Carla Lisboa - Brasília
(05/03/2009) – Mais de 500 pessoas foram impedidas de
visitar áreas interditadas e pelo menos 30 foram
retiradas de locais fechados à visitação
no Parque Nacional (Parna) da Chapada dos Guimarães
durante a semana do carnaval. Os agentes do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), em conjunto com os do Ibama, também autuaram
quatro empreendimentos por infrações ambientais
e notificaram outros quatro para apresentar documentação
comprobatória de licenciamento tanto para funcionamento
como para construções no interior da unidade.
A Operação
Carnaval 2009 ocorreu entre os dias 21 e 25 de fevereiro
a fim de impedir o acesso de turistas aos pontos interditados
do Parna e identificar infratores ambientais. As quatros
autuações geraram multas que ultrapassam
os R$ 700 mil. Vários locais, como o Circuito das
Cachoeiras, a cachoeira Véu de Noiva e a Cidade
de Pedra, estão interditados desde o ano passado
por não oferecem segurança aos visitantes.
Nessas áreas, grandes blocos de pedra podem desabar
e pôr em risco a vida dos visitantes. Em abril de
2008, um bloco do paredão da cachoeira Véu
de Noiva desabou, durante um feriado, e feriu gravemente
várias pessoas, matando uma delas.
Os gestores do Parna informam
que no Circuito de Cachoeiras e na Cidade de Pedra, há
também risco de desmoronamento de grandes blocos.
Os cerca de 40 quilômetros de extensão de
paredões do parque nacional é constituído
de rochas de arenito e com grandes possibilidades de desabamentos.
Pedras soltas e outros tipos de problemas que podem gerar
os derruimentos foram detectados nos pontos mais altos
da região, os quais são muito procurados
pelos visitantes por oferecerem uma bela e abrangente
visão das veredas e do cerrado, que compõem
a paisagem cênica do vale do rio Claro.
Os turistas, segundo informa
o chefe do Parna, Cecílio Vilabarde Pinheiro, buscam
o local para ter uma visão ampla do vale. A cena
privilegiada possibilita visualizar até Cuiabá
no horizonte, além das formações
rochosas em forma de ruínas da Cidade de Pedra:
uma região marcante pela visão dos paredões
recortados e pelas formações rochosas.“Contudo,
os arenitos são rochas muito frágeis que
se partem com facilidade, como o nome diz, o componente
principal é a areia”, explica Pinheiro. Essa área,
segundo ele, é a preferida dos visitantes que acessam
até a borda dos paredões.
Os desabamentos são
fenômenos naturais na região e típicos
das formações rochosas da Chapada dos Guimarães.
“Recentemente, houve um desabamento na região do
rio Claro, próximo à Cidade de Pedra, e
outro na localidade do Portão do Inferno – um cânion
profundo sobre o qual há um viaduto da rodovia
MT-251. Além disso, pequenos desmoronamentos são
comuns na região. As rochas soltam-se com freqüência
em pequenos blocos, mas os pequenos desabamentos passam
desapercebidos”, avisa o chefe da unidade.
O Rio Paciência,
por sua vez, foi interditado para recuperação
das áreas degradadas. Segundo Pinheiro, durante
o período da fiscalização, a equipe
encontrou rastros de bicicleta nas trilhas e concluíram
que antes do carnaval algumas pessoas acessaram os locais
proibidos.
Cerca de 30 pessoas que
entraram na unidade sem autorização e acessaram
as áreas interditadas foram obrigadas a saírem
do parque. Pinheiro disse que a rodovia estadual Emanuel
Pinheiro, MT-251, que liga a cidade de Chapada dos Guimarães
a Cuiabá, é um fatores que facilitam a entrada
clandestina de pessoas no Parna: “Ela corta o parque do
quilômetro 26 até o 52, ou seja, 26 quilômetros
margeiam o parque”, afirma.
Além da estrada,
o parque fica a 10 quilômetros de Chapada dos Guimarães
e a 26 da cidade de Cuiabá. A proximidade com as
duas cidades faz com que a população de
Cuiabá e região busque a unidade de conservação
e a cidade de Chapada dos Guimarães para descanso
e lazer, sobretudo, nos fins de semana e nos feriados.
“A cidade de Chapada dos
Guimarães é típica de veraneio. Trata-se
de um local com clima mais agradável, ameno. Ela
é muito procurada para descanso de fim de semana,
férias, além de ter um carnaval tradicional.
Além disso, fica a 62 km de Cuiabá. Esse
percurso, em dias normais, é feito em média
em 50 minutos. Nos fins de semana, o fluxo de veículos
aumenta consideravelmente”, diz Pinheiro.
Na avaliação
do chefe do Parna, a Operação Carnaval foi
eficiente, principalmente, porque as equipes do ICMBio
e do Ibama se anteciparam à chegada dos visitantes
aos locais fechados e, assim, puderam avisar a todos sobre
as regras de uso e os motivos de fechamento de algumas
áreas do parque.
Ascom/ICMBio