Porto Alegre (27/03/07) - Na sexta-feira (23/03), em uma
operação conjunta do Ibama/RS e da Prefeitura
Municipal, com apoio da Brigada Militar, foram apreendidos
mais de uma tonelada de pinhão no Distrito de Cazuza
Ferreira, em São Francisco de Paula (distante 112
quilômetros de Porto Alegre, na região serrana).
A colheita, transporte e comercialização do
produto só são permitidos a partir do dia
15 de abril, conforme legislação federal de
1976 (Portaria Normativa DC-20/1976).
Segundo a analista ambiental Edenice
Ávila de Souza, a medida visa impedir que as pinhas
imaturas sejam recolhidas, pois além de serem impróprias
para consumo, as primeiras sementes devem ser reservadas
para consumo da fauna silvestre, além de permitir
o recrutamento de novas plântulas de araucária
(a dispersão das sementes para que possam nascer
novas árvores). A multa prevista varia de R$ 100,00
(cem reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por quilo ou
unidade (saco de pinhão ou pinha), conforme artigo
32 do Decreto 3.179/1999, que regulamenta a Lei de Crimes
Ambientais (Lei 9.605/1998).
Pela manhã foram feitas barreiras
na Rota do Sol, na localidade de Lajeado Grande, pois
parte do pinhão colhido no município é
levado para outros centros consumidores, como Caxias do
Sul. Foi distribuído material informativo, principalmente
para os motoristas de caminhão, alertando sobre
a legislação e a necessidade de nota fiscal
do produto. O uso do talão de produtor para expedição
de nota fiscal é uma forma de tentar coibir o roubo
de pinhão por pessoas desautorizadas, que invadem
as propriedades rurais, causando uma série de transtornos,
tanto ambientais como de segurança patrimonial
e pessoal dos residentes na área rural.
Para comercializar este recurso natural
o interessado deve, além de respeitar a legislação
e não colher pinhas imaturas em qualquer época,
ter a autorização do proprietário
das araucárias e/ou nota fiscal, comprovando a
origem legal do produto. A operação continuou
à tarde no Distrito de Cazuza Ferreira e contou
com apoio da Brigada Militar, de dois fiscais da Receita
Municipal e da analista ambiental Edenice Ávila
de Souza da Floresta Nacional de São Francisco
de Paula, Unidade de Conservação de Uso
Sustentável, administrada pelo Ibama/RS.
Ao todo foram apreendidos 670 quilos
de pinhas e 460 quilos de pinhão, totalizando 1130
quilos de material, que será todo devolvido à
mata nativa, para consumo pela fauna silvestre, inclusive
porque mais de 90 % do material está verde. O pouco
que estiver próprio para consumo, após o
dia 15 de abril, poderá ser doado à instituição
beneficente do município, como foi feito no ano
passado, documentado com termo de doação.
A fiscalização deverá ter continuidade
nas demais localidades e na sede do município verificando
a origem do pinhão através de nota de produtor
e buscando, dessa forma valorizar tanto o produto legal,
como os proprietários destas áreas, para
que continuem sendo preservadas, e valorizando as matas
de araucárias.
Maria Helena Firmbach Annes