11 Novembro 2013 | Começa
hoje, 11 de novembro, e segue até dia
22, em Varsóvia, na Polônia,
a 19ª Conferência das Partes -
COP 19, com o objetivo de trilhar novos caminhos
para um acordo internacional para cortar emissões
de gases de efeito estufa.
Esta conferência é uma importante
reunião, onde estarão presentes
governos de mais de 190 países, que
vão discutir sobre um acordo internacional
para temas associados à mitigação,
financiamento e adaptação às
mudanças climáticas. O objetivo
deste acordo é obrigar os países
a agir, por força de lei, a reduzir
o lançamento de gases para a atmosfera.
O novo tratado deverá ser assinado
por todos os países na conferência
em Paris, em 2015, e entrar em vigor a partir
de 2020.
O novo acordo internacional
teve a sua criação definida
na COP17 na África do Sul, visando
substituir o antigo Protocolo de Kyoto vigente
de 2008 a 2012, que buscava garantir que os
países desenvolvidos reduzissem suas
emissões em 5,2% entre 2008 e 2012
com base nas emissões de 11000. O Protocolo
Kyoto não alcançou suas metas,
principalmente por não contemplar grandes
emissores mundiais, como os Estados Unidos,
que não ratificaram o protocolo, e
países em desenvolvimento como o Brasil,
Índia e China, responsáveis
por uma grande parte das emissões globais.
Segundo André Nahur,
coordenador interino de mudanças climáticas
e energia do WWF-Brasil, diz que “o grande
desafio do novo protocolo a ser definido em
2015 é definir padrões seguros
de emissões respeitando a responsabilidade
histórica dos países e garantindo
um desenvolvimento de baixo carbono para o
mundo com base em um princípio de equidade”.
A COP 19 começa em
um contexto mundial complexo de mudanças
climáticas, em que os níveis
seguros de emissões de gases de efeito
estufa foram atingidos em maio de 2013. O
5º Relatório do IPCC, lançado
em setembro deste ano, reafirmou que há
mais de 95% de probabilidade que a ação
do homem é responsável pela
elevação média da temperatura
, principalmente por causa da queima de combustíveis
fósseis e do desmatamento, chegando
a aumentos de 40% de CO2 na atmosfera desde
10000.
A conferência deste
ano começa dando exemplos de como os
países tem tratado o tema, segundo
a chefe da delegação do WWF,
Tasneem Essop: “ O governo polonês tem
demonstrado como não lidar com essa
importante negociação e tem
expectativas muito baixas para esta reunião.
Ele estão tentando emplacar uma abordagem
que respalda o carvão como um carvão
verde, coisa que não existe”. De acordo
com ela, o mundo das políticas de clima
e energia ainda é pautado por interesses
de empresas de combustíveis fósseis
e não por decisões que buscam
um objetivo comum do que é o melhor
para o mundo e para a humanidade.
Brasil exerce importante
papel na política do clima
O Brasil se apresenta como
um importante membro do BASIC , formados também
pela África do Sul, Índia e
China, com negociadores de alto nível,
e muitas vezes com papel de liderança
em questões específicas na UNFCC
(Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas).
“Apesar de o Brasil ter reduzido quase 80%
de sua meta de 36.1 a 38.9% de suas emissões,
principalmente com base na redução
do desmatamento na Amazônia, o país
continua investindo principalmente em energia
hidroelétrica, geração
elétrica baseada em carvão e
na exploração do petróleo,
desconsiderando o seu potencial solar e eólico
e perdendo a oportunidade de criar um desenvolvimento
baseado em baixo carbono e de segurança
climática para a sua população,”
avalia André Nahur, coordenador interino
de mudanças climáticas e energia
do WWF-Brasil.
No âmbito das negociações
internacionais, o WWF-Brasil espera que os
governos concordem para fechar a lacuna de
emissões antes de2020; estabeleçam
um processo independente de especialistas
para garantir uma estrutura de referência
em equidade; dediquem-se para mobilizar recursos
para um financiamento climático, e
que a COP 19 resulte numa trajetória
clara para aumentar o financiamento público
até US$ 100 bilhões por ano
até 2020; e, por último, cheguem
a um acordo comum em 2015.
O WWF-Brasil reafirma a
importância de o governo brasileiro
assumir um protagonismo nas negociações
buscando um acordo climático global
que garanta uma segurança climática,
considerando o grande impacto do aquecimento
global no seu território e em comunidades
marginalizadas e carentes que sofrem com estas
mudanças.
+ Mais
Ongs e movimentos sociais
se retiram da COP 19
21 Novembro 2013 | A Rede
WWF, em conjunto com algumas das maiores Organizações
Internacionais e movimentos sociais do mundo,
deixaram a Conferência do Clima em Varsóvia,
na Polônia, na tarde desta quinta (21),
em um protesto motivado pela falta de avanço
nas negociações do clima. Em
nota, a rede WWF divulgou que a COP 19 deveria
ter sido um passo importante na transição
para um futuro sustentável, mas está
no caminho de não apresentar nenhum
resultado concreto. Foram observadas algumas
ações de países ricos
para enfraquecer diretamente a própria
UNFCCC, (sigla em inglês para Convenção-quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças
do Clima). O evento é um importante
processo multilateral que deve ser bem-sucedido
para encontrar uma solução para
a crise climática global.
De acordo com a nota, a
Conferência de Varsóvia colocou
os interesses das indústrias de energia
suja acima dos cidadãos com a realização
no mesmo período do evento “Coal&Climate
Summit”; com o patrocínio corporativo
dos grandes poluidores espalhados por diversos
locais da cidade; e com a forte atuação
da presidência da Polônia com
a indústria do carvão e do gás
de xisto. “Quando o Japão anunciou
que estava seguindo o Canadá ao retroceder
nos compromissos de corte de emissões
feitos anteriormente, e a Austrália
deu múltiplos sinais de que não
estava disposta a levar o processo climático
das Nações Unidas a sério,
a integridade das negociações
ficaram ainda mais comprometidas”, enfatizou
o documento.
Sendo assim, organizações
e movimentos que representam pessoas de todos
os cantos do planeta decidiram retirar-se
voluntariamente das negociações
sobre o clima de Varsóvia. “A ação
teve como foco mobilizar pessoas para pressionar
governos a assumirem a liderança para
uma ação climática. Vamos
trabalhar para transformar nossos sistemas
de energia e de alimentos a nível nacional
e global e reconstruir um sistema econômico
quebrado para criar uma economia sustentável
e de baixo carbono, com empregos decentes
e meios de subsistência para todos”,
afirma Samantha Smith, líder da Iniciativa
Global de Clima e Energia da Rede WWF.
As discussões têm
sido feitas em um país com mais de
90% de energias fósseis em sua matriz
energética. Para a secretária-geral
do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de
Brito, isso mostra uma divergência na
liderança de uma COP que tem a importância
de iniciar um processo importante em um contexto
de emergência climática. “É
clara a falta de coerência nesta COP,
além de uma falta de prioridade do
governo polonês para uma agenda climática
e clara preferência por combustíveis
fósseis”, avalia.
A sociedade civil está
pronta para se envolver com ministros e delegações
que realmente queiram negociar em boa fé.
Na Conferência de Varsóvia, os
governos dos países ricos não
têm nada para oferecer. Muitos governos
de países em desenvolvimento também
estão lutando e não estão
conseguindo defender os direitos e necessidades
dos seus povos. É claro que se os países
continuarem agindo dessa forma, os próximos
dias de negociações não
vão resultar nas ações
que o mundo está precisando.
O WWF acompanha as conferências
de clima da ONU desde o seu início
em 1995 e seu processo de criação
que começou em 11000. A organização
contribuiu com conteúdo técnico
e trouxe contribuições para
que as negociações avançassem
em decisões efetivas para reduzir as
emissões de gases de efeito estufa
e os impactos das mudanças climáticas
no mundo.
Lista das organizações
que aderiram ao movimento:
Aksyon Klima Pilipinas
ActionAid
Bolivian Platform on Climate Change
Construyendo Puentes (Latin America)
Friends of the Earth (Europe)
Greenpeace
Ibon International
International Trade Union Confederation
LDC Watch
Oxfam International
Pan African Climate Justice Alliance
Peoples’ Movement on Climate Change (Philippines)
WWF