Brasília (11/03/2009)
– Uma operação para verificar desmatamento
na região da Floresta Nacional (Flona) de Itacaiunas,
no Pará, realizada entre os dias 9 e 15 de fevereiro,
descobriu 179 hectares de floresta nativa destruídos,
a existência de garimpo e uma rede para transmissão
de energia no interior da floresta. O analista ambiental
do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) e chefe da Flona, Edilson Esteves,
afirma que o desmatamento pode gerar R$ 1,9 milhão
em multas para os infratores.
Apesar de a fiscalização
ter sido executada a pedido do Ministério Público
Federal (MPF) de Marabá para detectar desmatamentos
em nove áreas, a equipe do ICMBio que participou
da operação conseguiu vistoriar apenas quatro
em virtude das condições de acesso à
região. Esteves disse que novas vistorias serão
planejadas para atender à solicitação
do MPF, que se baseou em dados de satélites enviados
pelo Imazon para pedir a vistoria.
Intitulada Operação
Flona Verde, a vistoria identificou ainda assoreamento
de cursos d'água provocado pela derrubada e queima
da vegetação nativa para plantio de pastagens
e introdução de gado. No entendimento de
Esteves, “as unidades de conservação brasileiras
representam um constante desafio para seus gestores, uma
vez que as complicações variam de região
para região e de unidade para unidade”, afirma.
O chefe da Flona diz que
Itacaiunas é um exemplo de unidade que desde a
criação sofre com as ações
antrópicas. Segundo ele, as equipes do instituto
que atuam nas unidades de conservação da
região enfrentam várias dificuldades para
acessar os locais ameaçados e destaca as grandes
distâncias a serem percorridas em estradas sem pavimentação
como um dos principais problemas. “Com isso algumas ações
impactantes, como desmatamento, podem se instalar sem
a identificação em tempo real”, informa.
Elaborada por Esteves,
a Operação Flona Verde envolveu a participação
de vários analistas ambientais do ICMBio e agentes
da Polícia Federal. Os servidores do instituto
fizeram uma espécie de mutirão para materializar
a vistoria e contaram com o chefe da Área de Proteção
Ambiental (APA) Igarapé do Gelado, Manoel Delvo
Bezerra dos Santos, como coordenador do trabalho. O chefe
da Flona do Tapirapé-Aquirí, Amarílio
Coutinho Fernandes, e a analista ambiental da Reserva
Biológica (Rebio) Tapirapé, Patrícia
Farina, atuaram como apoio.
Três guardas florestais
da Companhia Vale do Rio Doce também participaram
da operação por causa do conhecimento que
eles têm da região. Antes da vistoria por
terra, a equipe sobrevoou a região e avistou o
garimpo. “Não conseguimos acessar por causa das
condições das estradas, mas suspeitamos
que se trata de garimpo de cobre”, afirma Edilson Esteves.
A equipe constatou, durante
o sobrevoo, a existência de uma rede de transmissão
de energia, com postes e fios para eletrificação
rural, passando sete quilômetros dentro da unidade
e 38 quilômetros na área de entorno. Eles
localizaram também supressão de vegetação
em Área de Preservação Permanente
(APP), região não solicitada pelo MPF, mas
que está situada no entorno da unidade de conservação.
Ascom/ICMBio