Brasília (29/01/2014)
– O Ibama realizou, entre os dias 21 e 22
de janeiro, a soltura de 55 macacos-prego.
Os animais deixaram o cativeiro onde viviam,
alguns há mais de dez anos,
no Centro de Triagem de Animais Silvestres
(Cetas) do Ibama, em Seropédica, Rio
de Janeiro. Eles foram levados para Guadalupe,
no interior do Piauí e reintroduzidos
no ambiente natural de ocorrência da
espécie, em ilhas formadas pelo lago
da Usina Hidrelétrica da Boa Esperança.
Segundo a analista do Ibama
e médica veterinária, Taciana
Sherlock, desde setembro do ano passado, técnicos
do Instituto se mobilizaram para que todas
as condições necessárias
ao transporte fossem atendidas. “Há
quatro meses estamos trabalhando na montagem
da logística pra levar esses animais,
na reabilitação pra soltura.
Eles passaram por exames de saúde pra
avaliar a presença de doenças
como tuberculose, raiva, herpes. Foi feito
todo preparo pra levá-los de volta
pra natureza”, diz.
A soltura faz parte do Projeto
Sapajus (Macaco-prego), do Ibama, iniciado
em 2009, na Paraíba, que destina animais
dessa espécie para ilhas, que limitam
o espaço de convivência, criando
um ambiente de semiliberdade. Um dos idealizadores,
o analista do Ibama e médico veterinário
Paulo Wagner, relata que, com essa, já
somam mais de 15 solturas, totalizando 250
animais devolvidos à natureza. Paulo
diz que a opção por ilhas em
áreas de proteção ambiental
tem o objetivo de proporcionar um ambiente
mais seguro para os animais. “Ali é
um local em que eles têm mais tranquilidade,
mais segurança, sem predadores. Depois
de muito tempo vivendo em celas, eles vão
viver um bom tempo nessas ilhas, num ambiente
natural de novo”, diz.
Os animais serão
monitorados durante três meses para
avaliar a adaptação ao local.
Segundo Paulo Wagner, como eles não
estão acostumados com a vida selvagem,
passam por um período de experimentação,
mas reaprendem a sobreviver de forma natural.
Ele diz ser importante que esses macacos não
tenham mais contato com humanos. “Algumas
pessoas acham que os animais vão passar
fome porque nas ilhas não há
frutas, mas, na verdade, na natureza eles
não se alimentam de frutas, eles comem
folhas, sementes, raízes, ovos, insetos,
essa é a alimentação
natural deles, é importante que ninguém
interfira”, afirma.
Parcerias com órgãos
públicos e empresas privadas foram
fundamentais para o sucesso do trabalho. Para
enfrentar o trânsito de Seropédica
até o Aeroporto do Galeão, no
Rio de Janeiro, quatro carros do Ibama, que
transportavam as 11 caixas com os animais,
foram escoltados pela Polícia Rodoviária
Federal. A unidade de negócios de carga
do Grupo LATAM Airlines no Brasil, a TAM Cargo
cedeu espaço para o transporte das
caixas em três voos comerciais que foram
do Rio de Janeiro à Teresina. E a Força
Aérea Brasileira realizou o restante
do trajeto de 300 km até o Aeroporto
da Companhia Hidroelétrica do São
Francisco (Chesf) em Guadalupe.
Os Centros de Triagem de
Animais Silvestres são locais especializados
em receber, identificar e fazer a destinação
apropriada de animais provenientes de resgates,
apreensões do tráfico e de entregas
voluntárias da população.
O Ibama possui 23 Cetas em todo o país.
Segundo o analista do Ibama e médico
veterinário, Daniel Neves, a primeira
opção de destinação
de animais é a soltura, mas em alguns
casos isso não é possível.
“A gente sempre tenta dar prioridade à
devolução dos animais pra natureza.
Em casos de isso não ser possível,
procuramos outros locais, como criatórios
ou zoológicos, locais onde podemos
colocar esse animal na melhor situação
possível, já que ele não
pode retornar para o ideal, que seria o habitat
dele”, diz.
Vinícius Mendonça
Ascom/Ibama
Fotos: RVasconcellos