Amanda Mota - Repórter
da Agência Brasil - Manaus - A Polícia Federal
anunciou hoje (30) em Porto Velho, Rondônia, a prisão
de 22 garimpeiros, além da apreensão de
armas, munição, ouro, mercúrio e
de 34 balsas e dragas usadas na extração
do minério no Rio Madeira. A ação
é fruto da Operação Iara, deflagrada
ontem (29) com o objetivo de conter a exploração
ilegal de ouro na região.
Segundo o superintendente
regional em exercício da Polícia Federal
em Rondônia, Marcelo Rezende, a operação
foi realizada inicialmente em duas localidades diferentes:
a primeira, a cerca de 25 quilômetros de Porto Velho,
seguindo o rio Madeira, e a segunda, a aproximadamente
180 quilômetros da capital, numa localidade conhecida
como Mutum-Paraná. Ele informou que as investigações
começaram há 30 dias, com o mapeamento dos
trechos onde se extraía ilegalmente ouro.
"Nos dois pontos
da operação, havia equipes de abordagem
em pequenas embarcações, mas com apoio em
terra, para chegar até as balsas e barcos. Com
isso, conseguiram fazer o flagrante dos responsáveis
e também de pessoas que estavam cometendo outros
tipos de crime, como porte ilegal de armas. As balsas
foram rebocadas para as margens dos rios, onde foram apreendidos
os bens", contou Rezende.
De acordo com Rezende,
uma decisão judicial expedida no Amazonas ordenou
a retirada de embarcações de toda extensão
do Rio Madeira. Os policiais iniciaram as investigações
depois de suspeitas levantadas pela grande concentração
de barcos na região. Rezende explicou que a medida
judical do Amazonas não era específica para
as áreas de garimpo, mas contribuiu para as investigações
no local. De acordo com a Polícia Federal, a rota
do ouro extraído ilegalmente começava em
Rondônia e ia até a Bolívia.
A Operação
Iara continua por tempo indeterminado com o patrulhamento
em outros trechos do rio. Dados da Polícia Federal
revelam que centenas de embarcações estão
operando irregularmente ao longo do Madeira. Outro problema
detectado é a utilização de mercúrio
para separar o ouro de outras substâncias existentes
no fundo dos rios. Os policiais informam que a
substância deixada nas águas prejudica o
meio ambiente e pode levar à morte peixes e plantas.
"Para separar o ouro
puro de outras substâncias encontradas no rio, os
garimpeiros utilizam o mercúrio numa reação
química que deixa conseqüências ao meio
ambiente, contaminando rios, peixes e plantas. O pior
é que o efeito é acumulativo. Os animais
se alimentam desses peixes, animais maiores também
comem esses peixes, e nós, seres humanos, no topo
dessa cadeia alimentar, também acabamos nos alimentando
de todos eles e nos prejudicando", ressaltou Rezende.
De acordo com a Superintendência
da PF em Rondônia, participam da Operação
Iara 69 policiais, sendo 29 de Rondônia e 40 de
outros estados. Dos 22 presos, 20 pagaram fiança
e foram liberados. Ainda assim, segundo a Superintendência
não está descartada a possibilidade de mais
prisões.