Sandra Tavares - (25/11/2013)
– A edição 342 da Revista Science,
datada de 22 de novembro
de 2013, traz nota informativa sobre o estudo
conduzido por pesquisadores do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio) acerca do risco de extinção
de onças-pintadas no bioma Mata Atlântica.
A nota, de autoria de Mauro
Galetti, do Departamento de Ecologia da Universidade
Estadual Paulita, contou com a colaboração
do coordenador-geral de Manejo para a Conservação
do ICMBio e pesquisador de Zoologia da Universidade
de Brasília (UnB), Ugo Vercillo e do
coordenador do Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação de Mamíferos
Carnívoros (CENAP/ICMBio), Ronaldo
Morato, além dos analistas ambientais
Beatriz Beisiegel e Peter Crawshaw.
Segundo pesquisadores, exemplares
da espécie estão em declínio
no Brasil. A Mata Atlântica que engloba
a costa do Brasil e partes da Argentina e
Paraguai, poderá se tornar o primeiro
bioma tropical a perder o seu maior predador
de topo, a onça-pintada (Panthera onca).
Os especialistas já
estimam em menos de 250 onças-pintadas
adultas vivas em todo o bioma, distribuídas
em oito espaços isolados. Análises
moleculares feitas na espécie revelam
ainda um parâmetro crítico para
a manutenção da diversidade
genética desses exemplares, ou seja,
a população efetiva pode ser
menor do que 50 animais.
A onça-pintada acaba
sendo alvo de pecuaristas por representar
uma ameaça sobre o gado. Mas a espécie
desempenha um papel crucial na cadeia trófica,
a exemplo do controle de herbívoros
tais como capivaras, veados, queixadas e predadores,
e em menor número de pumas, jaguatiricas,
raposas e guaxinins. A ameaça real
de sua extinção irá interromper
as interações predador-presa
com efeitos imprevisíveis sobre o funcionamento
do ecossistema da Mata Atlântica como
um todo – que já é altamente
fragmentada e sua biodiversidade distribuída
em área 12% menor do que a original.
Embora 24% das áreas
remanescentes sejam grandes o suficiente para
suportar as onças, as populações
são encontradas em apenas 7% da floresta.
Programas de suplementação de
população e reprodução
podem trazer uma nova esperança para
as onças, mas a caça descontrolada
continua difundida e ameaçando a existência
desse importante predador de topo.
+ Mais
QUATRO LUGARES BRASILEIROS
LISTADOS NA SCIENCE COMO INSUBSTITUÍVEIS
(21/11/2013) - Quatro lugares
brasileiros foram listados em estudo publicado
na última edição da revista
Science entre os 10 mais importantes do mundo.
Dois são abrangidos por Terras Indígenas:
Alto Rio Negro (Cabeça do Cachorro)
e Vale do Javari (fronteira AM-Peru) , que
ocuparam o 6º e 9º lugar respectivamente.
Na sequência em 8º estão
duas belezas cênicas encontradas dentro
de unidades de conservação (UC)
sob gestão do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio): O Parque Nacional do Itatiaia e
a Área de Proteção Ambiental
(APA) da Serra da Mantiqueira.
Ao todo foram analisados
78 lugares, que englobam 137 áreas
protegidas em 34 países, que juntos
protegem a maioria das populações
de 627 espécies de pássaros,
anfíbios e mamíferos, incluindo
304 espécies ameaçadas de extinção
em todo o mundo. A maioria das áreas
citadas estão em regiões de
floresta tropical, montanhas e ilhas. A análise
de dados abrangeu 173 mil áreas protegidas
terrestres e 21.500 espécies que estão
na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas
da União Internacional para Conservação
da Natureza (IUCN - sigla em inglês).
A coleta e análise de dados foram feitas
por especialistas da IUCN, do Centro de Ecologia
Funcional e Evolutiva (CEFE) na França,
do Centro Mundial de Monitoramento (UNEP-WCMC),
e da BirdLife International.
Além de apontar
as áreas protegidas mais críticas
para a proteção animal, o estudo
dá conselhos práticos para que
suas gestões sejam fortalecidas, como
o de monitoramento das espécies que
é responsabilidade da área proteger.
Algumas das áreas citadas já
são designadas como de "excepcional
valor universal" pela Convenção
do Patrimônio Mundial da UNESCO, como
as Ilhas Galápagos no Equador, o Parque
Nacional Manú no Peru e os Gates Ocidentais
da Índia. No entanto, metade da terra
coberta por essas áreas não
tem reconhecimento do Patrimônio Mundial,
o que de acordo com os pesquisadores poderia
fortalecer a proteção de espécies
únicas nessas áreas. É
o caso do Parque Nacional das Montanhas Udzungwa,
na Tanzânia, o pântano de Zapata,
em Cuba, e o Parque Natural Sierra Nevada
de Santa Marta, na Colômbia - considerado
pelo estudo o lugar mais insubstituível
do mundo para as espécies ameaçadas.