21 Fevereiro 2014 | Os alertas
de desmatamento na Amazônia Legal no
período de agosto de 2013 a janeiro
de 2014 sofreram uma queda de 19% em comparação
ao mesmo período
do ano passado. Os dados, divulgados nesta
sexta-feira (21), pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA), são do Sistema
de Detecção do Desmatamento
em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), baseado em
satélites e destinado a orientar a
fiscalização em campo, demonstrando
a tendência das taxas de desmatamento
ao longo de um período.
No período em questão,
os índices do Deter mostram que 1.162,50
km² teriam sido desmatados – algo como
116.200 campos de futebol –, enquanto no mesmo
período do ano anterior foram identificados
alertas numa área de 1.427,99 mil km².
De acordo com o MMA, o sistema identifica
áreas desmatadas superiores a 25 hectares
a partir de imagens de satélite. Nesse
sentido, o Deter funciona como um suporte
para a fiscalização. “Os dados
funcionam como uma análise da mudança
de paisagem da região amazônica,
que podem ocorrer por conta de questões
como desmatamento ou até queimadas”,
destacou em release do órgão.
Durante a coletiva de imprensa,
a ministra do Meio Ambiente (MMA), Izabella
Teixeira, ressaltou que há possibilidade
de parte dos alertas emitidos pelo Deter corresponderem
a ações legais de alteração
da paisagem, dentro dos moldes do novo Código
Florestal: “o fato de 68% dos alertas se encontrarem
em áreas de domínio estadual
quer dizer que esses dados podem, sim, dialogar
com a supressão legal de vegetação”,
afirmou. De acordo com o levantamento, os
outros 32% ocorreram em áreas de competência
federal como unidades de conservação,
terras indígenas e assentamentos.
De acordo com Marco Lentini,
coordenador do Programa Amazônia do
WWF-Brasil, a tendência de queda estimada
através do Deter deve ser vista com
precaução. “Estes dados precisam
ser validados, embora as notícias preliminares
sejam boas. Mas se nos basearmos no Prodes,
que é admitido como as taxas oficiais,
tivemos muito mais más notícias
do que boas no cômputo anterior. Em
qualquer dos cenários, o desmatamento
na Amazônia continua alto, o que sugere
que precisamos urgentemente avançar
em ações estruturantes como
a implementação em larga escala
do cadastro ambiental rural, de ações
de restauração florestal dentro
das propriedades privadas, e de assegurar
o cumprimento da lei ambiental e de ações
de ordenamento e de planejamento do uso do
solo, principalmente na produção
de commodities”.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Os dados do Deter apontam
para uma redução de alertas
em estados que tradicionalmente possuem altos
índices de desmatamento, como Mato
Grosso, Rondônia e Pará, enquanto
o Acre e o Tocantins tiveram aumento em comparação
aos índices anteriores, ainda assim
permanecendo com a segunda e a terceira médias
mais baixas da região, respectivamente.
O estado com menor número de alertas
em ambos os períodos é o Amapá.
A tendência de queda
estimada através do Deter deve ser
vista com precaução, pois ainda
é passível de validação.
As taxas de desmatamento da Amazônia
consideradas como oficiais pelo Governo Brasileiro
são as do Prodes, que trabalha com
imagens de melhor resolução
espacial capazes de mostrar também
os pequenos desmatamentos. No entanto, os
números apontados pelo Deter são
importantes indicadores para os órgãos
de controle e fiscalização.