LUCIENE DE ASSIS - A preservação
do tatu-bola, espécie que figura na
lista vermelha dos animais ameaçados
na categoria vulnerável, será
objeto de um Plano Nacional de Conservação
de Espécies
da Fauna Ameaçadas de Extinção.
A elaboração está a cargo
do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério
do Meio Ambiente (MMA) e deve estar concluído
até o final deste ano.
Existem, no momento, 44
planos de conservação de espécies
ameaçadas sendo implantados pelo ICMBio
em todas as regiões do Brasil, envolvendo
362 tipos de animais dos biomas marinho, Caatinga,
Cerrado, Amazônia, Pampa e Pantanal.
De acordo com o diretor de Pesquisa, Avaliação
e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio,
Marcelo Marcelino de Oliveira, a partir de
agora, a abordagem será territorial
para abranger o maior número possível
de espécies de todos os biomas: “Interessa-nos
atacar todas as pressões que levam
cada espécie ao risco de extinção,
por isso, a meta, agora, é fazer planos
territoriais e não mais por espécie”,
disse.
PATRIMÔNIO NATURAL
O tatu-bola (Tolypeutes
tricinctus) é uma espécie que
só ocorre na Caatinga e no Cerrado
brasileiros. “Este animal inspirou a escolha
do mascote da próxima Copa do Mundo
de Futebol, que começa em junho no
Brasil, e corre sério risco de desaparecer
da natureza”, alerta o secretário-executivo
da ONG cearense Associação Caatinga,
Rodrigo Castro. Ele é um dos defensores
do Projeto Tatu-Bola, marcando um gol pela
sustentabilidade”, lançado pela entidade
no início de 2012: “Com esse projeto,
buscamos direcionar uma parte da paixão
do mundo pelo futebol para salvar a espécie
da extinção e somente conseguiremos
isso se protegermos o valioso patrimônio
natural da Caatinga”, insistiu Castro.
Para o analista ambiental
da Secretaria de Biodiversidade e Florestas
do MMA João Arthur Soccal Seyffarth,
toda espécie ameaçada deve ter
um plano de conservação, que
visa melhorar seu estado de conservação
e, se possível, tirá-la da lista
de espécies ameaçadas. No caso
do tatu-bola, explicou, o MMA está
oferecendo apoio institucional ao projeto
da Associação Caatinga, facilitando
a articulação com parceiros
importantes e com o ICMBio para a elaboração
e implantação do Plano Nacional
de Conservação de Espécies
da Fauna Ameaçadas de Extinção,
que abrangerá este animal nos biomas
habitados por ele.
O objetivo principal do
Projeto Tatu-Bola, desenvolvido em parceria
com a The Nature Conservacy (TNC) e a União
Internacional para a Conservação
da Natureza (UICN), além da manter
a espécie na natureza, é apoiar
ações de pesquisa e a elaboração
de ações de implantação
do plano nacional de conservação
do animal. “Se nada for feito pela espécie,
ela corre o risco de desaparecer da natureza
nos próximos 50 anos e estima-se que,
na última década, 30% da população
remanescente tenham desaparecido”, alerta
Rodrigo Castro, da Associação
Caatinga. E insistiu: “Este projeto é
fundamental para reduzirmos o risco iminente
de extinção do tatu-bola”.