Porto Alegre (23/08/07)
- Duas equipes do Ibama começaram ontem (22) uma
operação de fiscalização de
madeireiras que trabalham com exportação
na região de fronteira do Estado (Argentina e Uruguai)
para verificar, entre outros aspectos do comércio,
a existência de madeiras de espécies com
comercialização proibida ou restrita, provenientes
principalmente da Amazônia como a castanheira e
cedro rosa.
Segundo o chefe da Divisão
Técnica do Ibama, Marcelo Machado Madeira, o Sistema
DOF tem mostrado que o Rio Grande do Sul é um grande
consumidor de madeiras tropicais da Amazônia, parte
da qual tem origem ilegal, como já revelaram outras
ações de fiscalização realizadas
pelos técnicos do Ibama/RS neste ano.
O aspecto positivo envolvendo
a fiscalização de espécies ameaçadas
de extinção, conforme ressalta o analista
ambiental Fernando Antônio Falcão, da Divisão
de Fiscalização do Ibama/RS, é que
após a implantação do sistema DOF
(Documento de Origem Florestal) em 1º de setembro
de 2006, agora é possível rastrear irregularidades
em toda a cadeia produtiva da madeira. ”O sistema detecta
a irregularidade e possibilita fiscalização
precisa na transportação de madeiras”, afirma
Falcão.
Uma prova disso é
que até o mês de abril de 2007 (e portanto
antes desta operação que está em
andamento), foram feitas no Estado 11 apreensões
de madeiras nobres (mogno, castanheira e imbuia) ameaçadas
de extinção.
O DOF é uma licença
eletrônica, com informações atreladas
a um código de barra específico para cada
documento emitido. Para acessar o sistema, a pessoa física
ou jurídica deverá estar inscrita no Cadastro
Técnico Federal junto ao Ibama e não ter
cometido irregularidades ambientais. Além disso,
as notificações e multas podem ser emitidas
tanto para o destinatário, para a transportadora
e até mesmo para o vendedor na origem, cujos principais
estados são o Pará, Rondônia e Mato
Grosso.
No Rio Grande do Sul,
o Sistema DOF foi adotado pelo Governo do Estado, mediante
a assinatura, no último dia 30 de abril, de um
Termo de Cooperação Técnica entre
o Ibama e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA).
A OPERAÇÃO
Hoje (23) as duas equipes
de fiscalização, formada por 11 servidores
do Ibama, estão simultaneamente em Uruguaiana e
Livramento coletando amostras nestas exportadoras e verificando
a documentação e, em pelo menos uma, já
encontraram castanheira vendida irregularmente sob o nome
de angelim (o que deverá ser comprovado posteriormente
por exames realizados em laboratórios).
Segundo Fernando Falcão,
essa operação deverá se estender
(em uma primeira etapa) até sexta-feira ou sábado
(seguindo também para Itaqui) e está vinculada
com as ações do Ibama desenvolvidas no âmbito
do Plano de Ação para a Prevenção
e Controle do Desmatamento da Amazônia, lançado
em março de 2004.
Ele destaca ainda outros
aspectos negativos no comércio de madeiras procedentes
da Amazônia como a utilização de mão
de obra barata e, ironicamente, um índice muito
grande de desperdício de material. “Assim como
no tráfico de animais onde se apenas dois entre
dez animais sobreviventes dão lucro, o comerciante
irregular também tem compensação
financeira elevada com a venda da madeira nobre e não
se importa em desperdiçar o produto”, compara.
Exatamente por este aspecto
o chefe da DITEC, Marcelo Machado Madeira, defende a necessidade
de mudanças de hábito do consumidor gaúcho
que acaba, mesmo sem querer, incentivando o desmatamento
na Amazônia ao comprar produtos sem origem legal.
Maria Helena Firmbach Annes