18 de Outubro de 2007
- Alessandra Bastos - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A Polícia Federal (PF)
desmontou hoje (18) uma organização criminosa
que extraía e exportava ilegalmente para os Estados
Unidos madeiras nobres, principalmente jacarandá-da-Bahia,
utilizada na fabricação de instrumentos
musicais. Dois policiais militares faziam parte do grupo.
Ao todo, 23 pessoas foram presas. A PF não divulgou
o nome do líder da organização, que
está preso.
Segundo a chefe da Delegacia
de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da
PF em Minas Gerais, Tatiana Torres, os presos podem responder
por dois crimes ambientais: manter estoque de madeira
irregularmente e retirar espécies em extinção
de floresta de domínio público. E também
por cinco outros crimes, chegando a 34 anos de reclusão.
De acordo com as tarefas
na organização, eles responderão
por contrabando qualificado, lavagem de dinheiro, uso
de documentação falsa, falsificação
de documentos e desobediência, no caso do líder
do grupo, que “tomou conhecimento de que o galpão
havia sido lacrado pelo Instituto Estadual de Florestas
de Minas Gerais e ainda assim mandava os empregados tirarem
o lacre e comercializassem a madeira que estava interditada”,
informou a delegada, que presidiu as investigações.
Tatiana Torres disse também
que o trabalho dos dois policiais militares era o de avisar
quando haveria fiscalização no galpão
onde era estocada a madeira. O grupo também cortava
a madeira sem documentação legal e utilizava
documentos e notas "frias" para fazer o transporte
a outros estados e acobertar parte da carga, com valor
inferior ao previsto.
A PF estima que nos últimos
quatro anos mais de 13 toneladas da madeira tenham sido
exportadas ilegalmente. O jacarandá-da-Bahia, por
estar em extinção, tem sua exportação
proibida.
O principal alvo da quadrilha era a Mata Atlântica
e a extração se concentrava, principalmente,
no sul da Bahia. Mas era feita também em outros
cinco estados – Minas Gerais, Espírito Santo, São
Paulo, Rio de Janeiro e Piauí – e no Distrito Federal.
A madeira era exportada do Espírito Santo e de
Minas Gerais, pelo correio ou em aviões.
Após cinco meses
de investigações, a operação
batizada de Wood Stock foi coordenada pela PF de Minas
Gerais e ocorreu simultaneamente no Brasil e nos Estados
Unidos, onde a agência de repressão aos crimes
ambientais, US Fish and Wildlife Service, monitorou as
remessas de madeira e executou os mandados judiciais na
cidade de Massachusetts.
No Brasil, 350 agentes
federais participam da operação com apoio
de 50 policiais militares de Minas Gerais e do Instituto
Estadual de Florestas.
A exploração
do jacarandá-da-Bahia está listada na Primeira
Convenção sobre Comércio Internacional
de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo
de Extinção (Cites), que regulamenta a exportação
e importação e facilitou a cooperação
entre os dois países.