Notícia - 8 - abr
– 2014 - Sob pressão popular, P&G
recua e se compromete a erradicar o desmatamento
de sua cadeia produtiva
Após semanas
de protestos, a empresa Procter and Gamble
(P&G) se comprometeu com uma nova política
de não desmatamento que prevê
a rastreabilidade total da cadeia de produção
para excluir óleo de palma e derivados
provenientes da destruição florestal.
Este foi um importante passo para a proteção
das florestas da Indonésia e comunidades
que dela dependem. Mas para que esse anúncio
se transforme em ação, ainda
é preciso trabalho.
Aproximadamente 400 mil
pessoas enviaram seu recado a empresa para
mudar suas ações que colocam
em risco a vida de diversos animais como o
tigre-de-sumatra e o orangotango. Protestos
ao redor do globo chamaram a atenção
para a má conduta da P&G, inclusive
em sua sede internacional, na cidade de Cincinnati,
Estados Unidos, cujos ativistas participantes
enfrentam sérias e descabidas acusações.
Em resposta, a P&G se
comprometeu a remover o desmatamento de sua
rede de fornecimento de óleo de palma
até 2020. O acordo vai além
de critérios existente da Mesa Redonda
sobre Óleo de Palma Sustentável
(RSPO em inglês) e exige que os fornecedores
garantam que não haverá conversão
de turfeiras, que os direitos das comunidades
locais serão respeitados e que as áreas
de alto teor de carbono e alto valor de conservação
serão protegidas.
“A política recém
anunciada da P&G foi um passo importante
para que a empresa encerre a sua participação
na destruição das florestas
da Indonésia. No entanto a política
ainda não é perfeita, pois só
garantirá a completa rastreabilidade
da cadeia em 2020, permitindo desmatamento
por mais seis anos”, diz Areeba Hamid, da
campanha de florestas do Greenpeace internacional.
“O Greenpeace encontrou
evidências de fornecedores da P&G
como a Musim Mas e a KLK utilizando da prática
do desmatamento para produzir óleo
de palma. Isso mostra que a empresa precisa
tomar medidas urgentes em relação
a esses fornecedores problemáticos”,
afirma Hamid.
Um estudo publicado pelo
Greenpeace em fevereiro de 2014 mostrou diversas
violações cometidas por fornecedores
de óleo de palma da P&G, e isso
contribuiu para atingir quase meio milhão
e-mails enviados diretamente ao presidente
da empresa exigindo a mudança de postura
por parte da P&G.
A política de não
desmatamento anunciada hoje pela P&G segue
o mesmo caminho de outras empresas e fornecedores
como a L’Oreal, Colgate-Palmolive, Wilmar
e GAR que também se comprometeram a
limpar suas cadeias do desmatamento por óleo
de palma. O posicionamento dessas empresas
indica uma mudança significativa para
a indústria do óleo de palma,
que tem forte ligação com impactos
como a destruição florestal,
deslocamento de comunidades locais e destruição
de espécies raras e ameaçadas.
“A política da P&G
serve como mais um exemplo da transformação
da indústria do óleo de palma,
onde o consumidor demanda produtos livres
de desmatamento, exigência que chega
até os fornecedores desse produto,
que também precisam adotar políticas
urgentes de não desmatamento. E, dessa
forma, o óleo de palma responsável
vai rapidamente virando norma”, conclui Hamid.
+ Mais
Petróleo do Ártico
vai para França
Notícia - 28 - abr
– 2014 - O navio Mikhail Ulyanov transporta,
neste momento, uma grande controvérsia
rumo à Europa. A Gazprom, a gigante
petrolífera russa, negociou seu primeiro
carregamento de petróleo proveniente
da região do Ártico com a francesa
Total. Vale lembrar que o CEO da empresa,
Christophe de Margeria, declarou em 2012 evitar
a compra de óleo vindo do Ártico
visto as graves consequências de um
possível vazamento.
O carregamento atrai controvérsias
desde a semana passada, quando o presidente
russo Vladimir Putin, em entrevista ao vivo
com o chefe da Gazprom, aclamou a saída
do navio M. Ulynov do mar de Pechora rumo
à Europa. Putin declarou que o óleo
proveniente do Ártico vai impulsionar
a presença da Rússia no mercado
global de energia.
“O fato de a Rússia
achar um cliente como a Total fortalece o
jogo geopolítico do presidente Putin,
que já tem na manga contratos com a
Shell e BP para perfurarem a região
do Ártico. É preciso desestimular
essa atividade urgentemente, voltando a atenção
para energias limpas e mais eficientes”, explica
Ben Ayliffe, coordenador da campanha Salve
o Ártico.
Em setembro de 2012, o presidente
da Total declarou em entrevista ao jornal
inglês Financial Times que “o petróleo
da Groenlândia [região que faz
parte do Ártico] seria um desastre”
e completou que um vazamento poderia arruinar
a imagem da companhia.
Para Ayliffe, “a decisão
de comprar esse primeiro carregamento é
de total hipocrisia, uma vez que Christophe
De Margerie fica feliz em comprar produtos
cujo risco de operação recai
sobre outra empresa”.