9 de Agosto de 2007 -
Lúcia Nórcio - Repórter da Agência
Brasil - Curitiba - Estão detidos desde ontem (8),
na Polícia Federal (PF) de Curitiba, 23 pessoas
acusadas de extração ilegal de madeira no
assentamento Contestado na Lapa, do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
(Incra).
No local, que fica na
região metropolitana da capital paranaense, vivem
105 famílias. Segundo o Incra, uma rivalidade dentro
do assentamento fez com que algumas famílias denunciassem,
no final de julho, o corte ilegal de pinus e eucalipto,
as espécies mais exploradas na região.
Entre os detidos, estão
os proprietários da madeireira Camargo & Cordeira,
assentados, operadores das máquinas e motoristas
de caminhão. Eles prestaram depoimentos na PF ontem
à noite e agora ficam à disposição
da Justiça.
Segundo o chefe da comunicação
social da PF, Altair Menosso, eles foram presos em flagrante
e devem ser indiciados por furto qualificado, formação
de quadrilha e apropriação indébita.
Hoje, o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou uma nota
afirmando que os assentados envolvidos na retirada da
madeira fazem parte de um grupo minoritário, que
agia à revelia do movimento. “O MST defende a biodiversidade
e é contra o corte ilegal de madeira e o desmatamento
de florestas em assentamentos”.
O documento diz que os
responsáveis pela Camargo & Cordeiro fizeram
alguns assentados a assinar um "termo de aceite para
a venda da floresta de eucalipto do assentamento Contestado",
prometendo pagar até R$ 50 mil a cada família
pelo corte. De acordo com a nota, a empresa garantiu que
a retirada da madeira era legal e permitida pelo Incra.
Segundo o superintendente
regional do órgão no Paraná, Celso
Lisboa de Lacerda, são freqüentes as denúncias
sobre atitudes semelhantes em assentamentos do estado.