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DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA NÃO PODE SAIR DO CONTROLE

Panorama Ambiental
Novembro de 2013

27 Novembro 2013 | por WWF-Brasil
Brasília (DF) - As taxas de destruição da maior floresta tropical do planeta voltaram a subir após cinco anos de queda consecutiva. Os números divulgados pelo Governo Federal em véspera de feriado estimaram quase seis mil quilômetros perdidos entre agosto de 2012 e julho de 2013, que representam um aumento de 28%, ainda sem discriminar desmatamentos ilegais dos autorizados pelo Ibama e órgãos estaduais. Como dados oficiais, eles são referência para ações de controle e de planejamento do uso do solo regional.

As maiores áreas desflorestadas se concentram em frentes de expansão agropecuária, no Mato Grosso, Roraima, Maranhão e Pará, e também em regiões como no entorno da BR-163 (Cuiabá-Santarém), da BR-364 (Cuiabá-Porto Velho) e sul do Amazonas, além de possíveis influências do garimpo, sobretudo no Pará. Acre, Amapá e Tocantins reduziram suas taxas.

Vale ressaltar que, se associarmos o desmate registrado na Amazônia ao de outras regiões, o Brasil desponta com perdas anuais de aproximadamente 15 mil quilômetros quadrados, ou “a maior área de desmatamento do planeta”, como bem apontou artigo publicado no jornal O Globo em 20 de novembro (atalho ao lado).

Os dados oficiais ainda não detectam desmates com menos de seis hectares, fazendo com que essas perdas só sejam computadas no ano seguinte pela expansão das perdas de vegetação nativa. No geral, as taxas de desmatamento continuam em níveis proibitivamente altos, pela falta ou ineficácia de políticas publicas para seu ordenamento e controle, e também devido a escassez de valorização da floresta em pé frente a outros usos da terra.

Um conjunto de fatores influi no incentivo ao desmatamento, como a relativa ineficácia das ações voltadas ao seu controle, como políticas de ordenamento de uso da terra, além de fiscalização, comando e gestão pública dos recursos naturais.

Para o WWF-Brasil, o novo “Código Florestal” (Lei 12.651 / 2012) também pode ter incentivado o desmatamento, com base em uma nova onda de especulação por terras. A retomada dos preços das commodities, o avanço de obras e planos de projetos de infraestrutura e a não criação de unidades de conservação também pesam na balança da destruição da Amazônia.

Para tanto, é preciso fortalecer a agenda positiva para a região, envolvendo a consolidação de áreas protegidas, ações de fomento à produção florestal, aos conhecimentos tradicionais das comunidades locais e à valorização dos ativos florestais. Além disso, cabe atenção ao ordenamento e planejamento do uso do solo, inclusive agrícola e da produção de commodities, respeitando as vocações locais, as áreas de concentração de infraestrutura e a geração de mercados conscientes para a origem dos produtos.

Mais que tudo, é importante reconhecer que é fundamental o reconhecimento dos ativos ambientais da região, que prestam serviços essenciais à humanidade, como regulação climática, fornecimento de água, conservação de solos, ciclagem de nutrientes, abrigo da biodiversidade e manutenção de saberes tradicionais.

“Ainda é cedo para apontar com total segurança quais as reais razões para a retomada do desmatamento da Amazônia. O Governo precisa agir rapidamente para evitar que o mesmo fuja do controle e aumente os riscos para a região em termos da perda de sua biodiversidade e da depreciação de seu capital natural, com fortes impactos sobre sua população”, ressaltou Marco Lentini, coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil.

Bioma Amazônia

Infelizmente, em outros países amazônicos a tendência é de crescimento das taxas de desmatamento. Embora as fontes não sejam ainda estáveis, na maioria dos casos, já se constata, nos últimos anos, que as taxas anuais, as percentagens em relação à Amazônia de cada país e a área total desmatada nos países andinos passa a ser maior que área desmatada na Amazônia brasileira.

Nos países andino-amazônicos - Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Venezuela - tem ocorrido movimento econômico e demográfico da Cordilheira dos Andes em direção às terras baixas da Amazônia. Essa dinâmica ainda não está totalmente clara, mas a atração, o acesso e a ocupação devem estar associados ao aumento na criação de gado e de cultivos, a mineração, o petróleo e obras de infraestrutura, que estariam induzindo o desmatamento.

“Há uma necessidade urgente de fortalecer a cooperação entre os países do bioma Amazônico, com o objetivo de compartilhar experiências e lições aprendidas sobre o combate ao desmatamento. Sobretudo, é necessário cooperação para valorizar a floresta em pé, como ativo econômico de alto valor no bioma como um todo”, afirma André Dias, líder da Estratégia de Estímulo à Economia Florestal da Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF, que atua nos nove países do bioma Amazônia.

“A ciência e os fatos nos ensinam que as partes de cada um dos países amazônicos estão conectadas e o equilíbrio de toda a Amazônia depende do seu funcionamento como uma unidade ecológica, daí a importância o monitoramento e combate ao desmatamento em todos os países do bioma”, completa André Dias.

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Município do Pará vota pela criação de unidades de conservação

27 Novembro 2013 | No próximo dia 28 de novembro, moradores do município de Senador José Porfírio, no interior do Pará, terão uma missão importante: demonstrar, por meio de voto, seu apoio à criação de duas unidades de conservação (UCs) na região, que, entre tantas características, abriga o maior sítio de reprodução das tartarugas-da-amazônia da América do sul. Regido por lei, a Consulta Pública é a etapa posterior à elaboração de estudos ambientais, socioeconômicos e fundiários, que tem sido realizada desde 2009 pelo projeto de criação de Unidades de Conservação Estaduais, parceria da Secretaria de estado de Meio Ambiente (Sema/PA), do WWF-Brasil, do Instituto Floresta Tropical (IFT), da Universidade Federal do Pará e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Turismo (Semat) de Senador José Porfírio. O evento acontece das 9h às 13h, no Ginásio Poliesportivo Domingos Juvenil, do município.

Na região está localizada o Tabuleiro do Embaubal, que recebeu o nome devido à alta quantidade de tartarugas que depositam seus ovos no local – cerca de 20 mil fêmeas por ano. Após análise dos estudos foi proposta à criação de um Refúgio de Vida Silvestre (Revis), proteção integral, e uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), de uso sustentável (saiba mais abaixo). As áreas propostas para a Revis e a RDS apresentam área de pouco mais de 4 mil ha e de cerca de 23 mil ha, respectivamente, totalizando aproximadamente 26.925ha, em que a menor está envolvida dentro do território da maior. Pelo fato da RDS se tratar de uma unidade de conservação de uso sustentável, ela poderá disciplinar a utilização dos recursos naturais da região, protegendo a de uso integral.

É por meio da Consulta que os representantes municipais, organizações da sociedade civil, pesquisadores, ONGs e a população em geral são informados e podem opinar sobre as propostas de criação de uma UC. “Esse é um importante momento pois validaremos a proposta por meio de voto direto da população envolvida e avançaremos mais um passo importante em direção à criação destas unidades”, explica o analista de conservação do WWF-Brasil, Luiz Coltro.

Segundo ele, a organização tem atuado desde 2009 na região do baixo Xingu, no Tabuleiro do Embaubal, com ações voltadas para a conservação da tartaruga-da-amazônia e demais quelônios, por meio do projeto de conservação "Quelônios para Sempre". “Apoiamos mais de dez reuniões com as comunidades e organizações sociais para a discussão das criações destas duas unidades de conservação, além da realização de expedições de coletas de informações sociais e de dados biológicos na região, para subsidiar as informações técnicas para composição da peça de criação”, ressalta.

A proposta de criação de UCs também levou em consideração a grande beleza cênica do local, que possui ecossistemas de praia, várzea e igapó, exibindo uma rica diversidade biológica com presença de espécies ameaçadas de extinção, migratórias e endêmicas. São em algumas dessas praias que ocorrem a desova das tartarugas de água doce.

A Consulta encerra a fase participativa do processo. Após essa etapa, a proposta de criação das unidades de conservação seguirá para avaliação da Sema/PA. A expectativa é que a Sema/PA assine os decretos de criação dos locais ainda no primeiro semestre de 2014.

Criação de UCs

A criação de Unidades de Conservação é um passo fundamental para a preservação de importantes áreas de biodiversidade. É necessário um processo de pesquisa, consultas, defesa da ideia e apoio para que as áreas sejam oficialmente declaradas unidades de conservação e, assim, recebam a proteção da União. De acordo com a Lei 9.985, Art. 22, a criação de uma Unidade de Conservação (UC) deve ser precedida de estudos técnicos e de Consulta Pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os seus limites.

Áreas naturais diferentes requerem tipos específicos de status de proteção. Mesmo se sua principal função não for a conservação da natureza, algumas unidades de conservação podem ser relevantes também para salvaguardar a biodiversidade, desde que tenham um bom planejamento e um bom manejo.

Para saber mais:

O que é uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)?

As Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) são unidades de conservação de uso sustentável cujo objetivo é preservar a natureza e assegurar as condições para a reprodução e a melhoria dos modos de vida das populações tradicionais, inclusive na exploração de recursos naturais. Além disso, esta categoria de UC visa valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente desenvolvidas por estas populações.

São áreas de domínio público, mas abrigam populações tradicionais que vivem há gerações da exploração sustentável dos recursos da área e que utilizam técnicas tradicionais de manejo compatíveis com a conservação e a manutenção da biodiversidade. Além da exploração sustentável dos recursos, a visitação e a pesquisa cientifica também são permitidas na área, desde que autorizadas pelo órgão gestor.

O que é um Refúgio de Vida Silvestre (REVIS)?

Refúgios da Vida Silvestre são unidades de conservação de proteção integral que tem o objetivo de proteger áreas naturais importantes para a reprodução e manutenção de espécies. A ideia é que as UCs dessa categoria garantam as condições adequadas para a fauna e a flora se reproduzirem e sejam ainda um local seguro para espécies raras e/ou em extinção. Podem estar em território particular, desde que o uso da terra pelo proprietário respeite os objetivos e diretrizes da UC. A visitação pública e a pesquisa científica no local devem obedecer as normas e restrições estabelecidas pelo órgão gestor da área.

 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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