Recife (7/11/2007) – Um
empresário preso e oito empresas do pólo
gesseiro da Chapada do Araripe foram lacradas em uma operação
inédita para combater o desmatamento na caatinga.
A Operação Mata Branca foi desencadeada
hoje pelo Ibama e Polícia Federal, com a participação
da delegacia Regional do Trabalho e da Polícia
Rodoviária Federal. A equipe fiscalizou ao todo
12 empresas e apreendeu lenha e equipamentos.
As empresas interditadas
estavam devastando a caatinga pelo uso de lenha, retirada
sem plano de manejo. “Se nada for feito, em dez anos,
esse rico bioma terá perdido 70% de sua área”,
advertiu o diretor de Proteção Ambiental,
Flavio Montiel.
Ano passado, a Superintendência
do Ibama em Pernambuco e três entidades representativas
do setor gesseiro pactuaram um Termo de Ajustamento de
Conduta, em que as empresas se comprometiam a passar a
operar dentro dos requisitos ambientais, num prazo de
um ano.
Antes do acordo, apenas
10% das empresas atuavam de forma regular. Hoje, com o
fim do prazo de vigência do termo, essa taxa cresceu
para 30%. “Já é um avanço, mas a
fiscalização será intensa para as
empresas que descumpriram o acordo reconhecerem a necessidade
de se regularizarem. Quem usar lenha vai ter que dizer
de onde ela vem”, afirmou o superintendente do Ibama de
Pernambuco, João Arnaldo Novaes.
As empresas devem usar
lenha de manejo florestal para garantir a sustentabilidade
da atividade. Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco
mostra a eficácia do manejo florestal no bioma
da caatinga que tem uma enorme capacidade de se regenerar.
Porém, da forma como vem sendo feito, grandes áreas
já se apresentam em processo de desertificação
com perda da capacidade regenerativa.
Para o diretor de Proteção
Ambiental do Ibama, os planos de manejo custam muito pouco
em relação ao beneficio ambiental que produzem.
Flávio Montiel disse ainda que “os instrumentos
de controle estão se sofisticando e possibilitando
maior agilidade na apuração dos ilícitos
ambientais, como o sistema de detecção de
desmatamento na Amazônia em tempo real, o Deter,
e o Documento e Origem Florestal-DOF, que, dentre outras
coisas, permite mapear o transporte da madeira comercializada
no país.
O Deter, por exemplo,
contribuiu para reduzir a taxa desmatamento da Amazônia
em 65% nos últimos três anos. Desde 2004,
o Ibama planeja suas operações de combate
ao desmatamento com base no Deter, um sistema pioneiro
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), no âmbito do Plano de Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM).
O Ibama recebe as imagens de satélite e gera um
Boletim Indicativo de Desmatamento, com as coordenadas
da área, nome do proprietário ou, no caso
de terra pública, a identificação
se é terra indígena ou unidade de conservação.
O fiscal vai a campo com informações precisas
de onde ocorre o desmatamento.
Janete Porto
Ibama/Sede
Fotos: Leonardo Felipe