Santarém (25/01/08)
- Fiscais da Gerência do Ibama em Santarém,
com apoio da Polícia Militar do Pará, apreenderam
cinco caminhões com madeira ilegal e um trator
em Uruara, no oeste paraense. Quarta-feira (23) dois caminhões
carregados de madeira serrada foram flagrados na zona
urbana e três caminhões e um trator de pneus
foram encontrados no Projeto de Desenvolvimento Sustentável
(PDS) Santa Clara no mesmo município na terça-feira
(22). As ações de fiscalização
fazem parte da Operação Rastro Verde, que
busca mapear o caminho da madeira ilegal da extração
aos centros consumidores.
Chegando à área
do PDS, a cerca de150 km de Santarém, os fiscais
depararam com três caminhões e o trator,
que tentava desatolar um dos caminhões carregados
com toras de Ipê, espécie de alto valor comercial.
A madeira seguiria para Uruará, distante cerca
de 80 km. Ao perceberem a chegada da fiscalização
os ocupantes dos veículos correram para dentro
da mata, abandonando os bens, no intuito de dificultar
a fiscalização e evitar a condução
dos caminhões e do trator para o Ibama. A equipe
acionou o Ibama em Santarém para levar motoristas
para conduzir os bens e produtos apreendidos. Imediatamente
seguiu para o local uma equipe de apoio do Ibama, com
três motoristas cedidos pelo 8º Batalhão
de Engenharia e Construção do Exército
Brasileiro
Após a verificação
dos bens e preparativos para a condução
do comboio pela equipe de apoio, a equipe de fiscalização
seguiu para Uruará, onde apreendeu ontem dois caminhões
e uma carreta tipo julieta, carregados de madeira serrada
sem licença válida para o transporte, ou
em desconformidade com a mesma. A equipe realizará
vistorias em pátios de madeireiras, fiscalizações
em áreas de extração e barreiras
móveis.
A equipe de apoio enfrentou
dificuldades para conduzir os bens apreendidos no PDS
Santa Clara para Santarém. As péssimas condições
da rodovia PA 370 (estrada de terra que liga Santarém
a Uruara), somadas a muita chuva, causaram vários
atolamentos, e um dos caminhões carregados chegou
a tombar. O comboio levou cerca de cinco horas para vencer
os 15 km em piores condições, próximo
ao local da apreensão, gastando cerca de doze horas
no trajeto do PDS a Santarém.
As treze toras de madeira
que os caminhões carregavam tiveram que ficar às
margens da estrada que corta a floresta, nos locais onde
ocorreram os problemas, distantes de qualquer morador,
para que os caminhões e o trator pudessem chegar
a Santarém. A apreensão dos três caminhões
e do trator significa que no mínimo treze toras
(cerca de três árvores) deixarão de
ser retiradas ilegalmente da floresta por dia que os veículos
ficarem apreendidos.
O PDS Santa Clara é
um dos 99 assentamentos do INCRA suspensos pela Justiça
Federal no oeste do Pará, devidos a falta de licenciamento
ambiental, entre outros problemas em sua criação.
Vários dos assentamentos suspensos foram criados
sobre áreas de florestas primárias, o que
é objeto de diversas críticas. A exploração
e o transporte ilegal de madeira na área do PDS
Santa Clara são alvos de dezenas de denúncias,
inclusive na Linha Verde do Ibama (0800618080).
Toda a cadeia da exploração
de madeira ilegal gera prejuízos incalculáveis
ao país. A madeira extraída irregularmente
geralmente é roubada de terras públicas
ou de Unidades de Conservação, e está
diretamente relacionada com uma série de ilegalidades
entre as quais a exploração de trabalho
em condições degradantes ou análogas
à escravidão, a grilagem de terras e sonegação
fiscal, não contribuindo para o desenvolvimento
regional, mas configurando um verdadeiro saque às
nossas riquezas naturais.
Christian Dietrich
Ascom/Ibama/Santarém
Foto: Vanderlei da Silva Santos e Christian Dietrich