Terça, 29
Abril 2014
Paulo de Araújo/MMA Força Tarefa
reunida: medidas exigem pressa
Força Tarefa reunida: medidas exigem
pressa
Nível do mar sobe alguns milímetros
por ano. Situação ainda não
preocupa especialistas
LUCIENE DE ASSIS
Até o dia 16 de maio, a Fundação
Getúlio Vargas de São Paulo
(FGV-SP) enviará à Secretaria
de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental (SMCQ) do Ministério do Meio
Ambiente (MMA) relatório contendo as
conclusões oferecidas pelos integrantes
da Força Tarefa da Zona Costeira para
o Plano Nacional de Adaptação
às Mudanças Climáticas
(PNA). O documento se baseia em mais de um
ano de discussões, consolidadas durante
oficina encerrada nesta terça-feira
(29/04), em Brasília. Representantes
da academia, pesquisadores, especialistas,
órgãos gestores e de gerenciamento
da informação estão preocupados
com as possíveis consequências
que as mudanças no clima possam acarretar
contra os 45 milhões de brasileiros
que moram no litoral.
O aumento do nível
das águas do mar é um dos elementos
estudados pelo grupo. De acordo com o gerente
de Geodésia e Cartografia do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Cristiano Francisco Orlando, que integra
a Força Tarefa, o monitoramento do
nível do mar começou a ser feito
pelo órgão há mais de
50 anos, ainda na década de 1960, no
litoral de Santa Catarina. “Constatamos que
o nível do mar vem subindo alguns milímetros
por ano, mas, por enquanto, isso não
é preocupante”, assegurou.
CONSTRUÇÃO
COLETIVA
A versão final do
documento, a ser consolidado pela FGV-SP,
conterá as prioridades identificadas
pelos especialistas e técnicos que
integram o grupo, além de indicar prazos
e propor ações. “Vamos sistematizar
todo o conteúdo das discussões,
contando como foi o processo de construção
coletiva e a participação de
todos os atores, objetivando subsidiar a elaboração
do Plano Nacional de Adaptação
às Mudanças Climáticas
(PNA)”, explicou a gestora de Relacionamento
e Mobilização do Centro de Estudos
em sustentabilidade da FGVSP, Maria de Toledo
Piza.
A primeira versão
do PNA deve estar concluída até
o final deste ano e será apresentada
aos integrantes do Comitê Interministerial
sobre Mudança do Clima (CIM), segundo
explicou a analista ambiental do Departamento
de Licenciamento e Avaliação
Ambiental da SMCQ, Mariana Egler. Até
o final de 2015, o CIM deverá aprovar
e publicar a versão final do PNA. “Trata-se
de um trabalho pioneiro e estruturante de
consulta a especialistas, elaborado em bases
participativas”, comemorou.
O plano de adaptação
às mudanças climáticas
levará em conta a fragilidade do ecossistema
costeiro, a potencial elevação
do nível do mar e a possibilidade de
ocorrência de eventos extremos, como
ondas gigantes e tornados, capazes de comprometer
a qualidade de vida de quem vive nas cidades
litorâneas. Para o diretor de Zoneamento
Territorial da Secretaria de Recursos Hídricos
e Ambiente Urbano (SRHU) do MMA, Adalberto
Sigismundo Eberhard, o plano tentará
prever essas ocorrências com base nos
conhecimentos científicos acumulados,
bem como preparar a sociedade para as consequências
desses eventos sobre as populações
costeiras, a economia e o meio ambiente”.
IMPACTOS
Entre as propostas concretas,
definidas pelos membros da Força Tarefa,
estão, também, a elaboração
de modelagens e simulações com
a finalidade de compreender a dinâmica
futura do mar em relação ao
continente e, em decorrência, estabelecer
critérios emergenciais governamentais
e não governamentais para enfrentar
as alterações climáticas,
segundo Eberhard. O professor do Instituto
de Oceanografia da Universidade de São
Paulo (USP) Alexandre Turra enumerou outros
três pontos, considerados por ele marcantes
e prioritários para o PNA: a geração
de informações atreladas às
demandas de gestão; o aprimoramento
do processo de gestão e de planejamento
costeiro integrado; e a necessidade de se
reduzir as pressões sobre o ambiente
costeiro, com a criação de unidades
de conservação para aumentar
a resiliência (capacidade de resistir
a pressões em situações
adversas) dos ecossistemas da costa.
De acordo com Turra, as
medidas devem ser implantadas no curto prazo,
pois a situação é preocupante
por conta das incertezas associadas ao tema
mudanças climáticas. O professor
da USP acredita serem necessárias a
adoção de medidas de precaução
emergenciais para reduzir possíveis
prejuízos, como a perda de vidas e
impactos negativos na economia e no meio ambiente.