Sexta, 28 Março 2014
- Cultura da soja: expansão
ameaça o bioma
Reunião discutirá diagnóstico
estratégico do bioma e traçará
possíveis cenários, tendo como
horizonte 2022 a 2030
RAFAELA RIBEIRO - A expansão
da fronteira agropecuária está
impactando diretamente o bioma Cerrado. O
tema será debatido em encontro que
acontecerá na próxima segunda-feira
(31/03), no Ministério do Meio Ambiente.
A reunião será pautada por um
diagnóstico estratégico elaborado
pelo Departamento de Zoneamento Territorial
(DZT), que buscou identificar os principais
vetores condicionantes do uso e ocupação
do bioma, além de levantar e mapear
os programas, planos e políticas públicas
que induzem a dinâmica territorial.
A principal finalidade é
orientar a tomada de decisões sobre
iniciativas e ações governamentais
na região. No contexto do Macrozoneamento
Ecológico-Econômico do Cerrado,
tendo como horizonte os anos de 2022 a 2030,
o MMA está elaborando cenários
prospectivos.
COMMODITIES
“O aumento da demanda por
commodities brasileiras e a necessidade de
diversificação da matriz energética
nacional a partir da expansão dos agrocombustíveis,
resultarão na expansão da fronteira
agropecuária, alterando significativamente
a escala e o perfil da produção
e impactando diretamente o desenho das redes
logísticas e o estágio de conservação
dos recursos naturais”, destacou o coordenador
da Gerência de Zoneamento Ecológico-Econômico
do DZT, Bruno Abe Saber Miguel. “Nessa perspectiva,
o Cerrado terá seu território
especialmente disputado e impactado, demandando
um planejamento que possa responder a essa
dinâmica por meio de estratégias
que pressuponham o uso racional de seus recursos.”
A partir da consolidação
do diagnóstico estratégico serão
elaborados cenários tendenciais e alternativos
preliminares para o Cerrado. Esses cenários
serão objetos de uma série de
oficinas nos estados da região para
seu aprimoramento, validação
e incorporação no MacroZEE do
bioma. “Dentre as variáveis relevantes
para a elaboração dos cenários,
serão consideradas, principalmente,
as tendências de uso da terra, os fluxos
econômicos e populacionais, a localização
das infraestruturas e a circulação
da informação, as taxas de desmatamento
e as necessidades de proteção
e conservação ambiental (água,
solo, fauna e flora)”, acrescentou Miguel.
“Também serão utilizados como
parâmetros os próprios cenários
já existentes de mudanças climáticas.”
O MacroZEE do bioma Cerrado
constitui ação estratégica
do Plano de Ação para Prevenção
e Controle do Desmatamento e das Queimadas
no Cerrado (PPCerrado) e conta com o apoio
financeiro da Iniciativa Cerrado Sustentável
(GEF Cerrado) em sua elaboração.