Ana Cristina Campos - Agência
Brasil29.04.2014 - 17h51 | Atualizado em 29.04.2014
- 21h00 - A vice-presidente do Grupo de Mitigação
do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), Suzana Kahn, disse
hoje (29) que apenas o emprego da tecnologia
não vai resolver os problemas decorrentes
das mudanças climáticas. Para
ela, se a humanidade quiser limitar o aumento
de temperatura a 2 graus Celsius até
2100, é preciso mudar o padrão
de consumo e de comportamento.
“A tecnologia pura e simples
não vai resolver o problema. Além
de ter que cortar profundamente as emissões
[de gases de efeito estufa], é preciso
que se mude radicalmente comportamentos e
padrões de consumo insustentáveis”,
disse ela, em audiência pública
na Comissão Mista Permanente sobre
Mudanças Climáticas, no Senado,
sobre o mais recente relatório do IPCC.
Uma das principais mensagens
da terceira e última parte do quinto
Relatório de Avaliação
do IPCC, divulgada em Berlim, na Alemanha,
no dia 13 de abril, é a necessidade
de uma profunda “descarbonização”
da geração de energia para estabilizar
a concentração de dióxido
de carbono até o final do século.
“O crescimento das emissões
de gases de efeito estufa foi o maior da história
em 2010 e 80% do aumento das emissões
se devem à queima de combustíveis
fósseis, o que torna a questão
do aquecimento global um problema de uso de
energia. O vilão é o modelo
de desenvolvimento [econômico] com um
consumo excessivo de energia e dos combustíveis
fósseis”, disse Suzana, uma das autoras
do documento.
A vice-presidente acrescentou
que as cidades são a maior fonte de
emissão de gases de efeito estufa e
serão as mais afetadas pelos os impactos
das mudanças climáticas. “As
cidades consomem mais da metade da energia
mundial e as áreas urbanas devem triplicar
entre 2000 e 2030.”
Pela importância das
cidades para o aquecimento global, os próximos
relatórios do Painel Brasileiro de
Mudanças Climáticas vão
focar em análises e diagnósticos
das cidades brasileiras entre 2014 e 2016,
informou Suzana, que também é
presidente do Comitê Científico
do painel brasileiro.