espaços mais
importantes da biodiversidade mundial”, acrescentou
Maretti.
Veja ao lado cinco destaques
dentre as novas espécies descobertas:
O zogue-zogue Caqueta titi (Callicebus caquetensis)
é uma das 20 espécies existentes
desse tipo de macaco que vive na Amazônia.
Os bebês dessa espécie apresentam
uma característica cativante: “quando
eles estão muito satisfeitos, eles
ronronam um para o outro”, explica o cientista
Thomas Defler.
A impressionante flor cor-de-rosa
(Sobralia imavieirae) é uma das 45
novas espécies de orquídeas
recém-descobertas. A Amazônia
já era conhecida por abrigar um alto
número de espécies florísticas
e essa última dádiva botânica
realçou ainda mais a reputação
mundial da região pela sua diversidade
de plantas.
Apesar de ter sido descoberta
recentemente, essa pequena rã, do tamanho
de uma unha de polegar, é considerada
uma espécie muito ameaçada de
extinção. O nome científico
(Allobates amissibilis) significa “que pode
ser perdida”. Esta é a terceira espécie
Allobates encontrada na Guiana.
Encontrada nas montanhas
que estão na fronteira entre a Guiana
e o Brasil, essa espécie de cobra de
cores vivas foi batizada de Chironius challenger,
em homenagem ao personagem Professor George
Edward Challenger, do livro “O mundo perdido”,
de Arthur Conan Doyle.
Segundo os cientistas observaram,
esta nova espécie de peixe, denominada
Apistogramma cinilabra, está adaptada
a níveis extremamente baixos de oxigênio.
Esse peixe não foi encontrado em nenhum
outro lugar do planeta. A nova espécie
é considerada única e característica
de um lago na região de Loreto, no
Peru.
Únicas e ameaçadas
de extinção
Totalmente novas para a
ciência, as plantas e animais que foram
descobertos recentemente também possuem
algo em comum. Encontradas em áreas
muito restritas, várias dessas novas
espécies são consideradas endêmicas
de pequenas partes da Floresta Amazônica
e não são encontradas em nenhum
outro lugar do mundo. Isso as torna ainda
mais vulneráveis à ameaça
do desmatamento.
“Estas novas espécies,
bem como as descritas anteriormente e aquelas
que ainda estão por serem confirmadas
pela ciência, formam um patrimônio
sagrado. Conservar os ecossistemas é
conservar a casa que essas espécies
necessitam para sobreviver”, comenta Maretti.
“As unidades de conservação
são o instrumento mais eficaz de conservação
da natureza e de proteção da
biodiversidade. Dela vêm inúmeros
serviços fundamentais para as sociedades
e a economia. Por isso, as áreas protegidas
e a biodiversidade devem ser consideradas
e integradas como um elemento do desenvolvimento
sustentável, de interesse de todos
e para todos”, conclui.
Amazônia
A Amazônia é
a maior floresta tropical remanescente no
planeta, abrigando pelo menos 10% das espécies
conhecidas no mundo. A também maior
bacia hidrográfica conta com mais de
100,000 km de cursos d´água,
incluindo nascentes e afluentes que formam
o rio Amazonas, que atravessa quase 7,000
quilômetros até chegar ao Oceano
Atlântico.
O bioma Amazônia estende-se
por 6,7 milhões de km2 em nove países:
Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador,
Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana
Francesa, abrigando 33 milhões de pessoas,
entre elas 350 grupos indígenas, dos
quais cerca de 60 em isolamento voluntário,
A integridade ecológica do bioma e
a manutenção dos serviços
que os ecossistemas fornecem para a população
da região e para a humanidade, incluindo
a regulação dos padrões
climáticos, estão ameaçadas
por uma série de interesses econômicos
que repetem o modelo predatório usado
em outras regiões do planeta.
Metodologia
O termo “nova espécie”
é utilizado pela comunidade científica
para indicar a primeira vez em que uma espécie
foi oficialmente descoberta. “Descrever” uma
espécie nova se refere ao processo
oficial por meio do qual uma espécie,
após ser descoberta, é descrita
em publicação científica,
avaliada pelos pares, e a partir dali ela
será formalmente denominada uma “nova”
espécie.
Essa compilação
apresenta uma lista de novas espécies
do bioma Amazônia descobertas no período
de 2010 a 2013. Somente as novas espécies
descritas em revistas científicas com
avaliação de pares foram incluídas.
Além das espécies aqui listadas,
muitas outras foram encontradas no bioma Amazônia
durante os últimos quatro anos -- que
poderão, eventualmente, se tornar espécies
novas para a ciência. No entanto, as
espécies que ainda aguardam o reconhecimento
científico oficial não foram
incluídas nesse relatório.
Procurou-se ser abrangentes
ao listar as novas plantas e animais vertebrados
do bioma Amazônia que foram descritos
nos últimos quatro anos. Mas não
existem listas do maior grupo vivo do planeta,
que são os invertebrados. Por isso,
o número total de novas espécies
apresentada é, sem dúvida, uma
subestimativa.
Outro relatório
da Rede WWF, lançado em 2010 e intitulado
Amazônia Viva! Uma década de
descobertas - 1999-2009 (Amazon Alive! A decade
of discovery 1999-2009), mostrou que, entre
1999 e 2009, no mínimo 1.200 espécies
novas de plantas e vertebrados foram descobertas
na Amazônia. As novas descobertas de
então incluíam 637 espécies
de plantas, 257 peixes, 216 anfíbios,
55 répteis, 16 aves e 39 mamíferos.
Esta nova lista de agora demonstra que não
há nenhuma indicação
de que o ritmo das descobertas esteja diminuindo.