Porto Alegre (11/04/2008)
- O Ministério Público Federal, (no âmbito
da ação penal) ofereceu denúncia
contra 11 pessoas, acusadas de se associarem em quadrilha
para a prática de crimes ambientais. A condenação
é o resultado direto da Operação
Trinca-Ferro*. A ação de fiscalização
realizada em 2005 pelo Ibama, Polícia Ambiental
da Brigada Militar e Polícia Federal, conseguiu,
pela primeira vez, que uma ação de combate
ao tráfico de animais silvestres fosse caracterizada
como formação de quadrilha além de
prender os responsáveis e promover uma ação
integrada em cinco estados.
Segundo a sentença
do juiz Federal Substituto Rafael Lago Salapata, a finalidade
da associação entre os denunciados era o
tráfico internacional de animais do Brasil para
a Argentina e vice-versa. “Os animais comercializados
eram das mais diferentes espécies: trinca-ferro,
arara, bico de pimenta, cardeal, papagaio, tucano, bico
de lacre.” Contudo, os pássaros comercializados
pelos acusados não eram anilhados, uma vez que
eram trazidos da Argentina. Segundo o juiz, a fim de burlar
a fiscalização do Ibama, os acusados adquiriam
anilhas falsas ou usavam anilhas de pássaros mortos.
A investigação
conjunta revelou que a quadrilha agia da seguinte forma:
os animais eram adquiridos na Argentina e vendidos para
outros integrantes do bando. Esses, por sua vez, também
vendiam animais entre si.
Foram descobertas quatro
quadrilhas que tinham como finalidade cometerem crimes
ambientais, em diferentes cidades brasileiras: Santa Rosa,
Belo Horizonte, Camboriú e Itajaí (as duas
últimas em Santa Catarina). Uma destas quadrilhas
atuava mais especificamente no sul e sudeste do país.
Um exemplo é que
em 14/12/05 na cidade de Santa Rosa/RS, foi descoberto
um cativeiro com espécies da fauna silvestre provenientes
de criadouros não autorizados e sem licença
ambiental.
Ainda de acordo com a
sentença do juiz, através de escutas telefônicas
foi constatado que “os interlocutores não eram
pessoas ingênuas, bem como que não negociavam
espécies exóticas, mas animais silvestres
da fauna brasileira e Argentina. Não há
dúvidas de que os envolvidos não estavam
apenas intermediando “trocas” regulares entre criadores
autorizados, tendo em vista que nas conversas interceptadas
não há qualquer menção a tais
criadores, nem a defesa logrou êxito em demonstrar
documentalmente a regularidade de tais transações”,
afirma o juiz.
Apesar da dimensão
do problema (o tráfico de animais), a fiscalização
do Ibama/RS vem alcançando bons resultados, como
comprova o da Operação Trinca-Ferro. Segundo
o responsável pela Divisão de Fiscalização
da Superintendência do Ibama no Rio Grande do Sul,
Fernando Falcão, o Instituto vem concentrando suas
ações com relação à
fauna, em especial no que se refere aos passeriformes,
em quatro alvos específicos: fiscalização
de criadores e criatórios; em torneios de cantos
de pássaros; atendimento de denúncias e
operações específicas.
*Além de passeriformes
a operação Trinca Ferro apreendeu também
sagüis (procedentes de São Paulo e Bahia),
jabutis (Argentina) e tartarugas tigre d’água.
Maria Helena Annes
Ascom/Ibama/RS